Nematoides fitopatogênicos fazem parte das principais pragas que acometem a cultura da soja, e que possuem capacidade de causar danos tanto diretos quando indiretos. Embora esses danos possam variar de acordo com a espécie de nematoide, de maneira geral os sintomas da ocorrência da praga são observados em reboleiras, variando desde a redução do crescimento das plantas, a lesões no sistema radicular.
Além dos danos diretos, os nematoides participam de complexos de doenças de diferentes modos: criando portas de entrada para outros patógenos; modificação da rizosfera, favorecendo o crescimento de outros patógenos; atuação como vetores de viroses, bactérias e fungos; alteração da suscetibilidade do hospedeiro a outros patógenos por meio da indução de alterações fisiológicas no hospedeiro, entre outros (Grigolli & Grigolli, 2018).
Cabe destacar que segundo Ceccon (2013), os nematoides são parasitas obrigatórios, ou seja, necessitam de plantas hospedeiras para se reproduzir, logo, a interrupção do cultivo sucessivo ou simultâneo plantas hospedeiras pode causar redução populacional da praga. Embora o controle químico dos nematoides possa ser realizado, por se tratar de uma praga de solo, é comum observar a baixa eficiência de controle, sendo necessário adotar medidas complementares de manejo.
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Visando um adequado manejo e controle dos nematoides em áreas de cultivo, conhecer as principais espécies e susceptibilidade de plantas a elas é essencial para embasar o posicionamento de culturas. Alguns nematoides a exemplo do nematoide das lesões radiculares, P. brachyurus, apresentam uma grande prolificidade em gramíneas, sendo assim, o posicionamento de culturas é de suma importância para reduzir a população da praga.
Tendo em vista essa necessidade, conhecer a patogenicidade e virulência de nematoides nas principais culturas agrícolas é fundamental para auxiliar no posicionamento cultural, especialmente se tratando de cultivos safrinha em áreas infestadas. Sendo possível que populações residuais de nematoides possam sobreviver ao período entressafra, o cultivo sucessivo de soja e algodão-safrinha, por exemplo, pode ser prejudicial para o manejo da praga em áreas infestadas.
Considerando que as culturas de soja e algodoeiro são suscetíveis aos nematoides reniforme, das galhas e das lesões radiculares, a lógica da flutuação sazonal das populações dos nematoides ao longo do ano pode ser alterada (Ceccon, 2013). Logo, a sucessão de culturas suscetíveis aos nematoides contribui para a manutenção e até aumento populacional da praga.
Tabela 1. Patogenicidade e virulência ou agressividade de Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita, Heterodera glycines, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus às culturas de soja, algodoeiro e milho, e disponibilidade de variedades resistentes.

Cabe destacar que os efeitos sobre as densidades populacionais dos nematoides podem variar em função das cultivares, sejam de soja, algodoeiro ou milho (Ceccon, 2013), sendo que para algumas espécies de nematoides, algumas cultivares apresentam tolerância ou resistência a praga. De modo geral, atrelado ao controle químico, a rotação de culturas, o controle de plantas daninhas e o uso de plantas de cobertura não hospedeiras dos nematoides são algumas das alternativas de manejo disponíveis para as pragas, que quando realizadas de forma adequada, podem contribuir para uma significativa redução populacional da praga.
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Referências:
CECCON, G. CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA. Embrapa, 2013. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/982597/1/LVCONSORCIOMB.pdf >, acesso em: 06/04/2022.
GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. MANEJO DE NEMATOIDES NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2017/2018, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/304/304/5bf01cc86e7c17178f3daca4bc151777dab75f04854c7_07-manejo-de-nematoides-na-cultura-da-soja-somente-leitura.pdf >, acesso em: 06/04/2022.
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