A cotação do trigo, para o primeiro mês pouco oscilou nesta semana, fechando a quinta-feira (05) em US$ 6,09/bushel, contra US$ 6,03 uma semana antes. A média de outubro ficou em US$ 6,06, com aumento de 10,6% sobre a média de setembro. Em relação a outubro de 2019, a média atual é US$ 1,01/bushel superior, ou 20% acima do registrado um ano antes.

A boa demanda internacional e as dificuldades climáticas em muitas regiões produtoras, caso da Argentina, da Rússia e da Ucrânia, dão sustentação às cotações neste momento.

Por sua vez, o plantio do trigo de inverno nos EUA atingia, no dia 01/11, a 89% da área esperada, contra 86% na média histórica. Do total semeado, 71% da área já estava emergido. Por sua vez, 19% da área apresentava condições entre ruins a muito ruins; 38% regulares e 43% entre boas a excelentes.

Já os embarques de trigo por parte dos EUA, na semana anterior, atingiram a 287.059 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado.

Na Argentina, a colheita avança, tendo atingido a 6% até meados da corrente semana, porém, o clima provoca perdas importantes, com a atual safra devendo ficar entre 16 e 17 milhões de toneladas. Se isso se confirmar haverá uma perda entre 23% a 27% em relação ao volume inicialmente projetado.

E aqui no Brasil, a colheita avança no Rio Grande do Sul, apoiada pelo clima seco. A mesma teria atingido a 60% da área, contra a média histórica de 46% para o período. As perdas, por enquanto, estão dimensionadas ao redor de 30%. A produtividade média, em muitas regiões, está ao redor de 35 sacos/hectare, havendo muita variabilidade, com a mesma oscilando entre 10 a 50 sacos/hectare. Devido a seca, parte do produto colhido tem mantido um PH elevado, acima de 78. Já o Paraná, onde a colheita está praticamente encerrada, deverá registrar uma perda de 20% em relação ao volume inicialmente esperado.



Neste contexto, os preços do cereal continuam firmes e em elevação no Brasil, em plena colheita. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 79,35/saco, enquanto no Paraná o produto de qualidade superior ficou em R$ 77,00/saco. Segundo o Cepea/Esalq, o valor médio nominal do trigo em outubro, na negociação entre empresas, atingiu a R$ 77,16/saco, com uma elevação de 11% sobre setembro e 54,5% sobre outubro de 2019. Já no Rio Grande do Sul, a média atingiu a R$ 73,27/saco, ganhando 1,9% sobre setembro e 63,6% sobre outubro de 2019.

Por outro lado, a Abitrigo (Associação Brasileira das Indústrias de Trigo) constata que a perspectiva para 2020/21 é muito difícil para os moinhos, devido ao alto preço interno e ao encarecimento das importações, devido a alta nos valores internacionais e à forte desvalorização do Real, a qual encarece sobremaneira as importações do cereal.

Considerando a produção do Paraná em 3,2 milhões de toneladas, a do Rio Grande do Sul em 2 milhões, a de Minas Gerais em 250.000, a de São Paulo em 290.000, Goiás algo em torno de 140.000, Bahia mais 20.000 toneladas, e Santa Catarina 150.000 toneladas, o total brasileiro neste ano, sem considerar a qualidade do grão, pode chegar a cerca de 6 milhões de toneladas. Isso deverá exigir importações entre 6 a 7 milhões de toneladas em 2020/21 diante do atual consumo anual. E, neste contexto, o câmbio continuará a balizar os preços internos, a partir dos preços de importação, pois há razoável volume de trigo de qualidade inferior no total que está sendo colhido no país.

O Paraná já teria vendido cerca de 800.000 toneladas, faltando entre 2,2 a 2,5 milhões de toneladas a serem comercializadas. Por sua vez, Santa Catarina considera, diante da produção prevista, que terá de importar cerca de 250.000 toneladas, sendo 60.000 do exterior e o restante do Rio Grande do Sul e do Paraná. E no Rio Grande do Sul, as exportações do cereal devem atingir a 700.000 toneladas do total a ser colhido, pois cerca de 150.000 toneladas, inicialmente comprometidas com a exportação, teriam sido renegociadas pelas tradings e direcionadas para o consumo interno.


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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

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