As plantas geneticamente modificadas (transgênicas) são cultivadas mundialmente, e essa tecnologia tem se espalhado pelo mundo desde que a primeira planta transgênica foi disponibilizada para os agricultores em 1994, com a cultura do tomate. Atualmente soja, milho e algodão transgênicos ocupam a maior área cultivada. Essas plantas podem apresentar resistência a insetos, resistência a herbicidas ou ambos.

Para reduzir as aplicações de inseticidas, pesquisadores desenvolveram plantas de soja, milho e algodão geneticamente modificadas para produzir proteínas inseticidas, codificadas por genes da bactéria de solo Bacillus thuringiensis (Bt). As plantas Bt permitiram a diminuição das aplicações, conservação de inimigos naturais e aumento de produtividade. A área plantada com plantas Bt mundialmente aumentou de 1,1 milhões de hectares em 1996 para 66 milhões de hectares em 2011.

A habilidade dos insetos de se adaptar aos inseticidas e outras táticas de controle levou à conclusão de que a evolução da resistência em insetos-praga é uma ameaça ao sucesso contínuo das lavouras Bt, pois à medida que a tecnologia foi sendo adotada mundialmente, aumentaram também os casos de resistência (Figura 1).

Figura 1 – Área cultivada com plantas Bt e casos de resistência detectados mundialmente desde 1996.

Fonte: TABASHNIK et al., 2013.

Em estudo conduzido por Tabashnik et al. (2013), foi realizado um levantamento  dos casos de resistência de insetos às plantas Bt. Detectou-se um total de 24 casos envolvendo 13 espécies de lepidópteros e coleópteros, as quais são alvo de seis proteínas Bt em milho e algodão transgênicos, em oito países diferentes.

O número cumulativo de espécies-praga resistentes às toxinas Bt, ou com eficácia de controle reduzida, aumentou de uma em 2005 para cinco em 2010 (Figura 2). Esses cinco casos incluem resistência de três pragas a milho Bt (Busseola fusca, Diabrotica virgifera e Spodoptera frugiperda) e de duas pragas a algodão Bt (Helicoverpa zea e Pectinophora gossypiella). Em todos os casos, houve evolução da resistência em menos de 10 anos após a introdução da respectiva tecnologia Bt no mercado.

Figura 2 – Resistência das principais pragas a culturas Bt em 2005 e 2010.

Fonte: TABASHNIK et al., 2013.

A detecção de resistência de S. frugiperda (lagarta-do-cartucho) ao milho Bt com expressão da proteína Cry1F, por exemplo, ocorreu em apenas três anos após o lançamento da tecnologia nos Estados Unidos, sendo considerado um dos casos mais rápidos de evolução de resistência no campo. Também foi o primeiro caso que levou à retirada de uma cultura Bt do mercado.

O crescimento de número de casos de resistência está ligado ao aumento de área plantada com culturas Bt, bem como ao longo período de exposição das pragas à tecnologia. O principal método de prevenção da resistência dos insetos-praga às plantas Bt é a utilização de refúgio com culturas não-Bt, associado à rotação de culturas e utilização de outras formas de controle.

Novas tecnologias transgênicas, envolvendo o uso de RNA interferente (RNAi) e proteínas de fusão, também estão sendo gradualmente introduzidas no mercado, oferecendo alternativas promissoras e inovadoras para o manejo de pragas.

Revisão: Henrique Pozebon, Doutorando PPGAgro – UFSM e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

REFERÊNCIAS:

TABASHNIK, B. E.; BRÉVAULT, T.; CARRIÈRE, Y. Insect resistance to Bt crops: lessons from the first billion acres. Nature biotechnology, v. 31, n. 6, p. 510-521, 2013.

Vitene

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