Os preços da soja tiveram novas quedas em fevereiro, operando em patamares 30% abaixo dos registrados no mesmo período de 2023. Apesar dos problemas climáticos em várias regiões brasileiras e da produção nacional menor que a estimada inicialmente, a oferta ainda se sobressaiu à demanda, pressionando as cotações.

Segundo agentes consultados pelo Cepea, além da disponibilidade da oleaginosa não estar tão apertada como apontada por alguns, houve baixo volume de soja comprometido com vendas antecipadas. Vale considerar, ainda, que as maiores produções na Argentina e no Paraguai podem compensar as perdas brasileiras.

Do lado da demanda, embora as negociações tenham sido pontuais no decorrer de fevereiro, a liquidez doméstica se aqueceu no encerramento do mês, envolvendo tanto a soja da safra atual (2023/24) quanto a que será colhida em 2025 (temporada 2024/25).

A média do Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá foi de R$ 117,64/sc de 60 kg em fevereiro, queda de 7,3% em relação à de janeiro e de expressivos 29,3% sobre a de fev/23 – sendo a menor desde abril/19, em termos reais (calculado por meio do IGP-DI de jan/24). Para o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná, as baixas foram de 7,6% no comparativo mensal e de 29,8% no anual, com a média passando para R$ 111,93/sc de 60 kg em fevereiro, a menor desde julho/19, também em termos reais.

Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações cederam 7,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 8,3% no de lotes (negociações entre empresas). No comparativo anual, os recuos foram de 34,8% e de 33,6%, respectivamente.

ÓLEO DE SOJA 

As negociações envolvendo o óleo de soja estiveram mais intensas na última semana de fevereiro, o que limitou o movimento de baixa nos preços observado na maior parte do mês. Além disso, a valorização do prêmio de exportação também impediu quedas mais acentuadas.

Com base no porto de Paranaguá (PR), o embarque Mar/24 do óleo de soja teve prêmio de compra a -700 centavos de centavos de dólar/libra-peso – o maior valor para este contrato; do lado da venda, a oferta foi de -500 centavos de centavos de dólar/libra-peso. Em 31 de janeiro deste ano, os prêmios foram ofertados a -870 centavos de centavos de dólar/libra-peso pelos compradores e -830 centavos de centavos de dólar/libra-peso, pelos vendedores.

Diante disso, entre 31 de janeiro e 29 de fevereiro, o preço FOB do óleo de soja para o
embarque em mar/24 subiu 5,3%. No spot nacional, o preço do óleo de soja bruto e degomado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) cedeu 5,2% em relação a janeiro, a R$ 4.797,58/tonelada na média de fevereiro – esse é o menor valor mensal desde ago/19, em termos reais. Em um ano, a queda foi de 23,9%.

Há, também, expectativas de maior demanda nos próximos meses, sobretudo por parte das indústrias de biodiesel, uma vez que a mistura obrigatória de biodiesel ao óleo diesel passou para 14% (B14) em 1º de março, de acordo com o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Além disso, há estudos analisando a possibilidade de este percentual crescer ainda mais, passando para 20% (B20) e chegando em até 25% (B25).

FARELO DE SOJA

Com a expectativa de firme demanda por óleo de soja, o desafio para as indústrias é comercializar o farelo de soja, sobretudo com o retorno da Argentina na liderança do abastecimento global deste subproduto.

Diante disso, consumidores domésticos adquiriram lotes de farelo de soja da “mão para a boca”, na expectativa de adquirir volumes a preços menores nos próximos períodos. Considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o preço médio de fevereiro foi 8,7% inferior ao de janeiro e 28,2% ao de fev/23.

FRONT EXTERNO 

Produtores dos Estados Unidos têm elevado o interesse em cultivar soja na safra 2024/25 em detrimento do milho. Esse cenário pode estar atrelado à relação entre os preços destes grãos – a vantagem da oleaginosa sobre o cereal está acima da média registrada desde 2000, o que vem sendo verificado mesmo diante dos estoques abundantes e dos menores valores da soja na atual temporada.

Diante disso, as cotações da oleaginosa nos Estados Unidos podem operar em baixa no próximo ano-safra, o que tenderia a ser repassado aos demais países produtores do grão.

Além disso, os valores externos seguem pressionados pelas expectativas de maior oferta na América do Sul na temporada 2023/24. Na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato Mar/24 da soja teve queda de 4,9% entre janeiro e fevereiro e de 23,4% no comparativo com fev/23, à média de US$ 11,6939/bushel (US$ 25,78/sc de 60 kg) no último mês, a menor, em termos nominais, desde nov/19. Ainda com base no contrato Mar/24, os futuros do farelo e do óleo de soja caíram 5,3% e 3,6% entre a médias dos últimos dois meses. No comparativo anual, as quedas foram de 30% e de 25%, para os respectivos produtos.

CAMPO

De acordo com a Conab, a colheita de soja alcançou 47,3% da área nacional até 3 de março, acima dos 43,9% colhidos há um ano. Dentre as regiões, a Companhia aponta colheita de 66,5% no Centro-Oeste do País, acima dos 60,8% colhidos há um ano. No Sudeste, a colheita alcançou 42%, também acima dos 34,9% do mesmo período do ano passado.

No Sul do País, as atividades de campo alcançaram 19,7% da área, resultado superior aos 7,3% colhidos há um ano. Já na região do Matopiba, o elevado índice pluviométrico impediu o avanço nas atividades de campo em grande parte do mês. A colheita alcançou 15,7% da área; abaixo dos 27,5% colhidos em igual período da safra passada.

Fonte: Cepea



 

FONTE

Autor:Cepea

Site: Agromensais Soja

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