O aumento de produtividade aliado a sustentabilidade e rentabilidade de cultivos agrícolas é fonte de pesquisa e almejada por inúmeros produtores rurais. Se tratando de sustentabilidade de sistema produtivo, inúmeras práticas de manejo visão proporcionar aumento da sustentabilidade vinculada ao aumento produtivo, sendo uma da principais o adubação de sistema.

Com o crescente aumento nos custos de produção e considerável participação dos fertilizantes nisso, a busca por estratégias que possibilitem maior eficiência do uso de fertilizantes e maior aproveitamento dos mesmos vem sendo tema de debates. Uma das principais e mais questionadas é a adubação de sistema. Tema de Série de eventos on line denominado Webinar Mais Lucro/ha da Embrapa, a Adubação de sistema e manejo de nitrogênio em trigo foi abordada pelos agrônomos Giovane Faé (Embrapa Trigo), José Salvador Foloni (Embrapa Soja); Diego Guterres (Yara Brasil).

Mas é possível realizar a adubação da cultura de verão no inverno? Quais as implicações, vantagens e desvantagens?

Uma das principais vantagens de realizar a adubação de sistema esta relacionada a maior distribuição de fertilizantes no solo, uma vez que a espaçamento entre linhas do trigo é inferior em comparação ao espaçamento entre linhas da cultura da soja. Além disso, levando em consideração o cultivo do trigo, a adubação de sistema proporciona maior aporte nutricional a ela, possibilitando também maior produção de biomassa e palhada residual para a cultura sucessora.

Conforme apresentado no Webinar, nutrientes como o Potássio (K) são rapidamente disponibilizados da palhada residual para a cultura sucessora, possibilitando assim maior absorção pelas plantas.



Figura 1. Liberação de potássio em resíduos culturais em função do tempo.

Fonte: Embrapa

Outro fato interessante, é que a adubação de sistema permite maior ganho operacional na semeadura de culturas de verão como a soja, uma vez que menores quantidades de fertilizantes são fornecidos ao sistema nesse momento. Entretanto, uma das premissas destacadas por José Salvador para realizar a adubação de sistema é que a lavoura apresente níveis altos de fósforo e potássio, ou seja, “fertilidade construída”,

Dessa forma, deve-se realizar a adubação de manutenção, o que não penalizará a produtividade da soja quando realizada a adubação na cultura de inverno. Salvador chama atenção também para o pH do solo, sendo necessário o monitoramento dele  pelo menos nas camadas de 0-20cm ,  visando quantifica-lo e  trabalhar em níveis de pH adequados que possibilitem a melhor disponibilidade e absorção de nutrientes.

Figura 2. Disponibilidade de nutrientes no solo em função do pH.

Embrapa (2013).

José Salvador salienta que a “Adubação de sistema não é subtrair a adubação, é manter a adubação para níveis altos, a adubação de manutenção”. A adubação de sistema, aumenta a oferta de fertilizantes para o trigo no inverno, proporcionar proteção do fertilizantes contra perdas (erosão e lixiviação), reduz efeito salino dos fertilizantes, especialmente altas doses de potássio, além de proporcionar liberação de nutrientes para a cultura da soja após a decomposição da palhada residual do trigo. Dessa forma, é possível afirmar que a adubação de sistema não visa a não adubação na cultura da soja, mas sim a realização da adubação de manutenção, visto que anteriormente os níveis de fertilidade foram ajustados na cultura de inverno.

E com relação a adubação nitrogenada, o que muda?

Tendo em vista que a adubação nitrogenada é uma das principais variáveis para o aumento de produtividade de gramíneas e que a adubação de sistema ira promover maior aporte nutricional para a cultura o trigo, a adubação nitrogenada exerce papel fundamental para o aumento da produtividade da cultura.

Contudo, Conforme destacado por Diego Guterres, inúmeros fatores podem interferir na relação entre disponibilidade de nitrogênio e produtividade do trigo, uma vez que desde a fonte de N ao material genético podem induzir respostas distintas. Sendo assim, para um adequado fornecimento de Nitrogênio, deve-se conhecer a resposta da cultivar a adubação nitrogenada, as condições de clima e ambiente, assim como a produtividade desejada.

Fatores como a cultura antecessora, bem como o período entre um cultivo e outro podem exercer influência da definição da dose de nitrogênio, uma vez que a decomposição da palhada e mineralização de N podem ser distintas variando de acordo com o tipo de palhada, sua relação C/N e a microbiota do solo.

Tabela 1. Doses de nitrogênio na base de semeadura e em cobertura em função da cultura antecessora, resposta da cultivar a altitude da região de cultivo.

Fonte: Embrapa

Tendo em vista que a adubação de sistema proporciona um significativo aporte de nutrientes para a cultura do trigo, o fornecimento de nitrogênio na semeadura é essencial para promover bom desenvolvimento inicial da cultura, entretanto conforme destacado por Diego, deve atentar para a fonte de N utilizada nesse período. Tendo em vista que vários fatores podem influenciar a adubação nitrogenada no trigo mesmo com a utilização da adubação de sistema, deve-se dar atenção especial para o manejo do nitrogênio na cultura, visando não só o incremento de produtividade mas também a lucratividade da lavoura, com base em doses recomendadas dentro do ponto de máxima eficiência econômica e resposta da cultivar.

Considerando os benefícios da adubação de sistema, se bem feita e manejada da foram adequada, ela pode promover maior sustentabilidade e rentabilidade dos cultivos agrícolas. Mas atenção, premissas básicas da fertilidade do solo como pH não podem ser esquecidas para que a adubação de sistema promova o efeito desejado.


Veja mais: Nitrogênio no trigo – quando aplicar?


Confira abaixo o Webinar completo com as dicas e contribuições dos Agrônomos Giovane Faé, José Salvador Foloni e Diego Guterres.


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