Debates sobre civilizações antigas, de milhares de anos atrás, que formaram sambaquis, por exemplo; ou sobre um passado nem tão remoto, como o dos primeiros anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no século 19, deram o tom do seminário ‘Vendo o invisível’, que aconteceu na Embrapa Solos, na capital fluminense, no dia 13 de junho.
A história dos primórdios do Jardim Botânico, vizinho da Embrapa, foi contada pelo pesquisador da instituição, Marcos Gonzales. Você sabia que 50 chácaras foram a base da ocupação do terreno do parque? Ou que as palmeiras que formam a famosa aleia foram plantadas em 1842? Além disso, na primeira metade do século 19, a então ‘Real Fábrica de Pólvora’, situada no terreno do JBRJ, era bem mais conhecida do que o Jardim, já que era responsável pela produção do explosivo que abastecia todo o mercado brasileiro. Ainda é possível visitar a fábrica, que foi desativada em 1831, na área atualmente conhecida como Casa dos Pilões.
Solos antigos
Outra fonte de debate no seminário foram as chamadas “pirâmides brasileiras”, os sambaquis, datados de até 9 mil anos atrás. Espalhados pelo litoral brasileiro, esses solos férteis antrópicos são depósitos construídos pelo homem, formados por materiais orgânicos e conchas que, empilhados ao longo do tempo, vêm sofrendo a ação das intempéries. Eles são facilmente avistáveis, podendo chegar a 30 metros de altura, e localizados prioritariamente nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.
Um pouco mais “novinhas”, as terras pretas de índio remontam a até cinco mil anos atrás. Esse solo fértil é formado por resíduos orgânicos e inorgânicos dos índios que habitaram o local. “Atualmente, populações nativas, como os kuikuros, do Alto Xingu, cultivam mandioca, milho e batata doce na Terra Preta de Índio”, conta Morgan Schmidt, do Museu Nacional.
Outra formação que intriga os cientistas, também localizada no Norte do Brasil, principalmente no Acre, são os geoglifos. Temos mais de 500 dessas estruturas no país, grandes figuras feitas no chão, com até quatro metros de profundidade, construídas há dois mil anos, visíveis apenas a bordo de aviões ou balões. “Muitos geoglifos estão próximos a fontes de água, com uma pequena estrutura ligando os dois pontos. Seria uma tentativa de usar essa água?”, interroga o pesquisador da Embrapa Solos, Wenceslau Teixeira. O que levou à elaboração dos geoglifos ainda é um mistério. “Poderiam ser valas de proteção contra animais, mas não encontramos muitos resíduos de ocupação humana nessas terras”, completa Wenceslau.
Fonte: Embrapa