As negociações de soja estiveram mais intensas em março, refletindo o aumento da demanda externa e a maior oferta no mercado spot nacional. Neste período, o consumo global tende a se voltar para o Brasil, diante da disponibilidade elevada no País. Vale ressaltar que, neste ano, a procura internacional foi influenciada, também, pelas tarifas recém divulgadas pelo governo norte-americano.
Esse aumento da demanda externa elevou os prêmios de exportação da soja brasileira ao longo do mês para os maiores patamares do período desde 2022, impulsionando os preços FOB nos portos do País. Como consequência, os produtores nacionais aproveitaram a valorização da commodity para intensificar as vendas no spot nacional.
Diante disso, as exportações brasileiras estiveram “a todo vapor”. De acordo com a Secex, foram 14,67 milhões de toneladas de soja embarcadas em março, 128,4% a mais que no mês anterior e 16,5% superior ao volume escoado há um ano. De fevereiro para março, houve crescimento nos embarques do Brasil para China (122,7%), para a Espanha (131,8%), para os Países Baixos, Holanda (228,6%) e Turquia (342,5%).
Com isso, comparando-se as médias de fevereiro e março, o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná avançou 1,5%, a R$ 127,95/saca de 60 kg no último mês. No ano, os preços estiveram estáveis, em termos reais (IGP-DI de fev/25). O Indicador ESALQBM&FBovespa – Paranaguá também registrou alta de 1,5% no comparativo mensal, com média de R$ 133,49/sc de 60 kg. De março/24 para março/25, observa-se ligeiro aumento real de 0,4%.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre fevereiro e março, os preços subiram 0,6% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 0,5% no de lotes (negociações entre empresas). No comparativo anual, as altas foram de 12,2% e de 8,9%, respectivamente, em termos nominais.
DERIVADOS – As negociações de farelo de soja começaram março aquecidas, especialmente no Centro-Oeste do Brasil. No entanto, na segunda quinzena do mês, suinocultores e avicultores indicaram estar abastecidos para o médio prazo e reduziram a necessidade de novas aquisições imediatas.
A expectativa de preços mais baixos, impulsionada pela safra recorde de soja, reforçou essa postura mais cautelosa de compradores. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações do farelo cederam 2% entre fevereiro e março e 10,8% sobre o mesmo período do ano anterior, em termos reais.
Já os preços do óleo de soja subiram ligeiramente, refletindo a forte demanda no início do mês, tanto para o setor alimentício quanto para a indústria de biocombustíveis. Levantamento do Cepea mostra que o derivado posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, se valorizou0,8% de fevereiro a março; em comparação a mar/24, a alta foi de expressivos 20,2%, em termos reais, com média de R$ 6.709,86/t no último mês.
FRONT EXTERNO – Os futuros do complexo soja negociados na CME Group (Bolsa de Chicago) caíram em março, pressionados pelo avanço da colheita de soja no Brasil (principal produtor e maior exportador mundial da oleaginosa) e pelos estoques elevados nos Estados Unidos.
Em relatório trimestral divulgado no último dia de março, o USDA(Departamento de Agricultura dos EUA) indicou que os estoques norte-americanos de soja somavam 51,99 milhões de toneladas até 1ºde março, acima da expectativa do mercado. Por outro lado, o USDA relata que a área a ser cultivada com a oleaginosa nos EUA pode diminuir em 3% frente à safra passada, projetada em 33,79 milhões de toneladas para a temporada 2025/26. O cultivo desta safra deve se iniciar em abril, e as condições climáticas devem ficar no radar dos agentes.
O movimento foi reforçado pelas tarifas de importações impostas pelo governo norte-americano e as consequentes retaliações. No início de abril, a China anunciou tarifa de 34% sobre os produtos norte-americanos. No caso de produtos agrícolas, certamente, tarifas desta natureza inviabilizam as compras nos Estados Unidos e levam demandantes externos, como a China, a buscar novos fornecedores.
Diante disso, na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato de primeiro vencimento da soja teve média de US$ 10,0519/bushel (US$22,16/sc de 60 kg) em março, recuo de 3,4% no mês e de 14,8% em um ano. O contrato de primeiro vencimento do farelo de soja cedeu0,7%, de fevereiro para março, e 10,5%, entre mar/24 e mar/25. Para o óleo de soja, as quedas foram de respectivos 7% e 9,7%.
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Fonte: Cepea