Mesmo com a queda de 1,0% nos preços desta sexta-feira nos preços médios sobre rodas nos portos, apontada pela Pesquisa Cepea, fruto da queda de 1,37% no dólar, de 1,26% nas cotações de Chicago e de 5 cents no prêmio de junho e de 12 cents no de agosto (os demais permaneceram inalterados), os ganhos da soja durante o mês de maio foram de 11,05% nos negócios de exportação e de 9,98% nos negócios feitos com as indústrias no mercado interno.

Os preços sobre rodas nos portos terminaram o mês na média de R$ 82,58 e de R$ 77,13 no interior. Os motivos são três:

a) o dólar, que chegou a ter valorização de até 2,16%, embora tenha fechado o mês com apenas 0,04%;

b) adversidades climáticas sobre a soja americana, que atrasou consideravelmente o plantio e fez o mercado buscar proteção nos mercados futuros;

c) a continuação dos problemas com a China, com a adição de novas picuínhas dos dois lados, embora o conflito esteja agora em segundo plano, porque a demanda chinesa foi reduzida com o abate de um volume considerável de suínos do país, afetados pela peste africana.

Mas, a China tem três trunfos poderosos na mão: mais de US$ 1,7 trilhões comprados em títulos do Tesouro americano que, se vendidos, podem afetar seriamente a economia daquele país; 95% das minas das “terras especiais”, que são matéria prima de 85% da indústria eletrônica dos EUA, inclusive a bélica e de celulares, estão localizadas em território chinês e podem ser usadas nesta guerra comercial; finalmente, nesta sexta-feira autoridades chinesas declararam que podem colocar empresas americanas na lista de “empresas não confiáveis”. E segue a disputa.



Na ronda dos estados, semana negociou mais 1,0 MT, embora os compradores tenham se afastado do mercado nesta sexta

Os vendedores brasileiros continuam seguindo os nossos conselhos de um mês atrás e vendendo quando o dólar e Chicago sobem (porque há fatores limitantes no horizonte para as altas destes dois fatores – redução da demanda chinesa e grande produção sul americana no caso da soja e encaminhamento da reforma da Previdência, no caso do dólar).

Nesta semana estima-se que tenham sido negociadas mais 1,0 MT de Origem no Brasil e outras 400 mil tons na Argentina. A estimativa da T&F Consultoria é de que o Brasil ainda disponha de aproximadamente 65 MT de soja em grão para negociar, entre mercado interno e externo, até o fim desta temporada.

Clima foi o principal fator, mas China e América do sul continuam no radar

A semana esteve dominada praticamente pelo fenômeno climático que afeta o desenvolvimento do plantio nos EUA. Assim, o mercado foi incorporando sessão por sessão as dificuldades em semear por causa das chuvas e excessos de umidade.

Em primeiro lugar, logo depois dos feriados de segunda-feira, os operadores receberam com pessimismo os dados oficiais do USDA sobre o avanço dos trabalhos no campo. Segundo o relatório semanal, o plantio estava em apenas 29% da área, contra 66% de média histórica para esta época do ano. Ainda que falte um bom tempo a ser percorrido, a incerteza e o temor já se instalaram no mercado, uma vez que os prognósticos climáticos continuam para as próximas semanas, com níveis de precipitações que dificultariam as tarefas em diversas regiões produtivas.

Deste modo, o clima esteve no foco principal das atenções e os fundamentos baixistas pareceram ficar de lado. Contudo, a disputa comercial entre EUA e China permanece no cenário, ainda que em segundo plano e é um elemento que impede uma maior recuperação dos preços.

O último lance desta sexta-feira foi que a China teria decretado que não compraria mais soja americana. Além disso, continuam as preocupações pelo avanço da febre africana sobre o rebanho suíno da China, atentando contra os estoques e produção de carne, o que traria menor demanda de soja e farelo para alimentação animal, pelo menos a curto prazo.

Finalmente o terceiro elemento é a grande oferta de soja da América do Sul, que também é um fator que limita a alta dos preços.

Fonte: T&F AGROECONÔMICA


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