Recentemente o MAPA divulgou uma portaria com 40 pragas eleitas como prioridades para registro e alteração de registro de agrotóxicos em 2019, e o percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus) ocupa uma das posições de destaque na cultura do milho. Para acessar a portaria clique aqui.

Juntamente com o percevejo Dichelops furcatus, o percevejo-barriga-verde está entre as pragas de maior importância econômica na cultua do milho, atacando principalmente na fase inicial de estabelecimento da lavoura.

O percevejo ganhou destaque como praga inicial do milho, principalmente em função das mudanças no sistema produtivo da cultura, como o uso do sistema de plantio direto e o plantio da “safrinha”. Inicialmente, as duas espécies de percevejo eram mais frequentes na região Sul do Brasil, porém, tem se tornado cada vez mais frequente a constatação dessas espécies nas principais regiões produtoras de milho do Brasil.



Veja a matéria relacionada completa clicando aqui.

Saiba mais sobre a praga

Esses percevejos possuem entre 9 e 12 mm de tamanho, o seu abdômen é de coloração verde, os ovos são de coloração verde-clara, ovoides e dispostos em grupos de tamanho variável. À medida que maturam, vão escurecendo. As ninfas apresentam, geralmente, coloração marrom-acinzentada na região dorsal e verde na abdominal; nos últimos instares, apresentam tecas alares esverdeadas e corpo de coloração castanho-esverdeada. São confundidas no campo com ninfas de Euschistus heros, mas podem ser diferenciadas pelas jugas bifurcadas e agudas e pela coloração do abdômen (Pereira et al., 2008).

Figura 1: Adulto de Dichelops furcatus (A) e Dichelops melacanthus (B).

Foto: Lisonéia Fiorentini Smaniotto – Fonte: Embrapa

A Matéria relacionada pode ser acessada clicando aqui.

Danos

Os danos causados por percevejos são provocados pela alimentação próxima ao colo das plântulas, originando injúrias típicas e, à medida que as folhas se desenvolvem, as lesões aumentam, as plantas ficam deformadas, amareladas e com o desenvolvimento comprometido. Dependendo da severidade do ataque, pode ocorrer a morte de plântulas, com a consequente redução do estande da lavoura (Pioneer sementes, 2016).

Figura 2: Danos severos causados pelo percevejo-barriga-verde que podem causar perdas ao redor de 60%, apresentando comprometimento da planta como um todo, podendo inclusive não gerar espigas.

Fonte: DuPont Pioneer.

No gráfico abaixo pode-se observar os efeitos dos danos de Dichelops sp. sob a produtividade na cultura do milho (2º safra, IAPAR 2013).

Fonte: IAPAR

Em estudo realizado por Rodrigues (2011), pode ser observada a regressão para número de espigas, fileiras, grãos por fileiras e produtividade de grãos em função dos níveis populacionais de percevejos em diferentes períodos em que as plantas foram submetidas à convivência com Dichelops melacanthus.

Figura 3: Gráficos de regressão para o número de espigas m-2 (A), número de fileiras por espiga (B), número de grãos por fileira (C) e produtividade de grãos (kg ha-1) (D), em função da população de Dichelops melacanthus em Rondonópolis, MT, 2010.

Fonte: Rodrigues (2011).

No estudo de Rodrigues (2011), foi possível verificar que a produtividade de grãos decresceu com o aumento do período de convivência da cultura com os percevejos de maneira linear. Também foi possível observar que os prejuízos foram maiores quando a infestação ocorreu logo após a emergência da cultura, e que houve uma redução de 248,44 kg de milho para cada percevejo m-2 em convivência com as plantas. A população de dois percevejos m-2 reduziu 23,5% a produtividade de grãos de milho neste trabalho.

O estudo por completo pode ser acessado aqui.



Vale lembrar que o percevejo-barriga-verde causa danos ao milho no período que vai da emergência ao surgimento da quarta folha aberta (V4), que corresponde a uma idade entre 15 e 20 dias da emergência. Contudo, o dano será sempre maior quanto mais jovem for a plântula e quando coincidir com períodos de estiagem, fato mais comum no cultivo do milho safrinha.

Também é importante ressaltar que os danos provocados pelo inseto não são visíveis logo nos primeiros dias da emergência do milho, sendo mais facilmente notados a partir do décimo dia da emergência.

Manejo e controle

Duarte (2009) coloca como valor do nível de dano econômico de D. melacanthus 0,58 percevejo m-2 para a cultura do milho. Para Chiaradia et al. (2016) o nível de dano econômico estimado em lavouras de milho é sempre inferior a 0,5 percevejo.m-1 de plantas considerando cenários de preço do milho variando de R$ 12 a R$ 36 a saca de 60 kg, e o custo de controle de R$ 40 a R$ 160 por ha.

Na figura 4 abaixo, pode ser observado o estudo de Chiaradia et al. (2016).

Fonte: Chiaradia et al., (2016).

Para um bom manejo da praga e redução de sua população a melhor estratégia é a realização do MIP (Manejo integrado de pragas), além do tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos, pulverizações logo após a emergência das plantas quando constado a presença dos insetos, controle biológico através de microhimenópteros do gênero Trissolcus e controle de plantas daninhas e redução de perdas na colheita evitando a proliferação da espécie.

Elaboração– Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

2 COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.