No Sul do Brasil, durante o período entressafra que sucede a cultura da soja, é comum observar lavouras infestadas de azevém (Lolium multiflorum) e nabo (Raphanus sp.) oriundos da ressemeadura natural das plantas. Embora essas espécies possam desempenhar importante papel como plantas de cobertura no período entressafra, quando presentes em meio a lavouras comerciais de inverno como o trigo, são consideradas plantas daninhas em função dos danos ocasionados à cultura.

Tanto o azevém quando o nabo em meio a cultura do trigo, matocompetem com as plantas cultivadas por água, radiação solar e nutrientes do solo, reduzindo esses recursos para o trigo, e consequentemente, limitando sua produtividade. Conforme analisado por Luz et al. (2017) A convivência de populações de azevém e nabo com a cultura do trigo pode resultar em significativas perdas de produtividade da lavoura.

Conforme observado pelos autores, a medida em que há o aumento populacional dessas plantas daninhas, tem-se a redução da produtividade do trigo, demonstrando que ambas as espécies interferem negativamente na produtividade do trigo.

Figura 1. Produtividade do Trigo (Kg ha-1), em função de diferentes densidades populacionais de azevém e nabo.

Fonte: Luz et al. (2017)

Conforme resultados obtidos por Luz et al. (2017), sob elevadas densidades populacionais de azevém (64 plantas m-2), reduções de produtividade superiores a 50% podem ser observadas no trigo. Não menos importante, o nabo, infestando lavouras de trigo, sob elevadas densidades populacionais, também causa significativas perdas de produtividade (superior a 40%).

Além da densidade populacional da planta daninha, um dos fatores que mais impacta sobre a interferências das plantas daninhas na cultura do trigo é o período em que ocorre a matocompetição. Uma das principais e mais efetivas estratégias para mitigar a inferência do azevém no trigo é o estabelecimento da cultura “no limpo”, ou seja, livre da presença de plantas daninhas no início do desenvolvimento da lavoura.



Roman; Vargas; Rodrigues (2006) destacam que as maiores reduções da produtividade do trigo em função da matocompetição de plantas daninhas ocorrem nos períodos iniciais do desenvolvimento da cultura, mais especificamente até os 45 a 50 dias após a emergência do trigo. No caso do azevém em específico, analisando os períodos de interferência dessa planta daninha na cultura do trigo, Donin (2014) observou que o período anterior a interferência (PAI) é de 11 dias após a emergência (DAE), enquanto o período total de prevenção a interferência, conforme observado pelo autor, é de 21 DAE.

Figura 2. Produtividade de grãos de trigo (kg ha-1), em função dos períodos de controle (●) e de convivência (○) de azevém.

PAI: período anterior a interferência; PTPI: período total de prevenção a interferência e PCPI: período crítico de prevenção a interferência. Fonte: Donin (2014)

Levando em consideração a influência negativa da matocompetição sobre a produtividade do trigo, o controle efetivo de plantas daninhas é essencial para reduzir as perdas produtivas, principalmente se tratando do período mais sensível da cultura a matocompetição.


Veja Mais: Controle do azevém em trigo



Referências:

DONIN, E. J. PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE Lolium multiflorum NA CULTURA DO TRIGO NO ALTO URUGUAI GAÚCHO. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal da Fronteira Sul, 2014. Disponível em: < https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/1070 >, acesso em: 28/04/2023.

LUZ, A. C. P. et al. INTERFERÊNCIA DA CONVIVÊNCIA DE POPULAÇÕES DE AZEVÉM E NABO NOS COMPONENTES DE RENDIMENTO DO TRIGO. Anais do 9º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – SIEPE, 2017. Disponível em: < https://guri.unipampa.edu.br/uploads/evt/arq_trabalhos/13914/seer_13914.pdf >, acesso em: 28/04/2023.

ROMAN, E. S.; VARGAS, L.; RODRIGUES, O. MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 63, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/852518/1/pdo63.pdf >, acesso em: 28/04/2023.

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