A dessecação pré-colheita da soja é uma prática de manejo comum em diversas lavouras. Ela permite controlar plantas daninhas, uniformizar as plantas da lavoura e também antecipar a colheita em alguns dias. Se realizada de forma adequada, a dessecação em pré-colheita da soja pode antecipar a colheita em até quatro dias, sem prejuízos à produção (França-Neto et al., 2016).
Entretanto, para uma dessecação pré-colheita eficiente, é preciso analisar alguns critérios técnicos para definir o momento de realização dessa prática. É preciso conhecer a fenologia da soja, para identificar o estádio de desenvolvimento ideal para realizar a prática. Realizar a dessecação pré-colheita antes do período recomendado pode resultar em perdas quantitativas e qualitativas dos grãos e/ou sementes produzidas.
Dessecações realizadas após o período recomendado, podem não trazer benefícios tão expressivos na uniformização das plantas e antecipação da colheita. Além de definir o momento de dessecação, é necessário utilizar somente herbicidas registrados junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária, com esse intuído. Dentre as principais opções, destacam-se o glufosinato de amônio e o Diquat, respectivamente, herbicida inibidor da enzima glutamina sintetase e herbicida inibidor da fotossíntese ao nível do fotossistema I.
De modo geral, recomenda-se que a dessecação em pré-colheita da soja seja realizada quando atingida a maturação fisiológica da planta, período esse, em que ocorre o máximo acúmulo de matéria seca nos grãos (Zanon et al., 2018). Esse período é conhecido como R7, contudo, para melhor posicionamento do manejo, reduzindo perdas produtivas, recomenda-se que a dessecação em pré-colheita da soja reja realizada no subperíodo R7.3 (figuras 1 e 2).
Figura 1. Estádio ideal para a dessecação em pré-colheita da soja (R7.3).
Figura 2. Estádio ideal para a dessecação em pré-colheita da soja (R7.3).
Além de definir o momento de dessecação da soja, herbicida utilizado e dose empregada, é necessário atentar para alguns cuidados na pós-dessecação pré-colheita da soja. Sabe-se que a utilização de agrotóxicos requer certos cuidados para evitar a contaminação da produção e preservar a qualidade do alimento. Um critério em específico que deve ser observado, é o período de carência do herbicida.
O período de carência ou intervalo de segurança é compreendido como o número de dias que deve ser considerado entre a última aplicação e a colheita. O período de carência vem escrito na bula do produto. Este prazo é importante para garantir que o produto vegetal colhido não possua resíduos acima do limite máximo permitido. A produção de produtos agrícolas com resíduo de agrotóxico acima do limite máximo permitido pelo Ministério da Saúde é ilegal. A colheita poderá ser apreendida e destruída. Além do prejuízo da colheita, o agricultor poderá ainda ser multado e processado (Alencar, 2010).
Qual o intervalo entre a dessecação pré-colheita da soja e a colheita da cultura?
O intervalo de segurança entre a dessecação pré-colheita e a colheita da soja varia em função do herbicida utilizado e da dose aplicada. Conforme orientações de bula, dependendo do herbicida, esse intervalo pode variar de 7 a 10 dias. De modo geral, orienta-se respeitar o intervalo de pelo menos 10 dias após a dessecação pré-colheita da soja para realizar a colheita da cultura, evitando assim, a contaminação por resíduos de agrotóxicos na soja colhida.
No entanto, sempre deve-se analisar as recomendações presentes na bula, a fim de verificar as orientações do Fabricante quando ao período de carência para dado produto. Vale destacar que a colheita da soja deve ocorrer quando os grãos e/ou sementes alcançarem uma umidade situada entre 13% e 15%, a fim de prevenir perdas produtivas e preservar a qualidade dos grãos.
Referências:
ALENCAR, J. A. SISTEMA DE PRODUÇÃO – CULTIVO DA VIDEIRA. Embrapa, 2010. Disponível em: < http://www.cpatsa.embrapa.br:8080/sistema_producao/spuva/agrotoxicos.html >, acesso em: 29/01/2024.
FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 29/01/2024.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, 2018.