O período entressafra das culturas de verão compreende um importante momento para a execução de determinadas práticas de manejo visando a sustentabilidade e a boa produtividade de culturas como soja e milho. Uma das práticas de manejo, é a calagem, a qual tem como principal finalidade, a correção do pH do solo.
A correção da acidez do solo visa regular o pH do solo, a fim de aumentar a disponibilidade de nutrientes para as plantas e reduzir a toxicidade de alumínio no solo. Além disso, corretivos como o calcário dolomítico ainda são fonte de Cálcio e Magnésio para o sistema de produção.
A necessidade da realização da calagem do solo é dada em virtude dos resultados obtidos na análise química da fertilidade do solo, sendo aconselhado para isso, a coleta de amostras de solo variando de 0 a 10cm e de 10 a 20 cm de profundidade. Em sistemas de cultivo convencionais ou plantio direto, a camada amostrada é de 0 a 20cm, e a dose de calcário recomendada para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina é aquela indicada pelo índice SMP até pH 6.0, com aplicação incorporada na camada de 0 a 20cm, preferencialmente antes da implantação da cultura de inverno (Santos et al., 2016).
Já para o sistema plantio direto consolidado, a amostragem recomendada é de 0 a 10cm de profundidade, com monitoramento frequente da camada de 10 a 20cm, considerando-se o valor de pH 5,5 quando não houver restrições químicas ou impedimento e/ou físico para o crescimento de raízes na camada de 10 a 20cm (Santos et al., 2016)
Conforme destacado por Santos et al. (2016), em algumas situações, reiniciar o sistema plantio direto pode ser necessário, entretanto, essa decisão deve levar em consideração aspectos relacionados a conservação do solo, da água e o cenário geral. Áreas cujo o sistema plantio direto não foi implementado com a devida correção da acidez do solo na camada de 10 a 20 cm, bem como apresentam saturação por Al ≥ 30% na camada de 10 a 20cm, e produtividades abaixo da média local, podem necessitar de reinicialização do sistema.
De maneira geral, tanto para a implementação quando para a reinicialização do sistema, recomenda-se que a correção da acidez do solo seja realizada em profundidade, havendo incorporação do calcário mediante aração e gradagem da área. Nesses momentos, pode-se aproveitar também para realizar a correção dos níveis de fertilidade do solo, especialmente do teor de Fósforo (P), nutriente convencionalmente considerado imóvel no solo.
Entretanto, cabe destacar que pensando em usufruir dos benefícios da calagem para a safra de verão, alguns cuidados necessitam ser tomados referentes ao planejamento e execução da calagem. Para que ocorram as devidas reações químicas e correções necessárias da acidez e fertilidade do solo, tecnicamente, recomenda-se que a calagem seja realizada ao menos três meses (90 dias) antes da implantação/semeadura da cultura de verão.
Deve-se atentar também para a qualidade do corretivo utilizado, realizando as devidas correções da dosagem conforme PRNT do calcário. Cabe destacar que embora seja considerado um condicionador de solo com maior mobilidade em comparação ao calcário, o gesso agrícola não corrige o pH do solo, sendo que essa correção deve ser realizada utilizando os calcários dolomítico ou calcítico, conforme a necessidade.
Veja mais: Calagem – uma prática fundamental que evita desperdícios
Referências:
SANTOS, D. R. et al. DIAGNÓSTICO DA ACIDEZ E RECOMENDAÇÃO DA CALAGEM: MANUAL DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA OS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Núcleo Regional Sul, Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC, Cap. 5, 2016.