Os pulgões, também conhecidos como afídeos, são classificados como pragas secundárias na cultura do milho. Normalmente, aparecem em populações baixas, com sua presença variando anualmente e raramente resultando em danos econômicos significativos. Dentro desse grupo, o pulgão Rhopalosiphum maidis, pertencente à família Aphidoidea, destaca-se, tendo o milho como seu principal hospedeiro, especialmente em condições de estiagem.

Sendo assim, em condições climáticas marcadas por elevadas temperaturas, clima seco e pouca chuva, surgem condições propícias para o desenvolvimento e a dispersão do pulgão-do-milho. A temperatura exerce influência no ciclo de vida desses insetos, afetando tanto a velocidade de desenvolvimento das ninfas quanto a longevidade dos adultos.

Principalmente em em lavouras destinadas à produção de sementes, Wordell Filho et al. (2016) destacam que essa praga é considerada prejudicial, causando danos diretos resultantes da sua alimentação, que enfraquece a planta. Além disso, o pulgão excreta um líquido açucarado rico em aminoácidos, sobre o qual se desenvolve um fungo, resultando no aparecimento da fumagina. A presença da fumagina, por sua vez, leva à redução da área fotossinteticamente ativa das folhas, reduzindo a liberação de pólen e podendo causar falhas na polinização.

Características do inseto

Por ser um inseto sugador, o pulgão-do-milho possui um aparelho digestivo que inclui uma estrutura denominada câmara filtro. Essa estrutura tem a função de reter os aminoácidos presentes na seiva, ao mesmo tempo em que elimina o excesso de líquido absorvido, geralmente rico em açúcares (Grigolli, 2014).

Figura 1. Pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis).
Fonte: Global Biodiversity Information Facility (2023).

Segundo Ribeiro & Rosa (2020), o pulgão-do-milho apresenta um corpo alongado, variando em cores que vão do amarelo-esverdeado ao azul-esverdeado. Caracteriza-se por manchas negras ao redor dos sifúnculos, das pernas e das antenas, as quais têm coloração escura. Seu tamanho varia entre 0,9 e 2,6 mm de comprimento.

Principais danos e sintomas nas plantas

Os danos ocasionados pelo pulgão, de acordo com os autores, resultam de uma resposta fisiológica da planta, estando associados a uma interação entre a ação dos pulgões e diversos fatores. Entre esses fatores, destacam-se o estresse hídrico, altas populações de pulgões, possível ação tóxica da saliva do inseto, compactação dos grãos de pólen e cobertura dos estilo-estigmas pela excreção do excesso de seiva ingerida (honeydew). Essa interação resulta, consequentemente, em falhas na polinização e deficiências na granação das espigas.

Os sintomas mais frequentemente observados, incluem desde a morte de plantas até o perfilhamento de espigas, juntamente com espigas atrofiadas e com granação deficiente. Além disso, é importante destacar que o pulgão-do-milho também pode atuar como vetor de viroses, principalmente do vírus do mosaico comum do milho. Esta doença tem se destacado recentemente devido ao aumento na sua incidência e às perdas na produtividade da cultura (Ribeiro & Rosa, 2020).

Ciclo e reprodução

O ciclo biológico do R. maidis, segundo Pereira & Salvadori (2006), pode variar em torno de 20 dias, cada fêmea origina em média 72 novos pulgões. As colônias de pulgões alimentam-se das partes novas das plantas, ficando, geralmente, dentro do cartucho.  A temperatura exerce uma forte influência na velocidade de desenvolvimento das ninfas e na longevidade dos adultos. O aumento da temperatura acelera o desenvolvimento das ninfas. Entretanto, temperaturas acima ou abaixo da faixa ideal de 10 ºC a 35 ºC podem interromper o crescimento das ninfas (Copagril, 2021).

De acordo com informações da Embrapa, o pulgão-do-milho se reproduz por partenogênese telítoca, o que significa que as fêmeas são capazes de se reproduzir sem a necessidade de um macho. Ao invés de depositar ovos na planta hospedeira, elas geram ninfas (imaturas). Quando as populações de pulgões são baixas, é comum que formem colônias dentro do cartucho da planta. No entanto, à medida que a população aumenta, eles passam a atacar praticamente todas as partes da planta, sendo frequente a infestação completa do pendão pela praga.

Monitoramento

O monitoramento da população de pulgões deve ser iniciado na fase vegetativa da cultura. Para isso, recomenda-se examinar 100 plantas, em 5 grupos de 20 plantas de forma aleatória, repetindo esse processo para cada 10 hectares. O nível de infestação de cada planta pode ser classificado conforme a figura abaixo: nota zero para plantas sem pulgões, nota 1 quando houver até 100 pulgões por planta e nota 2 para as plantas com mais de 100 pulgões por planta (Pereira & Salvadori, 2006).

Figura 2. Classificação do nível de infestação de pulgão por planta.
Fonte: Anjos (2020).

Naturalmente, as populações do pulgão-do-milho são mantidas em níveis baixos devido à presença de vários inimigos naturais associados a essa praga. Alguns exemplos de inimigos naturais incluem as joaninhas (Cyclonela sanguínea, Eriopis conexa), sirfídeos, crisopídeos e microhimenópteros (parasitoides) que transformam os pulgões em indivíduos denominados popularmente de “múmias” (Grigolli, 2014).

Wordell Filho et al. (2016) ressaltam que a aplicação de tratamento químico no controle do pulgão-do-milho é justificada até a fase de pré-florescimento. Nesse momento, quando menos de 50% das plantas recebem a nota 2 (classificação do nível de infestação de pulgão por planta), é crucial avaliar cuidadosamente a necessidade de intervenção. Além disso, é importante priorizar maior atenção para a infestação dessa praga durante períodos de estiagem, quando sua população tende a aumentar rapidamente.

Uma medida essencial para proteger as plantas durante a fase inicial de desenvolvimento é o tratamento de sementes utilizando inseticidas sistêmicos. Além disso, a preservação do controle biológico natural realizado por agentes de controle biológico, como mencionado anteriormente, é considerada uma medida importante para reduzir o impacto econômico causado por esse inseto.

Controle químico

Atualmente existem 52 produtos registrados para o controle químico do pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis), contemplando os grupos químicos organofosforado, neonicotinóide, piretróide, feniltiouréia, metilcarbamato de oxima, metilcarbamato de benzofuranila e antranilamida (Agrofit, 2024). Grigolli (2014) destaca que pulverizações aéreas utilizando inseticidas à base de neonicotinóides têm demonstrado bons resultados, contudo, é essencial respeitar rigorosamente o período de carência estabelecido.

No entanto, é importante observar que as pulverizações de parte aérea só devem ser consideradas em caso de infestações muito elevadas, quando há mais de 100 indivíduos por planta em um percentual significativo da área cultivada. Além disso, condições como estresse hídrico próximo ao período de pendoamento das plantas podem intensificar os danos provocados pelos pulgões. A decisão de optar pelo controle químico deve também considerar a presença e diversidade de inimigos naturais na área de cultivo.


Veja mais: Cigarrinha Dalbulus maidis e os enfezamentos do milho



Referências:

AGROFIT. CONSULTA ABERTA. Ministério da Agricultura e Pecuária, 2024. Disponível em: < https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons >, acesso em: 08/03/2024.

ANJOS, W. P. D. PULGÃO NA CULTURA DO MILHO Rhopalosiphum maidis (FITCH 1856). Sementes KWS, Informativo Agroservice, 2020. Disponível em: < https://www.kws.com/br/media/download-informativo/kws_br_informativo-agroservice-pulgao-na-cultura-do-milho.pdf >, acesso em: 08/03/2024.

COPAGRIL. IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE PULGÃO DO MILHO EM PERÍODOS DE ESTIAGEM. Copagril, notícias, 2021. Disponível em: < https://www.copagril.com.br/noticia/3338/importancia-do-controle-de-pulgao-do-milho-em-periodos-de-estiagem >, acesso em: 08/03/2024.

EMBRAPA. PULGÃO-DO-MILHO Rhopalosiphum maidis FITCH, 1856 (HOMOPTERA: APHIDIDAE). Embrapa, Panorama Fitossanitário da Cultura do Milho. Disponível em: < http://panorama.cnpms.embrapa.br/insetos-praga/identificacao/pragas-da-parte-aerea-sugadores/pulgao-do-milho-rhopalosiphum-maidis-fitch-1856-homoptera-aphididae#:~:text=O%20pulg%C3%A3o%20do%20milho%20%C3%A9,apresenta%20as%20asas%20hialinas%20transparentes. >, acesso em: 08/03/2024.

GRIGOLLI, J. F. PRAGAS DO MILHO SAFRINHA. Tecnologia & Produção Milho Safrinha, Fundação MS, 2014. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-Producao-Milho-Safrinha-2014.pdf >, acesso em: 08/03/2024.

PEREIRA, P. R. V.; SALVADORI, J. R. PULGÃO-DO-MILHO Rhopalosiphum maidis FITCH, 1856 (HOMOPTERA: APHIDIDAE). Embrapa Trigo, 2006. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/74021/1/Pulgao-do-milho.pdf >, acesso em: 08/03/2024.

RIBEIRO, L. P.; ROSA, A. P. S. A. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DO MILHO E SORGO. MICOSUL, Reunião Técnica Sul-Brasileira de Pesquisa de Milho e Sorgo, cap. 9, 2020. Disponível em: < https://www.agricultura.rs.gov.br/upload/arquivos/202011/23092828-informacoes-tecnicas-para-o-cultivo-do-milho-e-sorgo-na-regiao-subtropical-do-brasil-safras-2019-20-e-2020-21.pdf >, acesso em: 08/03/2024.

WORDELL FILHO, J. A. et al. PRAGAS E DOENÇAS DO MILHO: DIAGNOSE, DANOS E ESTRATÉGIAS DE MANEJO. Epagri, boletim técnico, n. 170, 2016. Disponível em: < https://ciram.epagri.sc.gov.br/ciram_arquivos/agroconnect/boletins/BT_PragasDoencasMilho.pdf >, acesso em: 08/03/2024.

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