Os preços médios mensais do algodão em pluma estão estáveis no mercado interno desde o início deste ano. Agora, com o acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a demanda externa pela pluma do Brasil tende a se aquecer, o que, por sua vez, pode ajudar a enxugar os elevados excedentes e, consequentemente, dar sustentação às cotações domésticas.

No spot nacional, as negociações foram limitadas ao longo de fevereiro pela “queda de braço” acirrada entre os agentes. A dificuldade de aprovar os lotes disponibilizados fez com que alguns players muitas vezes evitassem até mesmo discutir os valores. Esse cenário levou vendedores a darem maior atenção ao mercado externo – lotes não aceitos por indústrias domésticas foram redirecionados às exportações

Sendo assim, apenas compradores com necessidade de renovar estoques estiveram ativos no spot, enquanto outros negociaram a pluma para recebimento nos próximos meses e/ou mesmo para a próxima temporada.

Produtores também estiveram focados nas atividades de campo ao longo do mês, aproveitando o clima mais favorável para a colheita da soja e para a semeadura do algodão. Segundo dados da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), a semeadura já está praticamente encerrada, com 99,87% da área da safra 2024/25 até o dia 27 de fevereiro.

Além disso, muitos players deram prioridade ao cumprimento dos contratos a termo, enquanto outros estiveram focados na comercialização da soja em detrimento do algodão. Nesse cenário, prevaleceu a posição firme dos vendedores, especialmente para lotes com qualidade superior.

Entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 1,55%, fechando a R$ 4,1781/lp no dia 28. A média de fevereiro, de R$ 4,1440/lp, ficou 5,7% superior à paridade de exportação, a maior vantagem para a cotação interna desde março/23, quando o Indicador ficou, em média, 12,1% acima da paridade.

A média mensal ficou 0,3% abaixo da de janeiro/25 e 7,22% inferior à de fevereiro/24, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de janeiro/25). Em dólar, a média do Indicador à vista foi de US$ 0,7169/lp no mês, 8,2% superior à do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de US$ 0,6625/lp, mas 8,1% inferior à do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente), de US$ 0,7803/lp.

MERCADO INTERNACIONAL – Cálculos do Cepea apontam que a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) avançou 0,74% no acumulado de fevereiro, passando para R$ 3,9781/lp (US$ 0,6737/lp) no porto de Santos (SP) e para R$ 3,9887/lp (US$ 0,6755/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 28. Esse cenário é resultado da valorização de 1,11% do dólar frente ao Real no mesmo período, para R$ 5,905, enquanto o Índice Cotlook A teve retração de 0,39% em fevereiro, a US$ 0,7750/lp no dia 28.

Já na Bolsa de Nova York, os primeiros contratos se enfraqueceram em fevereiro. Entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, o vencimento Mar/25 se desvalorizou 3,04%, a US$ 0,6388/lp no dia 28; o contrato Maio/25 recuou 2,67%, a US$ 0,6525/lp; para Jul/25, houve baixa de 2,7%, a US$ 0,6639/lp, e, para o Out/25, de 1,41%, a US$ 0,6802/lp.

CULTIVO NOS EUA – A primeira estimativa de intenção de cultivo na temporada 2025/26 nos Estados Unidos, divulgada pelo USDA no dia 27, aponta redução expressiva de 11% na área destinada ao algodão, para 4,05 milhões de hectares, com área colhida na casa de 3,5 milhões de hectares. O USDA aponta que a diminuição é resultado dos baixos preços absolutos e relativos com culturas concorrentes em área, o que desestimula os produtores. Mesmo assim, a oferta poderá ficar em linha com a da temporada 2024/25, diante de recuperação da produtividade. O USDA também aponta que as exportações norte-americanas devem crescer, mas não o suficiente para superar os volumes embarcados pelo Brasil, que deverá se manter como principal exportador mundial.

SAFRA BRASILEIRA 2024/25 – Em relatório divulgado no dia 13 de fevereiro, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou produção recorde de algodão em pluma na safra 2024/25, podendo chegar a 3,762 milhões de toneladas, reajuste positivo de 1,67% frente ao relatório anterior e aumento de 1,6% em comparação à temporada 2023/24. A área cultivada é estimada em 2,037 milhões de hectares, elevação de 1,56% no comparativo mensal e alta de 4,8% com relação à safra 2023/24. A produtividade nacional é prevista com redução de 3% sobre a temporada anterior, em 1.847kg/ha, com ligeiro reajuste positivo de 0,11% frente ao relatório de janeiro/25.

Esses aumentos nas estimativas estão relacionados às atuais perspectivas da Bahia, em que a Companhia previu área cultivada de 389,3 mil hectares em fevereiro, aumento expressivo de 8,93% frente aos dados do relatório anterior e elevação de 12,5% se comparado à safra 2023/24. Assim, a produção também foi impulsionada, subindo 8,92% de um mês para o outro e ficando 9,9% maior que a temporada passada, para 778,1 mil toneladas. Já a produtividade baiana se manteve estável no comparativo mensal, mas com retração de 2,4% frente à safra anterior, em 1.999 kg/ha.

CAROÇO DE ALGODÃO – As negociações seguem pontuais nesta entressafra. Ainda assim, vendedores estão firmes nos preços pedidos para os lotes remanescentes da temporada 2023/24, e, dessa forma, compradores com necessidade imediata acabam tendo que aceitar os maiores valores para realizar novas aquisições. Segundo colaboradores do Cepea, o estoque de passagem é baixo, diante da alta demanda nos meses anteriores, o que tem impulsionado a cotação neste período. Nesse cenário, levantamento do Cepea mostra que o valor médio do caroço no mercado spot em fevereiro/25 foi de R$ 1.243,40/tonelada em Campo Novo do Parecis (MT), altas de 9,8% em relação ao mês anterior e de expressivos 70,2% sobre fevereiro/24 (R$ 730,34/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de janeiro/25.

Em Lucas do Rio Verde (MT), a média avançou 11,8% na comparação mensal e 78,2% na anual, para R$ 1.244,85/t em fevereiro/25. Em Primavera do Leste (MT), a média foi de R$ 1.345,26/t, respectivas altas de 9,4% e de 64,7%. Em São Paulo (SP), a valorização no mês foi de 7,7% e, no ano, de 30,6%, com a média a R$ 1.659,04/t em fevereiro/25.

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Fonte: Cepea



 

FONTE

Autor:AGROMENSAIS FEVEREIRO/2025

Site: CEPEA

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