O controle de doenças em culturas agrícolas é indispensável para a manutenção do potencial produtivo e da qualidade dos grãos produzidos. Dependendo do patógeno e da severidade da doença, perdas de produtividade de até 90% podem ser observadas em soja, caso as devidas medidas de controle não sejam adotadas (Godoy et al., 2023).
Na cultura do milho, as perdas de produtividade podem chegar a quase 50% dependendo da natureza do patógeno e suscetibilidade da cultivar (Casela et al., 2006). Nesse sentido, o controle eficiente de doenças é indispensável para a obtenção de boas produtividades, e o método mais empregado para isso em escala comercial é o controle químico com o uso de fungicidas registrados para as culturas.
No entanto, além do adequado posicionamento de fungicidas, é indispensável garantir uma boa eficiência na aplicação dos produtos, a fim de assegurar que o defensivo alcance o alvo. No controle de doenças, a boa cobertura do dossel da cultura é fundamental para garantir a boa proteção das plantas contra patógenos causadores de doença, no entanto, nem sempre a aplicação dos fungicidas é uniforme.
Em muitas situações, a baixa eficiência de controle não está diretamente relacionada ao defensivo utilizado, mas sim a homogeneidade de distribuição do produto no dossel da cultura. Mesmo com o advento de novas tecnologias, e os avanços na tecnologia de aplicação, em planta com avançado estádio de desenvolvimento, a maior porcentagem de defensivos aplicados via pulverização tende a ficar concentrada no terço superior das plantas.
Um estudo desenvolvido pelo Núcleo de Investigação em Tecnologia de Aplicação e Máquinas Agrícolas (Nitec) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp) obteve resultados que demonstram que 55% das gotas de pulverização atingem as folhas superiores do milho, 31% as folhas medianas e apenas 14% as folhas inferiores das plantas.
Figura 1. Distribuição de gotas de pulverização no dossel do milho.
Para a cultura da soja, os resultados são similares. Avaliando a população e espectro de gotas, sob diferentes pressões de trabalho e volume de calda, Bernardes et al. (2023), observaram que, o terço superior da planta de soja concentra a maior porcentagem de cobertura via pulverização. No geral, os autores verificaram que, a porcentagem de cobertura do dossel da planta pela pulverização aumenta do terço inferior para o terço superior da planta.
Com o menor volume de calda (137 L ha-1), e pressão de trabalho de 300 KPa, na média para o estudo, apenas 21,47% das folhas do terço inferior da soja foram cobertas pela aplicação de defensivos, enquanto que a cobertura para os terços médio e superior da planta, foram de respectivamente 46,99% e 60,97% de cada terço (tabela 1).
No entanto, maiores volumes de calda tendem a apresentar maior porcentagem de cobertura, mesmo se tratando dos terços médio e inferior da planta, independentemente da pressão de serviço utilizada para pulverização (tabela 1).
Tabela 1. Média e desvio padrão (DP) da cobertura (%) dos diferentes terços da planta, em diferentes pressões de serviço e volumes de aplicação.

Fatores como velocidade de deslocamento do conjunto trator/pulverização e/ou autopropelido, formato do jato e posicionamento da barra pulverização também podem exercer influência sobre a distribuição de gotas no dossel das culturas. Com isso, fica evidente que estratégias de manejo voltadas à tecnologia de aplicação necessitam ser adotadas para melhorar a distribuição de defensivos nas culturas agrícolas, em especial nas plantas com estádio de desenvolvimento mais avançado.
Contudo, não esqueça que além da boa distribuição de fungicidas na planta, é essencial o adequado posicionamento dos produtos, garantindo um programa de manejo eficiente para o controle de doenças nas culturas agrícolas.
Veja mais: Manejo de doenças no milho – Emprego de fungicidas contribui para o aumento da produtividade
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Referências:
BERNARDES, S. M. et al. AVALIAÇÃO DE DEPOSIÇÃO DE FITOSSANITÁRIOS PARA CONTROLE DE DOENÇAS NA SOJA. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, 2023. Disponível em: < https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJAER/article/view/58318/42485 >, acesso em: 07/10/2024.
CASELA, C. R. et al. DOENÇAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 83, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/490415/1/Circ83.pdf >, acesso em: 07/10/2024.
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2022/2023: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 195, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1154837/1/Circ-Tec-195.pdf >, acesso em: 07/10/2024.
SISTEMA FAEP. PESQUISA APONTA SOLUÇÕES NA TECNOLOGIA DE APLCIAÇAÕ PARA O MILHO. Sistema FAEP, SENAR, 2024. Disponível em: < https://www.sistemafaep.org.br/pesquisa-aponta-solucoes-na-tecnologia-de-aplicacao-para-o-milho/ >, acesso em: 07/10/2024.