Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

A soja em Chicago recuou bastante nesta semana, com o primeiro mês fechando em US$ 13,23/bushel na quinta-feira (19), contra US$ 14,01 uma semana antes.

O clima nas regiões produtoras nos EUA continua sendo o elemento central das preocupações do mercado, embora o mesmo esteja relativamente normal. Aliás, o retorno de chuvas no meio da corrente semana nestas regiões ajudou a derrubar as cotações na quinta-feira. Mesmo assim, o relatório sobre as condições das lavouras diminuiu para 57% as que estavam em condições entre boas a excelentes no dia 15/08. Um ano atrás este índice era de 72%. Por outro lado, 94% das lavouras estavam em fase de floração e 81% em fase de formação de vagens.

Já pelo lado das exportações, na semana encerrada em 12/08, os EUA embarcaram 277.637 toneladas de soja, somando na totalidade do ano comercial um volume de 58,7 milhões de toneladas, contra pouco mais de 41 milhões um ano antes. O destaque é que, até o dia 18/08, a China havia comprado soja estadunidense por 10 dias consecutivos, retornando a este mercado. Consta que as necessidades por soja aumentaram na China neste momento, assim como as margens das indústrias moageiras locais apresentaram pequena melhora. A partir de agora a tendência é de a China buscar mais soja nos EUA, especialmente para embarque a partir de outubro.

Neste contexto, o mercado continuará com forte instabilidade, com altos e baixos nos preços, até se definir a colheita nos EUA e, a partir de logo mais, o ritmo de plantio no Brasil e Argentina.

Dito isso, a Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA divulgou que o esmagamento estadunidense de soja em julho foi de 4,22 milhões de toneladas. O volume ficou abaixo do esperado pelo mercado, porém, foi maior do que o registrado em junho, quando os EUA esmagaram 4,14 milhões de toneladas da oleaginosa. Já em relação a julho de 2020 o mesmo ficou bem abaixo, pois naquele mês a trituração estadunidense alcançou a 4,7 milhões de toneladas. Assim, os volumes esmagados de soja nos EUA, em junho e julho de 2021, ficam abaixo da média histórica diante de uma oferta de soja bastante baixa.

Vale ainda destacar que o mercado começa a levar em consideração os números advindos do tradicional Crop Tour realizado pelo analista privado Pro Farmer. Por enquanto, as visitas detectam que as lavouras se apresentam muito irregulares nos diversos Estados norte-americanos.



Enquanto isso, aqui no Brasil os preços voltaram a subir, puxados pelo câmbio. O Real, diante das incertezas políticas e da fraqueza de nossa economia, pressionada por forte inflação, voltou a se desvalorizar, aproximando-se dos R$ 5,40 por dólar durante a semana. Assim, mesmo com Chicago mais baixo, o saco de soja no balcão gaúcho, na média semanal, subiu para R$ 159,94, ganhando quase cinco reais na semana. Nas demais praças nacionais o produto oscilou entre R$ 160,00 e R$ 165,00/saco.

A demanda interna elevada, puxada pelo consumo de rações, graças as importantes exportações de carnes, e uma demanda externa que se mantém aquecida, somado ao fato de os estoques indicarem tendência de diminuição, ajudam a segurar os preços nestes níveis médios. Mas não se pode ignorar que tais preços estão há meses estacionados neste ponto, enquanto os custos de produção subiram, pelo menos, 30%, e, em alguns casos, continuam subindo.

Enfim, as exportações de soja por parte do Brasil devem chegar a um novo recorde em 2022, diante de uma safra nova esperada entre 142 e 144 milhões de toneladas. Assim, o volume exportado pode alcançar 90 milhões de toneladas, contra 86 milhões esperados no corrente ano. O esmagamento de soja deverá atingir a 48,5 milhões de toneladas no país no próximo ano, contra os 46,7 milhões estimados para 2021.

Por outro lado, as importações de soja por parte do Brasil, dentro dos acordos comerciais existentes, deve atingir a 400.000 toneladas, com um recuo de 53% em relação ao corrente ano. Esta soja vem especialmente do Paraguai.

Assim, somando a produção, os estoques finais de 2021 e as importações, a oferta de soja no Brasil, em 2022, pode chegar a 147,4 milhões de toneladas, subindo 5% sobre o volume de 2021. Enquanto isso, espera-se uma demanda total de 142,1 milhões de toneladas, ou seja, 4% sobre o estimado para o corrente ano. Com isso, os estoques finais de soja no Brasil, em 2022, deverão crescer 11%, passando a 5,31 milhões de toneladas.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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