Os tripes são insetos pequenos, que medem entre 0,5 a 1,4 mm e são considerados como uma praga secundária na cultura da soja, atacando as folhas mais jovens e de grande importância por serem vetores de vírus como o que é conhecido como “queima do broto”.

Dentre as espécies de tripes de maior importância agrícola, destacam-se as seguintes: Caliothrips brasiliensis, conhecido como “tripes carijó”, que ataca a soja, além de algodão, amendoim, batata, ervilha, feijão, etc.; Frankliniella spp., que atacam, entre outros cultivos, a soja, os citros, o feijão e o tomate. Heliothrips haemorrhoidalis, que ataca, principalmente, os citros; Caliothrips phaseoli, que ataca, basicamente, algodão e feijão e Thrips tabaci, que ataca alfafa, alho, cebola, ervilha e feijão, principalmente.

Saiba mais sobre a praga

Os tripes se desenvolvem de maneira paurometabólica, ou seja, dos ovos eclodem as formas jovens ou ninfas, semelhantes ao adulto, e que só atingem a maturidade sexual após o terceiro instar, que também é conhecido por pré-pupa. Existem espécies de tripes que se alimentam de esporos de fungos e, em menor escala, espécies predadoras, que se alimentam de ácaros, pulgões, cochonilhas e até de outros tripes.

Entretanto, de modo geral, os tripes alimentam-se da seiva de plantas hospedeiras. São considerados polífagos, atacando várias espécies de plantas cultivadas de importância econômica, causando danos consideráveis.

Figura 1: Larva ou ninfa de Caliothrips phaseoli.

Fonte: Andrew Derksen.

Em lavouras de soja, podem ser encontradas várias espécies, como Caliothrips impurus, C. phaseoli, Frankliniella schultzei, Frankliniella tritici, Neohydatothrips sp., Scirtothrips dorsalis, Sericothrips occipitales, Sericothrips variabilis, Taeniothrips sjostedti, Thrips palmi e T. tabaci (CABRERA et al., 2006), além do tripes carijó, C. brasiliensis e do tripes marrom, F. schultzei, que são as espécies mais comuns em lavouras de soja.

Danos

Estes insetos raspam os folíolos das plantas, sugando a seiva, causando, como consequência da retirada desta, o aparecimento de pequenas áreas descoradas, as quais, em caso de ataque intenso, conferem uma coloração prateada aos mesmos.

Entretanto, há também os danos indiretos destes insetos como transmissores de doenças viróticas. Algumas espécies de tripes são capazes de transmitir tospovírus (GENT et al., 2004), como F. schultzei, F. occidentalis e T. tabaci, cuja a ocorrência já foi relatada no Brasil.

Essas espécies de tripes são responsáveis pela transmissão do vírus da “queima-do-broto-da-soja” ou “tobacco streak vírus” (TSV), as quais provocam a queima do broto apical da planta, normalmente associado à sua curvatura para baixo (Figura 1b). Como consequência, as plantas ficam nanicas, ou seja, não crescem mais ou crescem muito pouco, ocorre uma atrofia dos folíolos e folhas novas, conferindo um aspecto de superbrotamento a estas plantas, tornando-as improdutivas (SOSA-GÓMEZ et al., 2010).

Figura 1. Adulto de tripes (a) e sintoma da queima-do-broto em plantas de soja (b).

Fonte: I.C. Corso e A.M.R. Almeida.

Em trabalho realizado por Gamundi e Perotti, (2009), na Argentina, com o objetivo de avaliar o dano causado por Frankliniella schultzei e Caliothrips phaseoli em diferentes estágios fenológicos da cultura da soja, obtiveram os resultados a seguir.

Tabela 1: Altura e número de folíolos por planta e índice de área foliar logo após a incidência de F. schultzei e C. phaseoli em diferentes estágios fenológicos da soja. Oliveros 2008/09.

Fonte: Gamundi e Perotti, (2009).

Tabela 2 – Rendimento, número de grãos/m2 e peso de grãos logo após a incidência de F. schultzei e C. phaseoli em diferentes estágios fenológicos da soja. Oliveros 2008/09.

Fonte: Gamundi e Perotti, (2009).

Figura 2 – Evolução da população de C. phaseoli no tratamento testemunha sem controle, em duas condições de disponibilidade hídrica durante os diferentes estágios fenológicos da soja. Oliveros 2008/09.

Fonte: Gamundi e Perotti, (2009).

Figura 3 – Evolução da população de F. schultzei no tratamento testemunha sem controle, em duas condições de disponibilidade hídrica durante os diferentes estágios fenológicos da soja. Oliveros 2008/09.

Fonte: Gamundi e Perotti, (2009).

Acesse o trabalho completo clicando aqui.

Manejo e controle de tripes

Antes de aplicar medidas de controle, é preciso avaliar a presença de tripes em toda a cultura, examinando vários pontos da lavoura, principalmente os que estão a favor do vento, para verificar a extensão do ataque nas plantas aparentemente não infestadas. Uma forma de amostrar, quando não existe a disponibilidade de uma lupa de aumento apropriado (10 vezes), consiste em bater os folíolos sobre uma folha de papel branca e verificar a presença de tripes. Porém, quando a detecção é tardia, a infestação pode estar generalizada, tornando-se necessária a aplicação na área total.

Para tripes, existem várias opções para o manejo e controle de suas populações, visando reduzir ou eliminar seus danos à cultura da soja. Costa e Almeida (1978) e Moscardi et al. (1980) sugerem que, inicialmente, deve-se proceder a eliminação de plantas daninhas ou plantas da vegetação espontânea, hospedeiras de tripes e, principalmente, de suas viroses, como no caso da cravorana, próximas das áreas a serem semeadas com soja.

A rotação de cultura com espécies não hospedeiras de tripes também pode ser uma solução viável. O milho não é colonizado pelos tripes, sendo indicado para substituir a soja, por um período de dois a três anos, naquelas lavouras com histórico de ataques severos do inseto. Isso promoveria uma redução populacional de tripes virulíferos e, consequentemente, da incidência da doença.

Também pode ser realizada a aplicação de inseticidas fosforados sistêmicos e seletivos aos inimigos naturais, registrados para as culturas. Os tripes incrementam sua população em pouquíssimos dias, sendo indispensável um rápido tratamento e uma constante observação às plantações para evitar a sua propagação.

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Elaboração: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.  

 

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