O cobalto e o molibdênio são considerados nutrientes essenciais para o processo de fixação biológica do nitrogênio. O cobalto é parte da cobalamina (vitamina B12 e seus derivados), um componente de várias enzimas em microrganismos fixadores de nitrogênio. Em geral, os vegetais tendem a conter quantidades relativamente pequenas desse elemento (Taiz & Zeiger, 2017). O cobalto é essencial para que ocorra o processo de fixação do N2, uma vez que participa da síntese da cobamida e da leghemoglobina nos nódulos das plantas. Nesse sentido, a deficiência de cobalto pode resultar na deficiência de nitrogênio na cultura de soja devido à redução da eficiência da fixação de nitrogênio. Os sintomas de deficiência de cobalto são caracterizados por clorose total, seguida de necrose, que afeta principalmente as folhas mais velhas da planta (Sfredo & Oliveira, 2010).

O molibdênio (Mo) é um micronutriente requerido em pequenas quantidades pelas plantas, e está relacionado ao metabolismo do nitrogênio, estando presente em enzimas importantes, como a dinitrogenase, que é encontrada em microrganismos fixadores de nitrogênio atmosférico, e a nitrato redutase (Paulilo et al., 2015). Taiz & Zeiger (2017) destacam que como o molibdênio está envolvido tanto com a redução do nitrato quanto com a fixação de nitrogênio, a deficiência de molibdênio pode refletir na deficiência de nitrogênio.

O molibdênio (Mo) apresenta uma mobilidade média no floema e mais de 58% do Mo necessário pela soja é absorvido durante os primeiros 45 dias do desenvolvimento da planta. Como resultado dessa mobilidade na planta, os sintomas de deficiência de molibdênio tendem a se manifestar nas folhas mais velhas da planta, uma vez que o Mo pode ser redistribuído internamente dentro da planta para ajudar o crescimento das partes novas e em desenvolvimento (Sfredo & Oliveira, 2010).

De acordo com Oliveira Junior et al. (2020), o pH do solo exerce influência sobre a disponibilidade de nutrientes às plantas, nesse sentido, as maiores possibilidades de resposta ao molibdênio ocorrem em solos ácidos, ou seja, a disponibilidade de Mo aumenta com o pH do solo, ao mesmo tempo em que a disponibilidade de cobalto diminui em solos excessivamente corrigidos. Os autores destacam ainda que a disponibilidade desses nutrientes no solo não é frequentemente avaliada em análises químicas de solo e de plantas, portanto, como medida de precaução, recomenda-se que a cada ciclo de cultivo, seja realizada a aplicação de pelo menos uma quantidade mínima de nutrientes que são potencialmente exportados pela cultura da soja.

Figura 1. Relação entre o pH e a disponibilidade de nutrientes e de alumínio no solo.

Fonte: Oliveira Junior et al. (2020).

De acordo com Gitti et al. (2019), as aplicações de cobalto (Co) e molibdênio (Mo) podem ser realizadas de duas maneiras: via sementes ou através da aplicação foliar, sendo que as aplicações foliares são recomendadas de serem realizadas durante os estádios de desenvolvimento V3-V5. Em áreas onde o solo é virgem, áreas novas ou que nunca tiveram cultivo de soja anteriormente, é recomendado dar preferência às aplicações foliares durante os estádios V3-V5, contribuindo para aumentar a sobrevivência das bactérias fixadoras de nitrogênio.

Conforme observado em um estudo realizado por Agnes et al. (2018), a aplicação de cobalto (Co) e molibdênio (Mo) na quantidade de 8 mL ha–1 na soja entre os estádios de desenvolvimento V4 e V6, resulta em alguns benefícios. Foi observado um aumento no número de vagens por plantas, o peso de mil grãos e consequentemente a produção final da cultura, onde foi observado um aumento de 1.040 kg ha–1 com a aplicação de Co e Mo em relação a testemunha. Esses resultados sugerem que a aplicação desses micronutrientes em momentos específicos do ciclo da soja pode ser uma estratégia eficiente para melhorar a produtividade da cultura.

Figura 2. Média da altura (cm planta ha–1), número de vagens por plantas (NVPP) (unidade planta ha–1), peso de mil grãos (g) e produção (sacas por ha–1) da soja sob diferentes doses de CoMo.

Fonte: Agnes et al. (2018).

Conforme destacam Martin et al. (2022), a aplicação de molibdênio na cultura da soja pode proporcionar incremento no rendimento de grãos, principalmente em áreas de cultivos onde o pH do solo encontra-se inferior a 5,5 e que apresentem deficiência de nitrogênio no início do desenvolvimento da cultura.

As recomendações técnicas para a aplicação desses nutrientes sugerem a utilização de 2 g ha-1 a 3 g ha-1 de cobalto (Co) e 12 g ha-1 a 25 g ha-1 de molibdênio (Mo). É importante ressaltar que essas doses podem ser aplicadas com igual eficiência, seja via tratamento de sementes ou por meio de pulverização foliar (Oliveira Junior et al., 2020).



As recomendações para a aplicação foliar de molibdênio ficam faixa de 25 a 50 gramas ha-1, as doses mais elevadas são recomendadas para solos arenosos, onde a necessidade de molibdênio tende a ser maior. As principais fontes de Mo são o Molibdato de Amônio, que contém 54% de molibdênio solúvel em água, e o Molibdato de Sódio, contendo 39% de molibdênio solúvel em água.

É importante destacar que a aplicação de molibdênio na semente deve ser realizada antes da inoculação, embora possa apresentar risco para a sobrevivência das bactérias fixadoras de nitrogênio (N).  Portanto, para minimizar esse risco, quando possível, é aconselhável dar preferência à aplicação foliar de molibdênio, aproximadamente 30 a 45 dias após a emergência da cultura (Martin et al., 2022).


Veja mais: Bradyrhizobium e Azospirillum em soja



Referências:

AGNES, B. A. P. et al. APLICAÇÃO DE COBALTO E MOLIBDÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Journal of Agronomic Sciences, v.7, n.2, p.53-60, Umuarama, 2018. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/327096972_APLICACAO_DE_COBALTO_E_MOLIBDENIO_NA_CULTURA_DA_SOJA >, acesso em: 10/10/2023.

GITTI, D. C. et al. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Safra 2018/2019, cap. 1. Fundação MS, Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 10/10/2023.

MARTIN, T. N. et al. INDICAÇÕES TÉCNICAS PARA A CULTURA DA SOJA NO RIO GRANDE DO SUL E EM SANTA CATARINA, SAFRAS 2022/2023 E 2023/2024. 43° Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul, Editora GR. Santa Maria – RS, 2022. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1355291/77681724/Indica%C3%A7%C3%B5es+T%C3%A9cnicas+para+a+cultura+da+soja+no+Rio+Grande+do+Sul+e+em+Santa+Catarina%2C+safras+2022-2023+e+2023-2024/59dc57b3-4122-de8a-1009-6f061aa8c47f >, acesso em: 10/10/2023.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, Sistemas de Produção 17, cap. 7. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 10/10/2023.

PAULILO, M. T. S. et al. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC, 2015. Disponível em: < https://antigo.uab.ufsc.br/biologia//files/2020/08/Fisiologia-Vegetal.pdf >, acesso em: 10/10/2023.

SFREDO, G. J.; OLIVEIRA, M. C. N. SOJA: MOLIBDÊNIO E COBALTO. Embrapa, Documentos 322. Londrina – PR, 2010. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/18872/1/Doc_322_online1.pdf >, acesso em: 10/10/2023.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Artmed, ed. 6, 2017.

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