A média Cepea desta sexta-feira registrou queda de 0,21% nos preços médios do Rio Grande do Sul, para R$720,79/t, contra R$721,31/t do dia anterior. Com isto o acumulado do mês, no estado, subiu para 3,56%, contra 3,78% do dia anterior. Na média apurada pelo CEPEA os preços, no Paraná, tiveram leve queda, pelo segundo dia consecutivo, de 0,13%, ficando em R$864,87/ton, contra R$866,22/ton do dia anterior, com alta acumulada no mês atingindo 4,28%, contra 4,31% do dia anterior.
O mercado físico do Rio Grande do Sul esteve menos ofertado. Moinhos com pouca capacidade de compra em função de espaço físico, que está sendo um limitador de compras. E, com a expectativa de aumento de preço, os vendedores também não estão muito animados para a venda no momento. Os preços continuam os normais, em torno de R$ 800,00 dentro dos moinhos o trigo pão e R$ 920,00 o branqueador dentro dos moinhos.
A colheita no estado já atingiu 91% e os lotes mais recentes apresentam perdas tanto em produtividade quanto em qualidade de grão; em muitas lavouras, o cereal ficou com PH abaixo de 72, sendo por isso comercializado apenas para ração animal.
Em Santa Catarina os preços do mercado de lotes continuaram inalterados, ao redor de R$ 750,00/t em Campos Novos e R$ 900,00/t em Chapecó e Mafra. As operações de colheita seguem em ritmo acelerado, segundo relatório da EPAGRI. Já foram colhidos cerca de 41% da área plantada em todo o estado. No Oeste e Extremo Oeste catarinense, onde a colheita está mais adiantada, a estiagem comprometeu o rendimento médio das lavouras de forma diferente.
Na Região de São Miguel do Oeste, o rendimento médio tem ficado na faixa dos 1.800kg/ha, abaixo dos 2.200kg/ha estimados. Contudo, como ainda falta colher a metade da área planta, pode haver melhora no rendimento. Já na região de Chapecó e Xanxerê, onde se estimava inicialmente rendimento médio entre 2.700 e 3.000kg/ha, com mais de 70% da área plantada já colhida, a produtividade média tem ficado na faixa 2.400 a 3.600kg/ha.
Na região de Joaçaba e Campos Novos, o volume de chuvas já atrapalha a cultura do trigo na fase final de enchimento de grãos e maturação. Com pouco mais de 10% da área plantada colhida, as primeiras lavouras tem apresentando rendimento de 2.700 a 4.200 kg/ha. A explicação para esta substancial diferença no rendimento está no fato de que muitos produtores não conseguiram aplicar nitrogênio devido à estiagem, e isso fez toda a diferença. A expectativa, devido aos problemas de estiagem e geadas, é de um rendimento próximo a 3.000 kg/ha. A previsão de conclusão de colheita nessa região é entre o final de novembro e início de dezembro.
Para a região de Canoinhas, que colheu apenas cerca de 8% da área plantada, a situação não é muito diferente das demais. A expectativa é de redução na produtividade média das lavouras. Os eventos climáticos extremos ocorridos em todas as fases de desenvolvimento da cultura causaram o baixo rendimento médio para as primeiras lavouras colhidas. É possível observar plantas com cachos de trigo sem o enchimento dos grãos (espigas vazias). Na medida em que a colheita evoluir, será possível uma melhor avaliação. Chuvas de granizos e ventos fortes também atingiram áreas prontas para colheita, mas com prejuízos localizados.
No Paraná a colheita já está 100% finalizada e a comercialização já atingiu 69%, segundo dados do Deral. Nesta semana houve negócios de 10 mil toneladas aproximadamente, a preços que oscilaram entre R$ 895,00 e R$ 920,00 FOB interior. Neste momento os vendedores estão pedindo no mínimo R$ 930,00 FOB. Mercado com perspectivas de alta a curto, médio e longo prazos.
De São Paulo para cima, os preços permaneceram inalterados, tanto no que se refere ao preço FOB Argentina (US$ 192,00/t), quanto ao dólar, cuja variação semanal foi de apenas 0,01%. Os moinhos continuam se beneficiando da isenção de impostos e do frete marítimo mais barato que o rodoviário nacional.
O trigo uruguaio continua sendo ofertado em Nueva Palmira ao redor de US$ 190,00/tonelada, o que liquidaria algo ao redor de US$ 170 para o produtor no interior do país, o que “não é um grande preço por aqui”, como disse um analista local. Os negócios de venda para o Brasil continuam fracos nesta temporada, pelo menos por enquanto, mas podem aumentar, devido à boa qualidade do trigo local.
O trigo paraguaio está com preços inalterados em relação à semana passada, ao redor de US$ 205 em Campo 9. Já os moinhos brasileiros não oferecem mais do que US$ 210 no Oeste do estado (quando o frete é de aproximadamente US$ 15,00, então o preço deveria ser de US$ 220 CIF) e US$ 230,00 no sul do MS. Os preços mais para o interior do PR, SP e RS são proibitivos, no momento.
Sobre o trigo argentino, muitos moinhos brasileiros estão ficando receosos com disponibilidade e preço. Fala-se hoje em 9 milhões e pouco já compradas (8,44 MT pela exportação e 400 mil pelos moinhos) pra tentar fugir do novo governo. Os preços FOB Estivado atuais estão ao redor de US$ 192 novembro, US$ 190 dezembro, US$ 192 janeiro, US$ 195 fevereiro, US$ 198 março, US$ 202 abril e US$ 204 maio, mas fala-se abertamente em preços a US$ 210/215 a partir de março de 2020, de modo que espera-se uma significativa elevação ainda. Compras nos preços atuais ou coberturas no mercado futuro seriam oportunas.
Fonte: T&F Agroeconômica