Em muitas propriedades agrícolas produtoras de grãos, é comum observar sistemas de produção onde a soja é tida como a cultura principal, sendo sucedida pelo milho na modalidade safrinha (segunda safra), onde as condições climáticas permitem essa modalidade de cultivo. Entretanto, mesmo sendo a soja considerada a cultura principal, o milho safrinha também desempenha função econômica em muitas propriedades agrícolas, sendo responsável por uma significativa parcela da receita em muitos casos.
Com isso em vista, assim como para a cultura da soja, boas produtividades são almejadas para o milho, sendo essencial para tanto, proporcionar boas condição para o crescimento e desenvolvimento da cultura. Embora muitos fatores possam exercer influência sobre a produtividade do milho, a matocompetição está entre os principais responsáveis por limitar a produtividade do milho.
As plantas daninhas matocompetem com o milho por recursos como água, radiação solar e nutrientes, restringindo a disponibilidade desses recursos para a cultura, principalmente quando há uma relação de planta dominante e dominada, onde a planta daninha se sobrepões a planta cultivada.
Ainda que seja considerada uma cultura agrícola, quando inserida em lavouras de milho, a soja é considerada uma planta daninha. É comum observar plantas espontâneas (“tiguera”) de soja em lavouras de milho safrinha, como resultados das perdas de colheita da soja. Sob condições adequadas de temperatura e umidade, as sementes residuais de soja na área de cultivo germinam, dando origem às plantas de soja tiguera.
Embora esse termo “tiguera”, seja muito atribuído ao milho em casos opostos, os danos ocasionados pela soja espontânea em lavouras de milho podem ser significativos, devendo-se adotar as devias medidas de manejo. Conforme apresentado por Autieres Farias, pesquisador da Fundação MT, no II Seminário Mato-Grossense Sobre Manejo da Resistência e baseado nos dados de Rizzardi, a presença de soja voluntária (tiguera) no cultivo do milho, reduz significativamente a produtividade da lavoura, sendo que para a densidade populacional de quatro plantas de soja por metro quadrado, reduções na ordem de 14% são observadas na produtividade do milho.
Figura 1. Efeito de diferentes densidades de soja voluntária na redução da produtividade do milho.
As perdas de produtividade em milho ainda são acentuadas com o aumento populacional da soja espontânea. Logo, o controle eficiente dessa planta daninha é fundamental para evitar perdas produtivas na cultura do milho.
Vale lembra que em função da maioria das cultivares modernas de soja apresentarem a tecnologia RR (Roundup Ready), ou alguma variação dela, o herbicida glifosato, tradicionalmente utilizado na dessecação pré-semeadura, não demonstra eficiência para o controle da soja tiguera, sendo necessário utilizar outras ferramentas de manejo, tais como herbicidas de diferentes mecanismos de ação. Sobretudo, fica evidente a necessidade de controlar a soja tiguera visando evitar perdas produtivas no milho safrinha.
Veja Mais: Sistema soja/milho é a melhor opção visando a boas produtividades?
Referências:
FARIA, A. CONTROLE DE MILHO E SOJA TIGUERA. II Seminário Mato-Grossense sobre Manejo da Resistencia. Cuiabá, jul. 2019. Disponível em: <https://b73f4c7b-d632-4353-826f-b62eca2c370a.filesusr.com/ugd/48f515_dba25b8d58fb48ffab6ca47c599bd0d5.pdf>, acesso em: 14/03/2023.