Os preços do trigo estão elevados, não só no Brasil, mas em todo o Mundo. Na Argentina estão 27,28% mais altos do que na mesma semana do ano passado; em Chicago estão 9,44% mais altos e no Brasil, mesmo considerando a queda dos últimos 30 dias, ainda estão 46,74% mais altos no Paraná e 82,43% no Rio Grande do Sul, superando, pela primeira vez em 30 anos, os custos totais de produção, como acontece com a soja e o milho.

A grande pergunta é: os preços poderão subir mais?

O acompanhamento diário feito pelos analistas da TF Agroeconômica mostra que sim. O Rio Grande do Sul, onde os preços estão ao redor de R$ 1.380,00 CIF, já está recebendo as primeiras 30 mil toneladas das 120 mil já encomendadas de trigo importado, a preços que superam os R$ 1.500,00/t CIF moinhos.

E as perspectivas são de preços pelo menos acima de R$ 1.460,00 CIF de janeiro para diante até R$ 1.600,00 em julho, segundo a conversão diária feita pelos técnicos da TF e apresentados em nossa tabela 13 abaixo. Veja os fatores de alta e de baixa presentes hoje no mercado:

FATORES DE ALTA

Internacionais

  • a) A demanda internacional ativa continua, absorvendo a boa disponibilidade e fornecendo suporte aos bons níveis de preços atuais. Mesmo com a queda de 5% desta semana as cotações de Chicago ainda estão 9,44% acima da mesma semana do ano passado.
  • b) Os preços do trigo argentino estão 27,18% mais altos a US$ 248/t, para janeiro, contra US$ 195/t da mesma semana do ano passado.

Nacionais

  • a) Pouca disponibilidade interna: o RS precisará comprar cerca de 260 mil toneladas de trigo importado para completar sua necessidade de moagem (se mais nada sair do estado), SC precisará comprar ainda mais 250 mil tons fora do estado e o PR deverá comprar as tradicionais 300 mil tons do Paraguai, para compensar o que sai do estado. De São Paulo para cima, os moinhos continuarão a se abastecer com trigo importado. Para os analistas da TF Agroeconômica, além da “quota Brasil” ao redor de 6,0 MT, muito provavelmente o Brasil comprará mais 1,1-1,2 milhões de tons de trigo argentino extra para completar a sua necessidade neste ano;
  • b) Os preços destes trigos importados serão regidos pelo dólar, naturalmente, que está caindo. Mas, nesta semana o JPMorgan projetou que o dólar subirá gradativamente para 5,30 reais ao fim do segundo trimestre de 2021 (março) e para 5,35 reais (junho) e 5,40 reais (setembro) nos trimestres posteriores. Também o Morgan Stanley vê o dólar em 5,30 reais ao fim tanto de 2020, quanto de 2021. Por outro lado o Bradesco projeta dólar de 5,00 reais ao fim de 2021 e Selic de 4%, o dobro do patamar atual (ver CÂMBIO, abaixo).
  • c) O resultado é que os preços do trigo não deverão baixar, como mostramos na tabela 13 abaixo, atualizada diariamente, que toma os preços reais atuais para o período de janeiro a julho e começa em R$ 1.460,00 posto moinhos do Sul do país em Janeiro e vão até R$ 1.600,00 em julho, mesmo com o dólar a R$ 5,12, como aconteceu hoje. Sem falar na possibilidade de os preços subirem para US$ 300,00/t aventada no último Congresso da Abitrigo. Porque, embora haja ampla oferta no Hemisfério Norte, o Mercosul tem uma dinâmica própria de preços, diferente do resto do mundo, apenas levemente afetada por ele.

FATORES DE BAIXA

Internacionais

  • a) Cenário de ampla oferta mundial condiz com o mercado, diante de perspectivas de boa produção na Austrália, Canadá, França, Ucrânia. Além disso, a Rússia aumentaria sua participação nas exportações;
  • b) Chicago caiu 5% nesta semana.

Nacionais

  • a) Preços caindo em novembro e dezembro, por excesso de oferta com o término da colheita, necessidade de pagar o banco e liberar espaços para o milho e a soja;
  • b) Dólar mais baixo reduz o preço final das farinhas argentinas que começam a concorrer com as farinhas do Paraná.

Recomendação da consultoria

Os consultores voltam a dizer o que estamos repetindo desde outubro: “A melhor aplicação dos lucros da soja e do milho obtidos neste ano será pagar a conta do trigo, cujos preços deverão subir mais no primeiro semestre de 2021 do que qualquer aplicação financeira possível”.



Fonte: T&F Agroeconômica

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