Os preços da soja subiram no mercado brasileiro em maio, impulsionados pela valorização externa, pela alta nos prêmios de exportação e pela taxa cambial (R$/US$). Com isso, os valores de negociação nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), principais canais de exportação da oleaginosa do Brasil, atingiram os maiores patamares do ano.
O Cepea observou, também, maior demanda por soja em grão das indústrias locais, devido à margem mais atrativa para essas empresas, o que, por sua vez, se deve, à firme procura por derivados. Esse cenário resultou em maior disputa entre consumidores domésticos e estrangeiros, que ficou ainda mais acirrada após alguns setores da Argentina (maior exportadora mundial de farelo e de óleo de soja) entrarem em greve na primeira quinzena de maio, deslocando importadores para o Brasil (segundo maior abastecedor global desses produtos).
O excesso de chuva no Rio Grande do Sul (segundo maior estado produtor brasileiro de soja) deixou agricultores preocupados e resistentes nas negociações envolvendo grandes volumes. Antes de as enchentes causarem destruições no RS, agentes de mercado consultados pelo Cepea acreditavam que a maior produção de soja daquele estado poderia compensar, ainda que em partes, a redução na colheita em regiões do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil, que, vale lembrar, foram atingidas por estiagem na safra 2023/24.
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá da oleaginosa avançou expressivos 7,3% de abril para maio, com a média passando para R$ 136/saca de 60 kg no último mês, a maior desde dezembro/23, em termos reais (IGP-DI, de abril/24). No porto de Santos, a alta foi de 7% no mesmo comparativo, a R$ 137,36/sc de 60 kg em maio, também o valor mais alto do ano.
O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná subiu 6,8% de abril para maio, com a média a R$ 130,96/sc de 60 kg no último mês, igualmente a maior do ano, em termos reais. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de abril para maio, os preços da oleaginosa avançaram 5,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 6,5% no de lotes (negociações entre empresas).
O dólar se valorizou 0,2%, cotado à média de R$ 5,137 no último mês, o maior valor desde março/23. A valorização dos prêmios de exportação atraiu vendedores para negócios com entrega nos próximos meses. Considerando-se o contrato de primeiro vencimento, os prêmios de exportação de soja alcançaram no decorrer de maio os patamares mais altos desde agosto/23. Compradores domésticos de farelo de soja também mostraram interesse em garantir seus estoques, e, como a procura externa esteve aquecida, a disputa ficou ainda mais acirrada entre demandantes brasileiros e estrangeiros.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, a valorização do farelo foi de expressivos12,1% entre abril e maio. Na CME Group (Bolsa de Chicago), os primeiros vencimentos de soja e farelo de soja subiram 4,4% e 9,2%, em relação a abril, com respectivas médias de US$ 12,1651/bushel (US$ 26,82/sc de 60 kg) e de US$ 369,54/tonelada curta (US$ 407,34/t) em maio.
ÓLEO DE SOJA – Já a cotação do óleo de soja foi pressionada pela menor demanda para produção de biodiesel, sobretudo nos Estados Unidos, visto que usinas daquele país vêm buscando alternativas mais baratas. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento do óleo de soja recuou 3,8% de abril para maio, a US$ 0,4431/lp (US$976,62/t) – a menor média desde janeiro/21.
No Brasil, embora o prêmio de exportação tenha voltado a ser negociado em patamares positivos no decorrer de maio, cenário que não era visto desde julho/22, a baixa procura pelo setor de biodiesel e a firme demanda por farelo de soja (que tende a elevar a disponibilidade de óleo de soja) impediram altas no mercado nacional. Levantamento do Cepea mostra que o preço médio do óleo de soja posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, cedeu ligeiro 0,7%entre abril e maio, para R$ 5.332,13/t no último mês.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) informou, no dia 6 de maio, alteração temporária da mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel, a qual foi aprovada em 2%para o Rio Grande do Sul, bem abaixo dos 14% vigentes para o restante do País. O Rio Grande do Sul é o principal estado produtor de biodiesel do Brasil.
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Fonte: CEPEA