O picão-preto é uma das plantas daninhas mais conhecidas pelos agricultores e disseminada nas áreas cultivadas do Brasil. Recentemente, esta planta daninha vem causando preocupações dentro dos sistemas de produção, em função do surgimento de diversos casos de resistência a herbicidas. Populações resistentes ao glyphosate, principal
herbicida utilizado no Brasil, foram encontradas no país vizinho, o Paraguai (Kryzanhaski et al., 2018). Mas a história com resistência não é recente, uma vez que, desde a época da soja convencional, vários relatos envolvendo outros herbicidas já foram descritos em espécies de picão-preto. Este informativo visa descrever as principais espécies de picão-preto e também sumarizar os problemas com resistência a herbicidas no intuito de alertar produtores e profissionais do agronegócio.

Material disponível no Informa Técnico do HRAC. Para acessar a versão completa clique aqui.

Espécies de picão-preto

Plantas conhecidas como picão-preto pertencem à família das Asteraceas e ao gênero Bidens. No Brasil, pelo menos sete espécies deste gênero já foram descritas, mas duas se destacam como mais importantes em áreas agrícolas: Bidens subalternans e Bidens pilosa.
Ambas as espécies são herbáceas, anuais, apresentam caule anguloso, medem geralmente 0,3 a 1,2 m, se reproduzem por sementes e podem ser encontradas em todas as regiões brasileiras, em lavouras anuais e perenes, além de hortaliças, beiras de estradas e áreas urbanas. São plantas muito semelhantes morfologicamente, o que gera a necessidade de cautela para a identificação correta destas espécies. Baseado nas informações botânicas compiladas por Kissmann e Groth (1999) e Grombone-Guaratini et al. (2004), a Tabela 1 apresenta as principais diferenças entre as duas espécies que podem ser utilizadas para facilitar a identificação.

Tabela 1. Resumo das características morfológicas para a diferenciação de espécies de picão-preto (B. pilosa vs B. subalternans). Fonte: Kissmann e Groth (1999) e Grombone-Guaratini et al. (2004).

Podem existir diferenças entre as duas espécies quando em estádio  vegetativo, como por exemplo, na coloração das folhas e nervuras e nas margens do segundo par de folhas (Figura 1-A e B). Entretanto, a identificação é mais segura após a emissão dos primeiros capítulos (inflorescências). Mesmo assim, é importante observar mais de uma características para concluir a identificação.


A dicotomia representa a forma de inserção das folhas e ramos secundários ao longo do ramo principal. Esta característica pode ser decisiva para a separação entre B. subalternans e B. pilosa (Figura 1-C e D). A coloração das corolas também é importante, visto que corolas brancas só aparecem em B. pilosa e amarelas só em B. subalternans (Figura 1-E e F). Vale ressaltar que pode haver capítulos sem corolas ou até mesmo plantas com ausência destas estruturas. Por último, o número e a angulação das aristas dosaquênios também são essenciais para a diferenciação das espécies (Figura 1-G e H).

E os Casos de resistência em espécies de picão-preto no Brasil?

Acesse o boletim do HRac e confira o detalhamento das resistências em cada espécie.

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Fonte: Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas – HRAC-BR; ISSN 2675-4150; Vol. 0001; Núm. 0001; Junho/2020

Autores: Rafael Romero Mendes & Rubem Silvério de Oliveira Junior

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