A semente pode ser considerada um dos principais se não o principal insumo de uma lavoura, sendo possível afirmar que “uma boa lavoura começa por uma boa semente”, e uma semente de qualidade deve conter bons atributos fisiológicos, físicos, genéticos e sanitários.
Dentre os atributos fisiológicos de maior importância de uma semente podemos citar a germinação e vigor. Embora ainda não exista conceito definido para vigor de sementes, é consenso que ele está relacionado com a velocidade de germinação e estabelecimento de plântulas. Sementes de alto vigor propiciam a germinação e a emergência das plântulas de maneira rápida e uniforme, resultando na produção de plantas de alto desempenho, com potencial produtivo mais elevado (França-Neto et al., 2016).
Conforme observado por Scheeren et al. (2010), sementes de alto vigor podem resultar em produtividade média até 9% superior a sementes de baixo vigor. Logo, fica evidente a contribuição do vigor das sementes para o aumento da produtividade da soja.
Embora o teste de envelhecimento acelerado possa ser considerado um dos mais indicados para avaliar o vigor de sementes de soja (Marcos Filho; Novembre; Chamma, 2000), ainda não existe teste padronizado para determinar o vigor de sementes de soja, sendo possível a realização de outros testes como o índice de velocidade de emergência, massa seca de plântulas, entre outros.
Tamanho de sementes de soja
Para iniciar o processo de germinação, uma semente de soja precisa absorver água em quantidades equivalentes a 50% do seu peso (Potafos), sendo assim, assume-se que quanto maior a semente, maior a necessidade de água para germinar. Por outro lado, sementes maiores tendem a apresentar maior reserva de nutrientes, contribuindo para um melhor estabelecimento da plântula.
Conforme destacado por Krzyzanowski et al. (2008), existe uma grande variedade de tamanho de sementes de soja, as quais normalmente são classificadas em diferentes tamanhos de peneira, podendo variar de 5 mm a 8 mm (Figura 1). Tendo em vista que sementes maiores tendem a apresentar maior quantidade de reservas e necessitam maior quantidade de água para germinar, é possível o que tamanho da semente possa influenciar em atributos fisiológicos como o vigor.
Figura 1. Variação de tamanho em sementes de soja classificadas em peneiras de furo circular.

Avaliando a influência do tamanho da semente na qualidade fisiológica da soja, Coelho et al. (2019) observaram que dentre as sementes avaliadas e armazenadas por diferentes períodos, as sementes de peneira 6 mm foram as que apresentam maior taxa de matéria seca de plântula, podendo esse, ser um indicador do vigor das sementes.
Tabela 1. Interação da taxa de massa de matéria seca da plântula em quatro datas distintas por três peneiras de semente de soja, cultivar BMX. Bônus IPRO e as médias da massa de matéria seca de plântula das peneiras em laboratório da FACEG, 2018 (Coelho et al., 2019).

Os autores também observaram maior índice de velocidade de emergência para as sementes classificadas como peneira 6 mm, o que em complemento aos resultados obtidos de massa seca de plântula, indicam maior vigor dessas sementes em relação aos demais tamanhos de peneira avaliados, destacando a relação entre o tamanho de sementes o vigor de sementes.
Normalmente o tamanho de sementes utilizado para semeadura de soja em escala comercial varia entre 5,5 mm e 6,5 mm conforme a classificação de peneiras. Embora uma séria de fatores, tais como a deterioração das sementes possam influenciar na qualidade fisiológica delas, com base nos resultados apresentados por Coelho et al. (2019) é possível observar que existe uma relação entre o vigor e tamanho de sementes, onde para o presente estudo, os melhores resultados foram obtidos com o uso de sementes de 6 mm.
Confira o Trabalho completo de Coelho et al. (2019) clicando aqui!
Veja mais: Sementes de soja – tamanho é documento?
Referências:
COELHO, E. B. et al. INFLUÊNCIA DO TAMANHO DA SEMENTE NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SOJA. Coelhoet al-Ipê Agronomic Journal, 2019. Disponível em: < http://anais.unievangelica.edu.br/index.php/ipeagronomicjournal/article/view/4330/2601 >, acesso em: 04/10/2021.
FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTE DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 04/10/2021.
KRZYZANOWSKI, F. C. et al. A SEMENTES DE SOJA COMO TECNOLOGIA E BASE PARA ALTAS PRODUTIVIDADES – SÉRIE SEMENTES. Embrapa, Circular Técnica, n. 55, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/457138 >, acesso em: 04/10/2021.
MARCOS FILHO, J.; NOVEMBRE, A. D. C.; CHAMMA, H. M. C. P. TAMANHO DA SEMENTE E O TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO PARA SOJA. Scientia Agricola, v.57, n.3, p.473-482, jul./set. 2000. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/sa/a/B6x6ywks6SdrfXsXJVmrzjp/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 04/10/2021.
POTAFOS. COMO A PLANTA DE SOJA SE DESENVOLVE. Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Como%20a%20Planta%20da%20Soja%20Desenvolve.pdf >, acesso em: 04/10/2021.
SCHEEREN, B. R. et al. QUALIDADE FISIOLÓGICA E PRODUTIVIDADE DE SEMENTES DE SOJA. Revista Brasileira de Sementes, vol. 32, nº 3 p. 035-041, 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbs/a/3T8MXrBj7RhsWQtznXdLktS/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 04/10/2021.
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