ANÁLISE CLIMÁTICA DE NOVEMBRO
Em novembro de 2022, os maiores acumulados de chuva foram registrados principalmente no Matopiba, grande parte das Regiões Norte e Sudeste, além de áreas de Mato Grosso e Goiás, com volumes que ultrapassaram 200 mm, sendo causados pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Na Região Centro-Sul, com exceção de áreas litorâneas, foram registrados menores acumulados de chuva, que não ultrapassaram 120 mm, impactando negativamente os níveis de água no solo.
Na Região Norte foram observados grandes acumulados de chuva, superiores a 150 mm, chegando a mais de 250 mm em áreas do leste do Pará e Tocantins, mantendo os níveis de água no solo elevados. Em áreas de Rondônia e Amapá, os volumes foram inferiores a 150 mm, entretanto mantiveram bons níveis de armazenamento no solo.
Na Região Nordeste, os maiores destaques de grandes volumes de chuva foram observados em áreas do Matopiba e sul da Bahia, com acumulados que ultrapassaram 250 mm, o que contribuiu para a elevação dos níveis de água no solo e favoreceu a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de verão. Em áreas do norte e na costa leste, os volumes foram inferiores a 120 mm, causando uma redução do armazenamento no solo.
Na Região Centro-Oeste, com exceção de áreas do sul de Mato Grosso, Goiás e grande parte de Mato Grosso do Sul, foram registrados volumes de chuva maiores que 150 mm, mantendo o armazenamento de água no solo na maior parte das áreas produtivas e favorecendo as fases inicias dos cultivos. Entretanto, o calor, associado à alta umidade, provocaram temporais e chuvas de granizo, que atingiram algumas lavouras de soja e milho primeira safra em áreas de Goiás e Mato Grosso do Sul.
Em parte da Região Sudeste foram observados volumes de chuva acima de 150 mm, mantendo os níveis de água no solo, importantes para as primeiras fases dos cultivos de primeira safra. Entretanto, assim como no Centro-Oeste, em algumas áreas do Sudeste, principalmente em Minas Gerais, foram observadas chuvas de granizo. Em grande parte do centro e oeste de São Paulo, os acumulados de chuva foram inferiores a 120 mm, causando uma certa restrição hídrica aos cultivos localizados principalmente no oeste do estado.
Na Região Sul, com exceção de áreas litorâneas, os acumulados de chuva ocorreram em menor volume, não ultrapassando 120 mm, o que beneficiou a maturação e a colheita dos cultivos de inverno. Entretanto, os baixos acumulados e a irregularidade das chuvas na região causaram restrição hídrica na semeadura e desenvolvimento das lavouras de milho e soja em algumas áreas.
Em relação à temperatura do ar, no início de novembro, uma frente fria, associada a uma massa de ar polar de forte intensidade chegaram à Região Sul, avançando até áreas do Brasil Central, ocasionando diminuição das temperaturas, eventos de geada e até registro de neve em áreas do Planalto de Santa Catarina. As baixas temperaturas limitaram o crescimento das culturas, e a ocorrência de geadas causaram danos, principalmente, nas lavouras de milho primeira safra.
CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA
Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 30 de outubro e 26 de novembro de 2022. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias negativas de até -1 °C, chegando a valores menores que -2 °C na costa oeste da América do Sul, indicando a persistência de temperaturas mais frias nestas regiões. Já na região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de
TSM durante novembro permaneceu negativa, indicando a persistência de uma La Niña com intensidade fraca à moderada e com valores de anomalia em torno de -1 °C. Entretanto, nos últimos dias do mês houve uma ligeira tendência de aumento das temperaturas, chegando a uma anomalia de cerca de -0,9 °C.
A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI),indica que as condições de La Niña ainda devem continuar durante o final da primavera até meados do verão (novembro de 2022 a janeiro de 2023), com probabilidade de 91%. No entanto, os modelos indicam uma possível transição para a neutralidade a partir de fevereiro de 2023, com probabilidade de 65%.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO DEZEMBRO DE 2022, JANEIRO E FEVEREIRO DE 2023
Segundo o modelo do Inmet, as previsões climáticas para os próximos três meses são mostradas na figura abaixo. Em grande parte da Região Norte e em áreas do norte da Região Nordeste há previsões de chuva dentro ou acima da média climatológica. Em áreas do Matopiba, o modelo indica chuvas dentro ou abaixo da média, principalmente em janeiro de 2023, e chuvas irregulares em fevereiro, o que pode impactar negativamente os níveis de água no solo e as culturas que se encontrem em fases fenológicas mais sensíveis.
Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, a previsão trimestral indica chuvas dentro ou ligeiramente acima da média em São Paulo, nordeste de Mato Grosso do Sul e centro e oeste de Mato Grosso, mantendo os níveis de água no solo e beneficiando o desenvolvimento das culturas de verão no campo, como a soja, milho, feijão e algodão. Entretanto, em Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e Espírito Santo, além de áreas centrais e do oeste de Mato Grosso do Sul, o modelo aponta para um possível veranico entre janeiro e fevereiro, com chuvas abaixo da climatologia, o que pode impactar negativamente os níveis de água no solo e as culturas que se encontrarem em estágios fenológicos mais sensíveis.
Na Região Sul, a previsão da continuidade de condições de La Niña, pelo menos até meados de janeiro, pode influenciar na redução das chuvas e, consequentemente, redução dos níveis de água no solo em grande parte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, impactando negativamente as culturas que se encontrarem em fases fenológicas mais sensíveis, como soja e milho primeira safra. No entanto, no Paraná, o modelo aponta para chuvas dentro ou acima da média nos próximos três meses, mantendo os níveis de água no solo, o que pode favorecer as culturas de verão, como soja, milho e feijão.
Em relação à temperatura média do ar, há previsão de temperaturas dentro da média climatológica em grande parte do país, com exceção de áreas do leste do Brasil, compreendendo uma faixa que vai do Paraná à Bahia, onde há previsão de temperaturas dentro ou acima da média. Já em grande parte da Região Norte, a alta nebulosidade e os acumulados de chuva acima da média previstos pelo modelo podem acarretar em temperaturas dentro ou ligeiramente abaixo da média, principalmente em dezembro de 2022.
Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet.
Fonte: Conab