O forte desejo da China em recuperar os seus rebanhos de suínos deverá manter elevadas as demandas sobre milho e soja em 2021, com o conseqüente bom nível dos preços externos e internos no Brasil. O maior sinal disto é a elevação de Chicago, que subiu de $3,10 para $ 4,30/bushel e dos prêmios que dobraram de 45 cents/bushel para julho de 2021 em Paranaguá em 20 de setembro, para 100 cents/bushel em 20 de outubro e se acomodaram em 80 cents/bushel nesta sexta-feira.
O fator contrário é o dólar no Brasil, que tem viés de baixa a curto, médio e longo prazos, de acordo com os especialistas do BNP Paribas, para quem uma apreciação do real é “inevitável” e o dólar poderá cair “mais perto de” 4 reais, 4,25 reais ao fim de 2021, considerando um manejo fiscal responsável.
“O Brasil tem várias estrelas que estão se alinhando: (crescimento da) China, dólar fraco, retomada econômica global, gringo ainda ‘subinvestido’ no país.” O Brasil precisará elevar (duplicar?) a Selic para renegociar a sua dívida pública e isto deverá atrair dólares do exterior, pressionando a cotação do real internamente.
Fatores de alta
- Boa demanda externa: no seu relatório de novembro o USDA quase dobrou a sua estimativa de importação de milho pela China, passando de 7 para 13 milhões de toneladas para o ano comercial de 2020/21;
- Provável safra americana de milho menor: no mesmo relatório o USDA reduziu a sua estimativa da safra americana de milho de 2020/21 de 373,95 milhões de toneladas para 368,49 MT, queda de 10,54 milhões de toneladas, o que é bastante significativo;
- Provável quebra da safra de verão nos principais estados consumidores do Brasil. No seu levantamento de novembro a Conab estima uma redução de 2% na área plantada com milho no Brasil e reduziu em 0,3% a sua estimativa de produção em relação à estimativa de outubro, devido aos problemas climáticos em alguns dos principais estados produtores.
Fatores de baixa
- Preços pararam de subir ao atingirem níveis semelhantes aos da importação;
- Embora haja a continuação da forte demanda de exportação para 2021, o dólar deverá jogar contra, estando prevista queda dos atuais níveis de R$ 5,38 para R$ 4,10 dentro dos próximos 12 meses, justamente os de maior exportação de milho.
Recomendação da T&F Agroeconômica
Se aumentarmos em 20% (um exagero) os custos totais do milho, atualmente estimados em R$ 46,84 para R$ 56,21% para a próxima safra, ainda assim os agricultores terão um lucro de 42,32% contra o preço de R$ 80,00 atualmente praticado e com tendência de se manter nos estados consumidores do Sul, depois de pagas todas as despesas, algo que não se consegue em nenhum outro ramo da economia em um ano.
Então, as perspectivas são ótimas para os produtores de milho, tanto de verão, quanto de safrinha para a próxima safra.
Fonte: T&F Agroeconômica