A semana foi caracterizada pela presença de baixos acumulados de chuva em todas as regiões do Estado e favoreceram o desenvolvimento da cultura pelo aumento do teor de umidade do solo e redução das altas temperaturas. Produtores aproveitaram as condições do tempo mais favoráveis para realizar tratos culturais.
Os cultivos avançam no ciclo e 22% já chegaram na fase de enchimento de grão
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a sequência de dias sem chuvas, associados com temperaturas elevadas consolida o quadro de estiagem na Fronteira Oeste, onde muitas lavouras apresentam perdas consideradas irreversíveis. As precipitações, quando ocorrem, não tem sido suficientes para retomada do desenvolvimento das plantas.
Produtores são orientados a controlar as infestações de ácaros e tripes nas lavouras com potencial produtivo, especialmente naquelas em fase de desenvolvimento vegetativo. Nas áreas com pivô central, onde foi cultivado milho na primeira safra, está sendo realizado plantio da oleaginosa. Em Santana do Livramento, as perdas estimadas chegam a 25%; em Alegrete, 30%; e em Itacurubi, 60%. Em Rosário do Sul e Manoel Viana, produtores aplicam inseticidas e fungicidas nas lavouras com melhor potencial e que foram beneficiadas por chuvas.
Nas demais áreas as perdas estimadas já alcançam, respectivamente, 45% e 40%. Na Campanha, as plantas responderam bem às chuvas das últimas duas semanas. Apesar dos volumes variados, na maior parte das localidades melhorou os níveis de umidade do solo, refletindo em emissão de novas folhas e com floração abundante. Há lavouras com falhas de estande decorrentes da falta de chuvas e altas temperaturas em dezembro, que se reflete no baixo porte das plantas e nas entrelinhas que devem permanecer abertas até o final do ciclo. A perda de folhas é localizada em lavouras com solos rasos e com problemas de compactação, além de ser observada em maior intensidade nas áreas com menores acumulados de chuva.
A queda nas temperaturas também reduziu o estresse, proporcionando boas condições para realização das pulverizações de fertilizantes foliares e defensivos. O monitoramento das lavouras indica o surgimento de oídio e de mancha parda em intensidade baixa, com sintomas concentrados nas folhas do terço inferior das plantas. A presença de ácaros ainda é observada em praticamente todas as lavouras, sendo necessária aplicação de acaricidas.
Infestação de percevejos encontra-se bastante variada, e a presença de broca das axilas e de lagartas reduziram. Na de Caxias do Sul, as perdas estagnaram devido às chuvas que ocorreram em volumes consideráveis na maioria dos municípios. As plantas recuperaram sua turgidez, apesar de já ter havido abortamento de flores e vagens, devido à falta de umidade e altas temperaturas.
Na regional de Erechim, 50% dos cultivos estão em desenvolvimento vegetativo, e 50% em floração e iniciando a formação de vagens. Em geral, as plantas se apresentam com o tamanho reduzido, o que reduz a cobertura vegetal para o fechamento das linhas. Em alguns casos, apresentam abortamento de flores, devido ao déficit hídrico e às altas temperaturas.
As chuvas amenizaram a paralisação do desenvolvimento das plantas. Nas de Frederico Westphalen, Santa Maria, Pelotas e Passo Fundo, as chuvas apresentaram volume variável e distribuição heterogênea e amenizaram a situação. No entanto, já ocorreram impactos nas plantas durante o desenvolvimento vegetativo, acarretando em lavouras com pequena área foliar, e que tiveram efeitos diretos na diminuição dos componentes de produção – número de vagens, de grãos por vagem e peso dos grãos. As precipitações contribuíram para redução do abortamento de vagens na fase inicial, logo após a floração. As perdas variam entre as localidades e chegando em até 38%. A condição de calor e falta de umidade ocasionou presença de tripes, exigindo monitoramento e controle.
Na regional de Ijuí, os cultivos evoluem para o estádio reprodutivo, com baixo potencial e grande variabilidade no desenvolvimento das plantas. Mais de 50% da área cultivada se encontra entre os estádios de floração e formação de grãos. O retorno das precipitações entre os dias 24 e 26/01 minimizou os impactos da estiagem nas lavouras onde os volumes acumulados foram superiores a 25 milímetros. Mas insuficientes para reverter o cenário de estiagem e de perdas. Nos municípios do corede Celeiro, foi possível realizar o plantio onde a umidade do solo se aproximou da ideal. Alguns produtores optaram por realizar replantio sobre as áreas onde a cultura estava em estádio de granação e apresentava pouco potencial produtivo.
As perdas de produtividade se acentuam nas áreas em estádio reprodutivo, diante da baixa estatura e número reduzido de folhas das plantas. Segue intenso o abortamento de flores. A estimativa de diminuição do potencial produtivo é superior a 50%. As lavouras em formação de vagens e grãos apresentam pouca formação de legumes e baixo número de grãos por vagens. Ao mesmo tempo aumenta a morte de plantas por falta de água, diminuindo gradativamente o estande das lavouras. Produtores realizaram o controle de tripes e focos de lagartas para evitar maior perda de área foliar das plantas.
Na de Santa Rosa, em localidades que choveu, alguns produtores retomaram o plantio em solos com umidade suficiente para boa germinação. Das lavouras, 30% estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 49% em florescimento, 19% em enchimento do grão e 2% em maturação. Nas lavouras em floração e emissão de vagens que foram beneficiadas pelas chuvas, há brotação de novas gemas de folhas apicais e flores, uma vez que a maioria das variedades são de ciclo indeterminado. Plantas que na fase adulta ainda podem emitir novas brotações e flores se receberem boa umidade no solo, formam novas vagens e reduzem as perdas de produção. Por outro lado, esta condição pode causar maturação desuniforme, prejudicando a colheita no final da safra. A presença de umidade possibilitou a retomada das pulverizações de herbicida, de fungicida para ferrugem e de inseticidas para o controle de ácaro e tripes.
Produtores investem nas áreas com potencial superior a 900 quilos por hectare. As perdas estimadas chegam a 60%, e a produtividade média chega em 1.312 quilos por hectare. Produtores solicitam vistoria das lavouras para encaminhamento de Proagro, circunstância que causa preocupação aos agentes financeiros e fiscais devido à grande demanda de vistorias. Nas que vem ocorrendo, muitas lavouras apresentam perda total, sendo elaborado laudo único e liberada a lavoura para o pastejo das plantas secas como recurso extremo para alimentar os animais.
Na de Soledade, 50% das áreas estão na fase inicial de desenvolvimento, com replante em grande parte desse percentual devido as falhas de plantas, 40% nas fases de florescimento
e em formação de vagens e 10% em enchimento de grãos no Alto da Serra do Botucaraí. Com semeadura melhor distribuída dentro do período indicado pelo ZARC, o replantio foi pouco expressivo no Vale do Rio Pardo. A cultura sente o impacto da estiagem. Em geral, as lavouras implantadas no início do zoneamento agrícola, têm altura de plantas abaixo do normal e entrenós curtos. Os efeitos marcantes são percebidos nas cultivares precoces, que se encontram em enchimento de grãos. O retorno das chuvas as favoreceu, embora não as recupere, principalmente no número de vagens. Nas de implantação tardia, proporcionou a retomada do crescimento e do desenvolvimento inicial.
Programa Monitora Ferrugem RS
No período de 17 a 24/01/22 houve predominância de esporos da ferrugem asiática da soja nas regiões Central e Noroeste do Rio Grande do Sul. A detecção de esporos é um indicativo da presença do patógeno no ambiente, e nestes locais recomenda-se aos técnicos e aos produtores observância das condições climáticas para o manejo da ferrugem. As condições ótimas de temperatura para o processo de infecção são entre 18°C e 25°C, umidade relativa do ar acima de 75% e, no mínimo, seis horas molhamento folhar.
Condições extremas de temperatura, abaixo de 10°C ou acima de 26°C, podem afetar a germinação dos esporos. Nessas condições, o período de molhamento requerido, é acima
de 10 horas.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, identificou cotação média da saca com incremento de 3,76% em relação à da semana anterior, passando de R$ 178,02 para R$ 184,72. O produto disponível em Cruz Alta também teve elevação de 3,78%, comercializado a R$ 192,00.
Na região de Santa Rosa, produtores que terão perda total das lavouras e que tem contratos de entrega de soja futura estão preocupados, uma vez que muitos não terão o produto, e há cláusulas penais leoninas para quem não entregar o produto físico contratado.
Fonte: Emater-RS