A mosca-branca, Bemisia tabaci, compreende várias espécies crípticas de importância agrícola mundial (DE BARRO et al., 2011). O tamanho pequeno, a alimentação polífaga, a alta taxa reprodutiva e o ciclo de vida curto são fatores que favorecem a praga e acarretam em graves danos econômicos a várias culturas agrícolas (SOTTORIVA, 2010). A mosca-branca pode causar impacto direto nas plantas, afetando a sua fisiologia como um todo, ou impacto indireto, atuando como um vetor de mais 300 vírus fitopatogênicos (GILBERTSON et al., 2015).

Dentre as culturas afetadas pela praga, destaca-se o tomate, com cultivo expressivo na região do Vale do Caí (RS). O manejo de mosca-branca nas plantações de tomate, assim como na soja, depende fortemente do uso de inseticidas químicos, favorecendo a seleção de insetos resistentes (ONSTAD, 2008). Além disso, o elevado número de pulverizações por ciclo da cultura, associado ao alto custo de aquisição dos inseticidas, têm onerando o sistema produtivo como um todo (ARNEMANN et al., 2019).



Em contrapartida, o método de controle biológico através do parasitismo representa uma opção mais estável, ecologicamente viável e duradoura no manejo dessa praga. Parasitoides são organismos que parasitam outros seres e impedem-nos de chegar à fase reprodutiva (adulto), participando desta forma como agentes do controle biológico. Ao menos uma das fases do ciclo de vida do parasitoide deve estar associada diretamente à praga, até que o hospedeiro seja consumido (OLIVEIRA et al., 2019).

Figura 1. Ninfa de mosca-branca (Bemisia tabaci) parasitada.Fonte: anatisbioprotection.com

A produção de tomate é particularmente importante para a região do Vale do Caí, localizada no estado do Rio Grande do Sul, onde a maioria das verduras e hortaliças do estado são cultivadas. Como várias dessas culturas servem como hospedeiras de B. tabaci e são cultivadas simultaneamente, esta região tornou-se um foco para infestações de mosca-branca, associadas a um aumento significativo nas falhas de controle da praga com inseticidas químicos (ROSA, 2017).

Segundo Moro et al. (2021), as espécies de micro-vespa Encarsia formosa e Eretmocerus mundus, as quais parasitam ninfas de mosca-branca, foram identificadas em plantas de tomate no estado do Rio Grande do Sul. Com base nisso, um projeto está sendo desenvolvido pela UFSM, em parceria com a Emater/RS-Ascar de Lajeado, para viabilizar a criação em larga escala e liberação massal desses parasitoides, contribuindo para o controle biológico de mosca-branca.

Figura 2. Adulto de Encarsia formosa parasitando ninfa de mosca-branca.
Fonte: Hummert

Além de viabilizar o uso comercial destes agentes biológicos e contribuir com a redução dos custos de produção em cultivos de tomate, o projeto possibilitará um aprimoramento do manejo de mosca-branca em outras culturas afetadas pela praga, como a soja. Mais informações serão divulgadas em breve! Para saber mais sobre outras alternativas de controle biológico de mosca-branca, clique aqui;


Revisão: Henrique Pozebon, doutorando PPGAgro – UFSM e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

REFERÊNCIAS:

ARNEMANN, Jonas A. et al. Integrated management of tomato whitefly under greenhouse conditions. J. Agric. Sci, v. 11, n. 5, 2019.

DE BARRO, Paul J. et al. Bemisia tabaci: a statement of species status. Annual review of entomology, v. 56, p. 1-19, 2011.

DE OLIVEIRA, A. A. et al. Manejo agroecológico de pragas: alternativas para uma agricultura sustentável. 2019.

Gilbertson RL, Batuman O, Webster CG, Adkins S (2015) Role of the insect supervectors Bemisia tabaci and Frankliniella occidentalis in the emergence and global spread of plant viruses. Annu Rev Virol 2: 67–93

MORO, Daniela et al. Integrative Techniques Confirms the Presence of Bemisia tabaci Parasitoids: Encarsia formosa, Encarsia porteri and Eretmocerus mundus (Hymenoptera: Aphelinidae) on Soybean and Tomatoes in South Brazil. Neotropical Entomology, p. 1-12, 2021.

ONSTAD, David W. Major issues in insect resistance management. In: Insect resistance management. Academic Press, 2014. p. 1-23.

ROSA, D. O. Diagnóstico do uso e do manejo de agrotóxicos na olericultura em propriedades de agricultura familiar no município de Feliz. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasil, 2017.

SOTTORIVA, LIVIA DINALLI MARTINS. Aspectos biológicos de Bemisia tabaci biótipo B em plantas infestantes. 2010.

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