Embora o Selênio (Se) não seja considerado um micronutriente essencial para o crescimento vegetal, seu comportamento é muito semelhante ao do Enxofre (S). As plantas não distinguem entre esses dois elementos, e o Se pode substituir o S em diversas proteínas e enzimas vegetais. Espécies vegetais com alta demanda de S tendem a acumular maiores concentrações de Se. Em níveis elevados, o Se pode causar problemas metabólicos nas plantas; no entanto, não há registros de danos naturais causados pelo acúmulo desse elemento em culturas agrícolas (IPNI).
Há benefícios da adubação com Selênio para a cultura do milho?
Mais recentemente, um estudo realizado por Gorni e colaboradores (2025), intitulado “Selenium fertilization enhances carotenoid and antioxidant metabolism to scavenge ROS and increase yield of maize plants under drought stress”, avaliou o efeito benéfico do Selênio contra o déficit hídrico (WD) por meio da regulação das respostas metabólicas em milho.
Com base nos resultados obtidos no presente estudo, os autores observaram que plantas de milho submetidas ao déficit hídrico (50% da CAD), fertilizadas com Selênio, apresentam aumento no metabolismo total de carotenoides e antioxidantes, resultando em maiores parâmetros de crescimento e rendimento das plantas de milho.
Os resultados obtidos por Gorni et al. (2025), demonstram que a adubação do milho com Selênio melhorou a tolerâncias das plantas de milho ao estresse hídrico, através do controle de espécies reativas de oxigênio (ROS), antioxidantes e metabolismo secundário, aumentando o rendimento de grãos.
Figura 1. Altura de inserção da espiga ( A ), comprimento da espiga ( B ), diâmetro da espiga ( C ), número de fileiras por espiga ( D ), área de grãos ( E ), massa de cem grãos ( F ), peso da espiga ( G ), rendimento de grãos por planta ( H ) e desenvolvimento visual do crescimento da espiga e dos grãos de milho ( I ) na ausência de Se (-Se) e com Se aplicado via foliar (+Se) sob regime hídrico adequado (Controle – 90%) e déficit hídrico (WD – 50%).

Adaptado: Gorni et al. (2025)
Para adubação, o Selênio foi aplicado via pulverização foliar, na concentração de 50 g ha−1 durante o estágio fenológico V3 , aplicado usando selenato de sódio (Na2 Se4 ; Sigma-Aldrich, MM 188,94 g mol−1) como fonte de Se.
Com base nos aspectos observados, Gorni et al. (2025) concluem que a adubação na dose de 50 g ha−1 de Selênio na cultura do milho, proporcionou benefícios ao cultivo, possibilitando o aumento de carotenoides e antioxidantes de plantas de milho sob condições bem irrigadas e sob condições de estresse hídrico, o que contribui para a o aumento da biossíntese de osmolitos, proporcionar maior rendimento de grãos, mesmo sob efeito do estresse hídrico.
Sendo assim, pode-se dizer que, quando posicionado adequadamente, em dose e período, o Selênio pode ser uma interessante ferramenta de manejo da cultura do milho, para mitigar os efeitos de veranicos (estresse hídrico), possibilitando inclusive o aumento da produtividade de grãos da cultura.
Confira o estudo completo desenvolvido por Gorni e colaboradores (2025) clicando aqui!
Referências:
GORNI, P. H. et al. SELENIUM FERTILIZATION ENHANCES CAROTENOID AND ANTIOXIDANT METABOLISM TO SCAVENGE ROS AND INCREASE YIELD OF MAIZE PLANTS UNDER DROUGHT STRESS. Plant Physiology and Biochemistry, 2025. Disponível em: < https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0981942825002037 >, acesso em: 07/03/2025.
IPNI. SELÊNIO. IPNI, Nutri-Fatos: Informações agronômicas sobre nutrientes para as plantas. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-17/$FILE/NutriFacts-BRASIL-17.pdf >, acesso em: 07/03/2025.