Definir o momento de colheita da cultura do milho é essencial para reduzir perdas produtivas e qualitativas em função da deterioração dos grãos ou sementes no campo, bem como, para adequar o planejamento da propriedade, com relação á prática da colheita. Para tanto, é necessário conhecer a fenologia do milho, identificando o estádio correspondente a maturação fisiológica da cultura.

Segundo Bergamaschi & Matzenauer (2014), as principais e mais usuais escalas fenológicas para a culturas do milho são as escapas de Hanway (1963) e a escala de Ritchie; Hanway; Benson (1993). Na escala proposta por Hanway (1963) e posteriormente adaptada por Fancelli (1986), os estádios do desenvolvimento do milho são divididos por símbolos (números compreendidos de 0 a 10), onde 0 é a emergência das plântulas e 10 a maturação fisiológica da cultura.

Já na escala proposta por Ritchie; Hanway; Benson (1993), os estádios do desenvolvimento do milho são subdivididos em dois períodos, período vegetativo (representado pela letra V, seguida de um número correspondente ao número de folhas totalmente expandidas), e período reprodutivo (representado pela letra R, seguida pelo algarismo correspondente á sequência dos mesmos estádios da escala de Hanway (1963), conforme demonstrado no quadro 1.

Quadro 1. Estádios fenológicos de uma planta de milho, pela escala de Ritchie; Hanway; Benson (1993).

Fonte: Ritchie; Hanway; Benson (1993), apud. Bergamaschi & Matzenauer (2014)

Conhecendo a fenologia do milho, é possível determinar o momento de colheita dos grãos ou sementes. Tendo em vista que a maturação fisiológica da planta (R6) é compreendida como o período em que há a paralisação total do acúmulo de matéria seca nos grãos, caracterizado pela manifestação do máximo peso da matéria seca nos grãos, máximo vigor das sementes e pela presença da “camada negra/ponto preto” no local de inserção do grão no sabugo, não há mais ligação entre planta mãe e grãos/sementes (Fancelli, 2015).



Figura 1. Ponto negro/ponto preto na base do grão (ponto de inserção do grão no sabugo).

Foto: José Carlos Madalóz

A formação da camada de “ponta preta” é observada progressivamente da ponta da espiga para a base. Além da paralisação total do acúmulo de matéria seca nos grãos, acontece também o início do processo de senescência natural das folhas das plantas, as quais gradativamente começam a perder a coloração verde característica, passando a assumir a coloração de palha (Magalhães & Durães, 2006).

Figura 2. Detalhe do desenvolvimento da camada preta (ponto da maturidade fisiológica).

Fonte: Magalhães & Durães (2006)

Cabe destacar que embora a formação da “ponta preta”, marcada pelo estádio R6, estabeleça a maturação fisiológica do milho, outra importante característica deve ser levada em consideração para a colheita dos grãos, trata-se do conteúdo de água nos grãos, popularmente conhecido como umidade dos grãos.

Magalhães & Durães (2006) destacam que, quando atingida a maturação fisiológica da planta, a umidade encontrada nos grãos varia de 30% a 38%. Essa umidade é considerada inadequada para colheita e armazenagem dos grãos ou sementes, sem que maiores danos sejam observados.

No entanto, Fancelli (2015) destaca que, se tratando da produção de sementes, visando manter a qualidade obtida no momento da maturação fisiológica da planta (máximos atributos fisiológicos), é possível realizar a colheita do milho nessas condições, utilizando maquinas especializadas (espigadoras).

De modo geral, visando a colheita de lavouras destinadas a produção de grãos, a operação mecanizada deverá ser realizada, sem maiores problemas, quando os grãos apresentarem umidade entre 25% e 18%, desde que o produto colhido seja submetido a uma secagem artificial antes de ser conduzido ao armazenamento (Fancelli, 2015).

Cabe destacar que após atingida a maturação fisiológica da planta, nenhum produto aplicado sobre a cultura, seja ele, fertilizante, bioestimulante e/ou outros insumos com o intuito de aumentar a produtividade do milho, não surtirão efeito produtivo sobre a cultura, sendo por tanto, uma prática não recomendada com essa finalidade.


Veja mais: Você sabe fazer a correção do peso de grãos com base na umidade?



Referências:

BERGAMASCHI, H.; MATZENAUER, R. O MILHO E O CLIMA. Emater/RS – Ascar, Porto Alegre, 2014. Disponível em: < http://www.emater.tche.br/site/arquivos/milho/O_Milho_e_o_Clima.pdf >, acesso em: 23/02/2023.

FANCELLI, A. L. MANEJO BASEADO NA FENOLOGIA AUMENTA EFICIÊNCIA DE INSUMOS E PRODUTIVIDADE. Visão Agrícola, n. 13, 2015. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA_13_Fisiologia-artigo2.pdf >, acesso em: 23/02/2023.

MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO DE MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, 2006. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMS/19620/1/Circ_76.pdf >, acesso em: 23/02/2023.

Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (SiteFacebookInstagramLinkedinCanal no YouTube)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.