A oferta brasileira recorde de algodão em pluma tem colocado o País em posição de destaque no mundo. Dados do USDA de abril indicam que a produção nacional já representa 14% do total global da temporada 2024/25. As exportações brasileiras da pluma, por sua vez, estão intensas e já correspondem por 30,5% dos embarques mundiais. Trata-se da maior participação da história e está, desde meados de 2024, acima da registrada para os Estados Unidos, de 25,8%, que, até então, sustentavam a primeira posição nesse ranking.
De acordo com a Secex, em apenas nove meses da safra 2024/25 (de agosto/24 a abril/25), o Brasil já exportou 2,38 milhões de toneladas, apenas 11% menos que o total escoado em toda a temporada anterior. Em abril, foram embarcadas 239,1 mil toneladas de algodão em pluma, alinhado com o volume março/25 (239,06 mil toneladas) e o segundo maior para o mês, abaixo apenas do de abril/24 (241,4 mil toneladas).
Quanto ao preço, a média da pluma exportada foi de US$ 0,7381/lp em abril, recuos de 1,6% no comparativo mensal (US$ 0,7500/lp) e de 17,1% no anual (US$ 0,8898/lp). Em moeda nacional, o valor recebido pela pluma exportada foi de R$ 4,2636/lp, ligeiramente inferior (-0,3%) ao valor do mercado interno (R$ 4,2774/lp). Ressalta-se que a última vez que o Cepea verificou que o preço da pluma exportada ficou abaixo do valor doméstico foi em agosto/23 (-0,7%).
MERCADO INTERNO – Em abril, a cotação doméstica do algodão em pluma continuou sendo sustentada pela posição firme de vendedores que ainda possuíam lotes remanescentes da temporada 2023/24. Além de atentos à recuperação dos preços internacionais, cotonicultores demonstraram estar capitalizados e/ou seguiram adquirindo recurso com a venda de outros produtos, como a soja, ou até mesmo focados no cumprimento de contratos a termo.
Compradores com necessidade imediata estiveram dispostos a pagar mais para novas aquisições, especialmente para a pluma de qualidade superior. Já outra parcela das empresas esteve recuada, fazendo novas compras apenas quando encontraram oportunidade de repor estoques, uma vez que estiveram atentas aos repasses para os manufaturados.
Em abril, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, acumulou alta de 4,04%, fechando a R$ 4,3871/lp no dia 30 – o maior valor nominal desde o dia 11 de abril de 2023 (R$4,3870/lp). Abril foi o terceiro mês consecutivo da alta no valor interno.
A média mensal de abril/25 ficou 1,49% acima da de março/25, mas 0,5% inferior à de abril/24, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de março/25). Além disso, a média atual supera em 8,5% a paridade de exportação.
Em dólar, a média mensal do Indicador à vista foi de US$ 0,7385/lp, 11,6% maior que a do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de US$ 0,6620/lp, mas 5,8% abaixo da do Índice Cotlook A, de US$ 0,7839/lp.
MERCADO INTERNACIONAL – Cálculos do Cepea apontam que a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) avançou 0,8% entre 31 de março e 30 de abril, passando para R$ 3,8934/lp (US$ 0,6864/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 3,9039/lp (US$ 0,6883/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 30. No mesmo período, o dólar se desvalorizou 0,6% frente ao Real, para R$ 5,672 e o Índice Cotlook A caiu 0,19%, a US$ 0,79/lp.
Na Bolsa de Nova York, os quatro primeiros contratos futuros registraram queda no mês. De 31 de março a 30 de abril, o contrato Maio/25 recuou 1,59%, a US$ 0,6577/lp no dia 30; o contrato Jul/25 caiu 2,9%, a US$ 0,6602/lp; para Out/25, houve retração de 2,59%, a US$ 0,6803/lp, e, para Dez/25, de 3,05%, a US$ 0,6779/lp.
CAROÇO DE ALGODÃO – O ritmo de comercialização no mercado de caroço de algodão seguiu lento e os preços, elevados, uma vez que a oferta esteve restrita no spot. Alguns compradores até demonstraram interesse na aquisição do produto, mas a falta de estoque dificultou novos fechamentos.
No físico, levantamento do Cepea mostra que a média do caroço no mercado spot em abril/25 foi de R$ 1.446,41/tonelada em Campo Novo do Parecis (MT), altas de 10,8% em relação ao mês anterior e de expressivos 126,6% sobre abril/24 (R$ 638,30/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de março/25.
Em Lucas do Rio Verde (MT), o avanço foi de 15,6% na comparação mensal e de 150,7% na anual, a R$ 1.537,50/t em abril/25. Em Primavera do Leste (MT), a média foi de R$ 1.535,33/t, respectivos aumentos de 10,6% e de 104,2%.
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Fonte: Cepea