O mercado brasileiro de arroz em casca chegou ao final de setembro com preços moderadamente mais altos. Na média de preços no Rio Grande do Sul, principal referencial nacional, a saca de 50 quilos do cereal em casca valia R$ 76,80 no dia 29. Em relação ao mesmo período do mês passado, apresenta ganho de 0,59%. Quando comparado a igual momento do ano anterior, acumula alta de 3,41%.

Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a expectativa era de que, com a retomada de alta das cotações internacionais e com o arroz em casca norte-americano mais elevado, os preços domésticos pudessem iniciar um processo de recuperação. “Contudo, a fraqueza do consumo no varejo e a entrada de produto importado a preços competitivos seguem segurando este movimento”, pondera.

“Essa alta no mercado norte-americano é o principal fator que justificaria preços mais firmes no âmbito doméstico”, lembra o analista. Porém, com uma safra de quase 11 milhões de toneladas e com o comércio internacional gerando um superávit de apenas 145 mil toneladas, estima-se que, até o final da primeira metade do ano comercial (em agosto/22), apenas 60% da oferta tenha sido consumida.

A conta poderia ser bem apertada até o início do próximo ano comercial (fev/23), mas é bom lembrar que o Paraguai já tem colheita de arroz em dezembro, e mesmo no Brasil já tem lotes colhidos em janeiro e fevereiro. “Quanto mais se aproxima a colheita de lotes de grãos novos, mais reticentes os compradores estarão em aceitar novas elevações”, frisa Bento.

Diante desse cenário, a variável chave nessa conta de abastecimento até o final do ano comercial é o comércio internacional. Segundo dados oficiais, entre março e agosto, a válvula de escape do mercado internacional garantiu uma saída de 881,5 mil toneladas do mercado brasileiro. Na comparação com o mesmo momento da temporada anterior, o aumento dos embarques foi de 51%.

Vale lembrar que, na temporada anterior, as cotações apresentaram um comportamento inverso ao que seria normal em estudos de sazonalidade: os preços iniciaram altos e perderam força ao longo da temporada. Há duas temporadas (ciclo comercial 2020/ 21) – quando um rally elevou a saca do grão em casca no Brasil pela primeira vez acima de R$ 100,00 – os embarques entre março e agosto de 2020 chegaram a 1,312 milhão de toneladas (430 mil toneladas superior ao atual.

Quando se olha para o saldo comercial, na atual temporada, as saídas nos portos brasileiros superam as chegadas em 144,6 mil toneladas. “No ano da alta expressiva das cotações, foram exportadas 871,6 mil toneladas a mais que importadas”, completa Bento.

Fonte: Agência Safras



 

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