O controle químico de doenças na soja com o emprego de fungicidas é indispensável para evitar perdas produtivas e qualitativas. No entanto, a eficiência do programa de controle, depende do posicionamento dos fungicidas e das boas práticas agronômicas associadas, tais como a semeadura na época adequada, o vazio sanitário, o uso de cultivares resistentes e o monitoramento da lavoura.
Além de apresentar relação com a eficiência no controle das doenças, o posicionamento de fungicidas é essencial para retardar o desenvolvimento de casos de resistência das doenças a fungicidas. Para a cultura da soja, as recomendações de fungicidas para o controle de doenças devem ser baseadas na aplicação preventiva dos produtos, dando preferência para a rotação de mecanismos de ação e de ingredientes ativos.
Programas de aplicações iniciados curativamente favorecem a pressão de seleção contínua e aceleram o desenvolvimento de populações menos sensíveis do patógeno e, portanto, não devem ser utilizados (FRAC-BR). Dentre os principais grupos de mecanismos de ação utilizados, destacam-se os fungicidas multissítios, os biológicos, as estrobilurinas, os triazóis e triazolintione e as carboxamidas.
Confira abaixo as orientações para uso desses fungicidas:
Multissítios
Conforme orientações do Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas, os fungicidas multissítios devem estar presentes em todas as aplicações em soja, de forma associada a fungicidas sítios específicos. Vale destacar que os multissítios são produtos de contato, logo, necessitam permanecer sobre o tecido vegetal para promover boa proteção contra doenças. Esse grupo participa efetivamente no manejo da resistência de doenças a fungicidas, por possuírem múltiplos sítios de ação.
Biológicos
Normalmente originários de microrganismos biológicos, esses produtos apresentam diversas formas de atuação, contribuindo para reduzir a pressão de doenças. No entanto, devem ser utilizados de forma associada a fungicidas multissítios e sítio específicos do programa de controle, e não de forma isolada.
Estrobilurinas
Devem ser aplicadas sempre combinadas com fungicidas multissítios, triazóis, triazolintione ou carboxamidas. Algumas doenças apresentam menor sensibilidade (resistência parcial) as estrobilurinas. Apesar disso, as estrobilurinas continuam sendo essenciais como ferramenta de gerenciamento para manutenção da eficácia dos fungicidas de outros mecanismos de ação, principalmente no controle à ferrugem-asiática (FRAC-BR).
Triazóis e Triazolintione
Há uma alta variabilidade da sensibilidade de triazóis e triazolintione entre as populações de ferrugem-asiática, logo, esse grupo de fungicidas não deve ser utilizado de forma isolada para o manejo dessa doença, mas sim, associados a multissítios, estrobilurinas ou carboxamidas. Sempre que possível, deve-se rotacionar a molécula dentro do grupo de ação.
Carboxamidas
De acordo com o FRAC-BR, as carboxamidas devem ser aplicadas sempre combinadas com fungicidas multissítios e triazóis, triazolintione ou estrobilurinas. Mutações que reduzem parcialmente a eficácia das carboxamidas no controle da ferrugem-asiática e da mancha-alvo já foram observadas em algumas populações do fungo, no entanto, esse efeito ainda necessita ser avaliado. Dessa forma, as carboxamidas devem sempre ser associadas a fungicidas multissítios, triazóis e estrobilurinas no programa de manejo.
Em suma, todas as medidas de manejo relacionadas ao programa de controle de doenças na soja, devem ser adotadas de forma preventiva, associando fungicidas de diferentes grupos, e rotacionando ingredientes ativos sempre que possível.
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Referências:
FRAC-BR. NOVAS RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DE DOENÇAS EM SOJA. Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas, FRAC-BR. Disponível em: < https://www.frac-br.org/_files/ugd/6c1e70_5494e2a5f1204eafa26ec81bce3aec6f.pdf >, acesso em: 16/09/2024.