O controle de plantas daninhas com o uso do glifosato, é amplamente difundido tanto no período pré-semeadura quanto no período de pós-emergência na cultura da soja. Entretanto, em algumas ocasiões, efeitos visuais podem ser observados em soja, dependendo do estádio em que esse herbicida é aplicado, condições ambientais e dose do produto.
O glifosato atua inibindo a síntese de aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina e triptofano) em plantas que possuem o ciclo do ácido chiquímico atuando na enzima precursora EPSPs (5 enolpiruvilchiquimato-3-fosfato sintase), evitando a transformação do chiquimato em corismato (Perozin et al., 2018).
Diversos estudos têm sido desenvolvidos buscando quantificar a interferência do glifosato na produtividade e atributos fisiológicos das plantas de soja, ora encontrando resultados que demonstram efeitos negativos, ora não. Contudo, um fenômeno é frequentemente relacionado ao uso do glifosato em soja, trata-se do amarelecimento dos folíolos ou “Yellow flashing” (figura 1) como é popularmente conhecido.
Figura 1. Sintomas típicos de Yellow flashing em soja.
O Yellow flashing se assemelha aos sintomas de deficiência de manganês (Mn) em soja, o que fez surgir dúvidas referentes a relação do uso do glifosato com a deficiência de Mn em soja. Os sintomas da deficiência de Mn na planta, caracterizam-se pela clorose internerval das folhas, permanecendo as nervuras verdes-escuras.
Figura 2. Sintomas de deficiência de manganês em soja.
Na planta, o Mn é considerado um nutriente essencial no metabolismo vegetal, apresentando importante papel na constituição de enzimas, participação direta na formação de clorofila e atua na ativação de diversas reações metabólicas ligadas à fotossíntese (Hansel & Oliveira, 2016).
Segundo Bianchi (2022), os sintomas da deficiência de Mn visualizados após a aplicação do glifosato têm sido associados negativamente com a produtividade de grãos, levando ao uso de produtos com Mn, para mitigar esse efeito. Sobretudo, cabe destacar que o Yellow flashing é o efeito resultante de uma fitointoxicação da planta.
O “Yellow flashing” é uma resposta da planta de soja a metabólitos formados a partir da degradação do glifosato, sendo o AMPA (ácido aminometilfosfônico) o principal metabólito formado que pode causar efeito tóxico na planta. Essa substância é capaz de reduzir o conteúdo de clorofila das folhas causando e amarelecimento delas. Posteriormente o AMPA é metabolizado pela planta, essa metabolização ocorre cerca de 22 dias após a aplicação do glifosato, período que coincide com a redução dos sintomas do Yellow flashing (Machado, 2020).
A maior parte do glifosato é absorvido é transportado para tecidos meristemáticos, entretanto, algumas frações também podem ser exsudadas pelas raízes ou metabolizadas pela planta. Como principal metabólito desse processo, o AMPA é capaz de reduzir o conteúdo de clorofila da folha, dando a ela, o aspecto amarelado popularmente conhecido como Yellow flashing. Logo, a complexação do Mn intracelular pelo glifosato não é a causa do Yellow flashing (Machado, 2020).
Referências:
BIANCHI, M. A. PRODUTOS COM MANGANÊS MINIMIZAM A INJÚRIA DO GLIFOSATO NA SOJA? CCGL, Boletim Técnico, n. 104, 2022. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ckeditor_assets/attachments/388/Boletim_104.pdf >, acesso em: 18/04/2023.
HANSEL, F. D. OLIVEIRA, M. L. IMPORTÂNCIA DOS MICRONUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA NO BRASIL. International Plant Nutrition Institute: Informações Agronômicas, n. 153, 2016. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/305659319_Importancia_dos_Micronutrientes_na_Cultura_da_Soja_no_Brasil >, acesso em: 18/04/2023.
MACHADO, B. A. INTERAÇÃO MANGANÊS E GLIFOSATO NA SOJA. Agroadvance, 2020. Disponível em: < https://agroadvance.com.br/interacao-manganes-x-glifosato/ >, acesso em: 18/04/2023.
PEROZIN, A. C. et al. EFEITO DO GLIFOSATO E MANGANÊS (Mn) NA CULTURA DA SOJA [Glycine max L. MERRILL]: NUTRIÇÃO DE PLANTA E CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS. Nucleus, v. 15, n. 2, out. 2018. Disponível em: < http://www.nucleus.feituverava.com.br/index.php/nucleus/article/view/2808/2683 >, acesso em: 18/04/2023.
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