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Análise climática e Previsão climática para os próximos meses

ANÁLISE CLIMÁTICA DE JULHO

Em julho de 2023, assim como no mês anterior, os maiores acumulados de chuva continuaram concentrados sobre o extremo-norte do país, além de áreas da costa leste da Região Nordeste e da Região Sul, com volumes que ultrapassaram 150 mm, contribuindo para a elevação e manutenção da umidade do solo nessas áreas. Já em grande parte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste e no Matopiba, houve predomínio de tempo seco e sem chuvas, reduzindo ainda mais o armazenamento de água no solo e mantendo o deficit hídrico em áreas da Bahia, centro e norte de Minas Gerais e entre Goiás e Mato Grosso.

Na Região Norte foram observados acumulados de chuva maiores que 50 mm, e que ultrapassaram 200 mm em áreas do extremo-norte da região, principalmente em Roraima, nordeste do Pará e noroeste do Amazonas, mantendo os níveis de água no solo elevados. Entretanto, em Tocantins e em Rondônia não foram observados volumes de chuva, o que impactou negativamente os níveis de água no solo, mas favoreceu a maturação e a colheita dos cultivos de segunda safra. Nas demais áreas, como no Acre e sul do Pará e Amazonas, os volumes de chuva foram inferiores a 40 mm, o que também impactou negativamente a umidade do solo.

Na Região Nordeste, os maiores volumes de chuva se concentraram na costa leste, incluindo áreas de Sealba, com valores que ultrapassaram 150 mm, mantendo os níveis de água no solo elevados e beneficiando as lavouras de feijão e milho terceira safra em desenvolvimento, floração e enchimento de grãos. Já em áreas do noroeste do Maranhão, os volumes foram inferiores a 150 mm, porém os níveis de água no solo continuaram elevados. No Matopiba e interior da região, houve pouco ou nenhum volume de chuva, o que favoreceu a maturação e colheita do milho segunda safra e do algodão, mas causou restrição hídrica em algumas lavouras em áreas do oeste baiano.

Em grande parte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste houve predomínio de tempo seco e sem chuvas, principalmente no Mato Grosso, Goiás e noroeste de Minas Gerais, o que beneficiou os cultivos de segunda safra e de algodão que se encontravam em maturação e colheita. Já no sudoeste de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, os acumulados de chuva foram superiores a 30 mm, contribuindo para uma adequada umidade do solo para os cultivos de milho segunda safra e trigo em estágio reprodutivo.

Na Região Sul, os volumes de chuva foram significativos em grande parte da região, com valores maiores que 150 mm, além de fortes rajadas de vento, principalmente em áreas do Rio Grande do Sul e Santa Cataria, ocasionados pela atuação de um ciclone extratropical no segundo decêndio do mês. Esses volumes de chuva foram responsáveis pela manutenção do armazenamento hídrico no solo e beneficiaram as lavouras de milho segunda safra que se encontravam em estágio reprodutivo, além do desenvolvimento dos cultivos de inverno, como o trigo. Entretanto, no norte do Paraná os acumulados foram inferiores a 50 mm, causando uma certa restrição hídrica aos cultivos de segunda safra, principalmente em áreas do noroeste do estado.

As temperaturas de julho ficaram acima da média em grande parte do país, variando entre valores médios menores que 15 °C em grande parte da Região Sul e áreas serranas da Região Sudeste e valores superiores a 26 °C em áreas do centro e norte do país, caracterizando julho mais quente desde 1961. Porém, no segundo decêndio do mês foi observado o segundo episódio de friagem do ano, onde houve uma incursão de uma massa de ar frio intensa que se estendeu até o sul da região amazônica, além de registros de temperaturas mínimas negativas, ocorrência de geada de intensidade fraca a forte em áreas das Regiões Sul e Sudeste, principalmente no Rio Grande do Sul e registro de neve em áreas serranas de Santa Catarina. No entanto, não foram observados danos significativos às lavouras de trigo.

CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA

Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 2 e 29 de julho de 2023. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias de até 2 °C, chegando a valores maiores que 3 °C na costa oeste da América do Sul, indicando a persistência de aquecimento das águas na região. Além disso, em grande parte dos demais oceanos, as anomalias de TSM também foram positivas, principalmente em áreas do Atlântico Norte e Índico, o que favoreceu a ocorrência de ondas de calor no Hemisfério Norte. Considerando a região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), desde o início de fevereiro de 2023 houve tendência de aumento da anomalia média de TSM, persistindo até o final de julho, chegando a valores maiores que 0,9 °C, caracterizando o início do fenômeno El Niño.

A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica a persistência das condições de El Niño (fase quente) durante o final dos meses de inverno, e com probabilidades maiores que 90% de que o fenômeno persista até a primavera, no trimestre de outubro, novembro e dezembro de 2023.

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO AGOSTO, SETEMBRO E OUTUBRO DE 2023

As previsões climáticas para os próximos três meses segundo o modelo do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Para a Região Norte há previsão de chuvas abaixo da média em praticamente toda a região, com exceção de áreas do noroeste do Amazonas, onde as chuvas previstas, dentro ou acima da climatologia, serão responsáveis pela manutenção dos níveis de água no solo.

Em grande parte da Região Nordeste, incluindo áreas do Matopiba e Sealba, há previsão de chuvas abaixo da média, que podem ser ocasionadas pela atuação do fenômeno El Niño. Essa condição impactará negativamente os níveis de água no solo.

Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, o modelo também indica chuvas abaixo da média em áreas do centro e norte, principalmente em Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Espírito Santo. Além disso, desde de maio houve redução das chuvas, que é característico da região, impactando os níveis de água no solo. Entretanto, em áreas do centro-sul de Mato Grosso do Sul e São Paulo, além do extremo- sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro, há previsão de chuvas dentro ou acima da média, que favorecerão a manutenção dos níveis de água no solo, principalmente em setembro e outubro.

Na Região Sul, a atuação do fenômeno El Niño também favorecerá a previsão de chuvas acima da média em praticamente toda a região, com exceção do extremo-oeste do Paraná, onde o modelo indica chuvas ligeiramente abaixo da média. No entanto, os volumes de chuva previstos deixarão os níveis de água no solo elevados, gerando inclusive excedente hídrico, principalmente em setembro e outubro.

Em relação à temperatura média do ar, o modelo continua indicando que nos próximos três meses as temperaturas podem ficar acima da média climatológica em praticamente todo o país, principalmente em áreas do Centro e Norte do Brasil, com valores médios ultrapassando 26 °C. Já no Rio Grande do Sul e leste de Santa Catarina, as temperaturas podem ficar dentro da média, com valores menores que 20 °C, principalmente em agosto e setembro. Além disso, ainda não se descartam ocorrências de eventuais episódios de geadas em regiões que já são suscetíveis a este fenômeno, como em áreas serranas das regiões Sul e Sudeste.

Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet: https://portal.inmet.gov.br

Fonte: Conab



Equipe Mais Soja
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