A padronização de dados e a conectividade no campo foram os principais assuntos discutidos durante evento realizado no dia 11 de junho, na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas/SP), que reuniu representantes de empresas do segmento de máquinas e equipamentos agrícolas, do setor de tecnologia da informação e entidades ligadas ao agronegócio. O encontro integrou a agenda de reuniões da AgGateway América Latina, associação sem fins lucrativos que vem trabalhando para promover o desenvolvimento da agricultura digital e a busca por eficiência e sustentabilidade no setor.
A entidade foi fundada em 2005 nos Estados Unidos, onde tem mais de 200 empresas associadas, de diversos segmentos, e possui também representações na Europa e na Ásia. As atividades na América Latina começaram no ano passado e contam com a participação de 21 empresas, que já atuam de forma colaborativa em projetos relacionados à implementação de padrões de comunicação entre maquinários com o objetivo de melhorar as operações de campo.
A Embrapa Informática Agropecuária é membro institucional da entidade e acompanhou, desde o início, a articulação para estabelecimento da AgGateway no Brasil. “Apoiamos a iniciativa principalmente porque acreditamos que a definição de padrões de interoperabilidade é um passo importante para viabilizar a expansão da agricultura digital e da internet das coisas (IoT) no país”, afirma a chefe-geral Silvia Massruhá, reforçando o papel assumido pela Unidade da Embrapa de facilitadora desse novo ecossistema de inovação. Para Stanley Oliveira, que é chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, a participação junto à entidade é mais uma oportunidade de interação com importantes atores do setor produtivo e acrescenta que a Unidade deverá contribuir, por exemplo, com conhecimentos acumulados na área de gestão de dados.
Segundo o presidente da AgGateway América Latina, José Alexandre Loyola, além das iniciativas atuais, a entidade deverá voltar-se também para a definição de padrões aplicados às análises de solos, envolvendo laboratórios e desenvolvedores de softwares da área. “A ideia é facilitar o trabalho de mapeamento do solo e análise dessas informações por parte do produtor rural”, afirma. Outro desafio para a transformação digital da agricultura, de acordo com ele, é a conectividade no campo e a ampliação do acesso à internet. Para avançar nas discussões sobre esse tema, duas empresas foram convidadas a apresentar no evento soluções desenvolvidas nessa área: a empresa Tim, que vem explorando a rede 4G na frequência de 700 MHz em importantes regiões produtoras, e a Trópico, que oferece solução baseada em rede de banda larga privada voltada para atividades de automação agrícola.
Durante o evento, a Embrapa Informática Agropecuária também apresentou às empresas associadas à AgGateway as principais soluções em agricultura digital e linhas de pesquisa e inovação desenvolvidas pela Unidade. Um dos destaques foi a plataforma AgroAPI, iniciativa pioneira no Brasil que disponibiliza informações e modelos gerados pela Embrapa para serem utilizados por empresas e startups na criação de softwares e aplicativos móveis. Os dados são acessados por meio de APIs (Interface de Programação de Aplicativos, na tradução do inglês) – um conjunto de padrões e linguagens de programação que possibilitam, de maneira automatizada, a comunicação entre sistemas diferentes.
Para o diretor de Inovação da Venturus, Marcelo Abreu, foi interessante conhecer de perto o que a Embrapa vem fazendo em agricultura digital, em especial a plataforma AgroAPI, que mostrou potencial para a integração com outras soluções. Algumas das APIs disponíveis já começaram a ser acessadas, por exemplo, pela empresa CYGNI Agro Ciência, que possui um sistema usado para identificar anomalias em talhões e orientar a aplicação de insumos. Segundo o diretor de tecnologia, Thiago de Almeida Prado, a ideia é utilizar dados do Sistema de Análise Temporal da Vegetação (SATVeg) da Embrapa para facilitar a seleção de imagens de satélite de safras de interesse.
Em visita aos laboratórios, também foram demonstradas tecnologias baseadas na aplicação de inteligência artificial e visão computacional para detecção automática de frutos e de doenças em plantas; projetos em biotecnologia, como uso de marcadores moleculares em peixes e a geração de cultivares de cana-de-açúcar tolerantes à seca e estresse hídrico; e ainda sistemas para monitoramento da atividade agropecuária, como o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, o WebGIS TerraClass e o SATVeg.
Fonte: Embrapa