O picão-preto, é considerado atualmente uma das principais e mais preocupantes plantas daninhas do sistema de produção de grãos. Dentre as principais espécies de expressão econômica, destacam-se a Bidens pilosa e a Bidens subalternans, ambas com casos registrados de resistência a herbicidas no Brasil.
Até então, já foram relatados casos B. pilosa com resistência simples aos herbicidas inibidores da ALS (1993) e resistência múltipla aos herbicidas inibidores da ALS e inibidores da fotossíntese ao nível do fotossistema II (2016). Já os casos relatados de B. subalternans são mais recentes, incluindo a resistência simples aos herbicidas inibidores da ALS (1996), e EPSPs (2023) e a resistência múltipla aos herbicidas inibidores da ALS e inibidores da fotossíntese ao nível do fotossistema II (2006) (Heap, 2025).
Os casos de resistência do picão-preto a herbicidas, dificultam o controle efetivo dessa planta daninha no sistema de produção de grãos. De forma direta, dependendo da densidade populacional de picão-preto, da espécie e estádio em que matocompete com a soja, perdas de produtividade de quase 60% podem ser observadas (Rizzardi et al., 2003).
Figura 1. Perdas de rendimento de grãos de soja em função de densidade de plantas de picão–preto.

Além do impacto direto resultante da matocompetição com a cultura agrícola, em função da elevada habilidade competitiva dessa planta daninha, os danos ocasionados pelo picão-preto também são indiretamente observados nas culturas sucessivas, em casos de altas infestações.
No sistema de produção soja/milho, o Professor e Pesquisador Alfredo Albrecht destaca que, sob elevadas infestações, o picão-preto absorvem recursos cruciais para o desenvolvimento da cultura agrícola, tais como água e nutrientes do solo, podendo inclusive reduzir a disponibilidade desses recursos para a cultura sucessora, como é o caso observado no milho cultivado em sucessão a soja infestada com picão-preto.
Nesse sentido, o manejo e controle do picão-preto deve levar em consideração o sistema de produção como um todo, e não apenas a cultura atual.
A interferência do picão-preto no cultivo do milho foi observada por Maciel et al. (2020). De acordo com os autores, o aumento da densidade populacional de picão-preto, prejudica o crescimento do milho, o que pode impactar por consequência, sua produtividade.
Segundo Rizzardi (2019), o período crítico de competição entre a maioria das plantas daninhas e a cultura do milho varia de 5 até os 50 dias após a emergência, nesse contexto, populações de picão-preto no início do desenvolvimento do milho, devem ser controladas de foram efetiva para reduzir o impacto na produtividade da cultura.
Visando aumentar a eficácia do controle, além do adequado posicionamento dos herbicidas é determinante atentar para o estádio de desenvolvimento da planta daninha a ser controlada. No caso do picão-preto, os melhores resultados de controle são observados quando as aplicações de herbicidas são realizadas em plantas nos estádios iniciais do seu desenvolvimento, entre 2 e 4 folhas. Além disso, herbicidas pré-emergentes devem ser empregados com o intuito de reduzir os fluxos de emergência do picão-preto no estabelecimento das culturas.
Confira abaixo as contribuições do Professor e Pesquisador Alfredo Albrecht sobre o tema.
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Referências:
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS. Online, 2025. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 08/04/2025.
MACIEL, J. C. et al. CRESCIMENTO DE MILHO CULTIVADO EM COMUNIDADE COM Bidens pilosa E Urochloa Brizantha. Research, Society and Development,2020. Disponível em: < https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/8277/7319/117285 >, acesso em: 08/04/2025.
RIZZARDI, M. A. et al. PERDAS DE RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA CAUSADAS POR INTERFERÊNCIA DE PICÃO-PRETO E GUANXUMA. Ciência Rural, 2003. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/cr/a/LFwJKQSSzmkZZRxZwfNgHJx/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 08/04/2025.
RIZZARDI, M. A. INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM MILHO. Up Herb, Academia das Plantas Daninhas, 2019. Disponível em: < https://upherb.com.br/int/interferencia-de-plantas-daninhas-em-milho >, acesso em: 08/04/2025.