Além de dar fixação para a planta, o sistema radicular é responsável por absorver água e nutrientes do solo. Para tanto, visando a obtenção de boas produtividades da soja, é essencial que o sistema radicular da planta consiga explorar um vasto volume de solo, nas diferentes camadas, possibilitando a absorção de água e nutrientes no perfil do solo.
Além disso, um vasto sistema radicular é fundamental para possibilitar a maior absorção de água, garantindo maior estabilidade produtiva em pequenos déficits hídricos. Além das limitações químicas (acidez do solo e alumínio tóxico), um dos principais fatores responsáveis por limitar o crescimento do sistema radicular da planta é a compactação do solo.
Diversos estudos já relataram a influência da compactação do solo sobre a produtividade da soja. Conforme observado por Beulter & Centurion (2004), reduções de produtividade da soja já podem ser observadas sob resistência do solo à penetração, a partir de 0,85 Mpa, demonstrando que a compactação do solo influi significativamente na produtividade da soja.
Figura 1. Produtividade da soja em função da compactação do solo (resistência do solo à penetração).
Indo mais além, um estudo desenvolvido por Savioli et al. (2021), avaliando a influência de diferentes níveis de compactação do solo, tendo como parâmetro a densidade do solo (Ds), sobre parâmetros vegetativos e rendimento da soja, observaram que a medida em que ocorre o aumento da compactação, não só o rendimento é prejudicado, como também os componentes vegetativos da soja.
Os autores analisaram os níveis de densidade do solo de 1,1; 1,2; 1,3; 1,4 e 1,5 g cm-3. Conforme resultados obtidos pelos autores, como esperado, os maiores danos foram observados no sistema radicular das plantas, principalmente se tratando do comprimento de raízes, massa seca e diâmetro (tabela 1).
Tabela 1. Valores médios das características gerais das raízes de soja após a colheita das plantas dos vasos em função da densidade do solo.
Figura 2. Vista das raízes de acordo com os tratamentos T1, T2, T3, T4 e T5, representando respectivamente (da direita para esquerda) as densidades 1,1; 1,2; 1,3; 1,4 e 1,5 g cm-3.
Com relação a produtividade da soja, os tratamentos com maior compactação, com valores de Ds de 1,3; 1,4 e 1,5 g cm-3, apresentaram menores rendimentos de grãos quando comparados aos tratamentos com menor compactação (Ds 1,1 e 1,2 g cm-3) (Savioli et al., 2021).
A regressão linear realizada pelos autores demonstra que, quanto mais compactado o solo estiver, menor será a massa seca dos grãos e, em conjunto, menor será a sua produtividade, sendo que, a partir de densidades de 1,2 Mg m-3, já é possível observar redução significativa, principalmente com relação a massa de grãos de soja.
Figura 3. Regressão linear simples dos dados de massa seca de grãos de soja em função da densidade de solo (1,1; 1,2; 1,3; 1,4 e 1,5 g cm-3).
Tabela 2. Parâmetros vegetativos finais de plantas de soja em função da densidade do solo.
Savioli et al. (2021) concluem que valores de densidade do solo de1,3 g cm-3 ou superior já restringem o desenvolvimento do sistema radicular da soja, podendo impactar negativamente a produtividade da cultura, afetando não só a produção de soja, como também, características vegetativas das plantas.
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Referências:
BEULTER, A. N.; CENTURION, J. F. COMPACTAÇÃO DO SOLO NO DESENVOLVIMENTO RADICULAR E NA PRODUTIVIDADE DA SOJA. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.39, n.6, p.581-588, jun. 2004. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/pab/v39n6/v39n6a10.pdf >, acesso em: 20/06/2023.
SAVIOLI, M. R. et al. COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA SOJA SOB NÍVEIS DE COMPACTAÇÃO DO SOLO. Acta Iguazu, Cascavel, v.10, n.2, p. 1-12, 2021. Disponível em: < https://e-revista.unioeste.br/index.php/actaiguazu/article/view/26312/17560 >, acesso em: 20/06/2023.