As condições oceânicas observadas e tendência no Oceano Pacífico Equatorial, as médias mensais da área de referência para definição do evento El Niño-Oscilação Sul (ENOS), denominada região de Niño 3.4 (entre 170°W-120°W), mostram valores de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) maiores que 0,5°C desde junho de 2023, indicando condições de El Niño (Figura 2). Essa condição vem gradativamente se intensificando nas últimas semanas, atingindo desde o final de agosto com anomalias de TSM de 1,6°C, limiar de El Niño Forte. O modelo de previsão de ENOS do APEC Climate Center (APCC), centro de pesquisa sediado na Coréia do Sul, aponta para uma probabilidade de 90% ou mais de que as condições de El Niño irão permanecer atuantes durante os meses de primavera e início do verão 2023/2024 (Figura 3).

Além disso, o modelo também indica alta probabilidade de que o fenômeno se intensifique, chegando à categoria de classificação forte nos próximos meses, com chance até mesmo de categoria muito forte para o fim de novembro e decorrer de dezembro.

As previsões apresentadas para o trimestre são resultado do Modelo estatístico do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET.

O prognóstico indica chuvas mais frequentes e persistentes no trimestre, com maior probabilidade especialmente entre outubro e novembro. No mês de dezembro as chuvas ainda devem ficar acima da média na maior parte do estado, porém de maneira mais irregular, com maiores anomalias positivas na metade oeste do RS. Os acumulados de chuva no trimestre devem superar a média em todas as regiões, com anomalias médias acima dos 200mm em todas as áreas do estado, superando os 300mm na metade oeste e noroeste do estado (Figura 4A ).

Eventos com tempestades, rajadas de vento forte e queda de granizo também serão mais frequentes nesta primavera, sob influência do El Niño. O excesso de chuva nos próximos meses pode intensificar o excedente hídrico, causando o encharcamento do solo e, consequentemente, prejudicando a colheita da safra de inverno e o início do plantio das culturas de grãos.

As temperaturas do ar devem ficar acima da média, na metade Norte do estado. Já na metade Sul, as temperaturas ficam próximo da média climatológica, mas com alta variabilidade (Figura 4B). Ou seja, forte contraste térmico em virtude da aproximação de frentes frias que encontram o ar mais quente no norte do RS, resultando em grande variabilidade nas temperaturas, especialmente no sul do estado.

Indicações técnicas para o estado do Rio Grande do Sul

Orientações gerais:

  • Dada a previsão climática de precipitação acima da média, com chuvas mais frequentes e intensas, o manejo de pré-plantio deve ser efetivado assim que possível para aproveitamento das janelas de preparo/semeadura quando houver condições de umidade adequada de solo para entrada de maquinário;
  • Atentar para a necessidade de uso de sistemas de drenagem devido ao risco de inundação e sua persistência ao longo de dias;
  • Dar ênfase ao aspecto fitossanitário, monitoramento e controle, especialmente para ocorrência de doenças fúngicas e pragas;
  • Utilizar, se possível, estruturas de proteção de granizo visto a probabilidade de maior ocorrência do fenômeno;
  • Aderir às políticas de seguro agrícola para minimizar perdas decorrentes de situações climáticas adversas;
  • Não deixar solo descoberto, mantendo-o sempre protegido, seja com culturas para cobertura de solo, espécies forrageiras ou para grãos a fim de evitar a erosão e perda de solo e nutrientes;
  • Dar preferência ao plantio direto na palha. Não sendo possível, mobilizar o solo o mínimo necessário, por ocasião do preparo e da semeadura;
  • Dentro do sistema de produção, observar práticas de rotação de culturas para melhorar a qualidade dos solos;
  • Consultar a assistência técnica da Emater, Cooperativas, empresas, etc., para o manejo das culturas, e seguir as indicações técnicas provenientes da pesquisa e da extensão;
  • Consultar os serviços de previsão de tempo e clima, para o planejamento, manejo e execução das operações agrícolas ( Inmet, Inpe, CPPMET-UFPEL, Simagro-RS);
  • Escalonar a época de semeadura/plantio e utilizar cultivares de ciclos diferentes seguindo o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, clicando aqui.

Orientações específicas para culturas de inverno:

  • Monitorar a ocorrência de doenças e pragas e observar se há necessidade de aplicações de defensivos agrícolas. Não descuidar do momento da colheita, colhendo tão logo seja possível;
  • Os produtores devem providenciar a revisão das colhedoras e acompanhar a previsão do tempo para colheita a fim de efetiva-la assim que possível.

Orientações específicas para culturas de arroz:

  • Intensificar o sistema de drenagem das áreas de lavoura, desobstruindo drenos, bueiros e vertedouros de barragens;
  • Dentro do possível, dar continuidade à adequação das áreas destinadas à lavoura para a próxima safra, principalmente às atividades de preparo e sistematização do solo e drenagem, para possibilitar a semeadura na época recomendada pelo zoneamento agrícola, de forma a aproveitar melhor a radiação solar e evitar as temperaturas baixas no período reprodutivo da cultura;
  • Evitar semeaduras em áreas sujeitas à inundação persistente;
  • Efetuar a semeadura dentro do período recomendado pelo Zoneamento Agroclimático, semeando primeiro as cultivares de ciclo médio seguido das de ciclo precoce; nas semeaduras após meados de novembro, dar preferência para cultivares de ciclo precoce;
  • Tendo em vista a ocorrência do evento “El Niño”, com alta probabilidade de chuvas acima do normal para o trimestre outubro-novembro-dezembro, atentar para a drenagem após o estabelecimento da lavoura a fim de evitar prejuízos no estabelecimento inicial;
  • Iniciar a irrigação definitiva quando as plantas estiverem no estádio de 3 a 4 folhas, fazendo a aplicação da adubação nitrogenada em cobertura, preferencialmente em solo seco, antes da entrada de água;
  • Atentar para a possível ocorrência de baixa luminosidade, que reduz a resposta da cultura à adubação nitrogenada;
  • Ter cuidados especiais com o possível aumento na incidência de doenças, devido às prováveis condições meteorológicas favoráveis à sua ocorrência.

Orientações específicas para culturas de primavera-verão:

  • Na medida do possível, agilizar o preparo e implantação das culturas, para aproveitar as janelas de possibilidades de semeadura e aplicação de produtos fitossanitários;
  • Escalonar a época de semeadura e utilizar genótipos de diferentes ciclos ou diferentes grupos de maturação sempre respeitando o zoneamento agrícola e calendário de semeadura;
  • Para cultura de milho e feijão iniciar a semeadura quando a temperatura do solo, a 5 cm de profundidade, estiver acima de 16°C e umidade adequada do solo;
  • Tratando-se de plantio direto, fazer o manejo de culturas de inverno voltadas para a proteção do solo e manutenção da umidade no solo;
  • Monitorar a lavoura quanto à ocorrência de doenças, em função do prognóstico de chuvas acima da média;
  • Atentar para o controle de pragas no milho, especialmente a cigarrinha;
  • Para semeaduras em áreas de terras baixas utilizar cultivares precoces, com cuidados especiais em relação a drenagem, considerando a possibilidade de ocorrência de chuvas acima da normal;

Fonte: Boletim Copaaergs



 

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