As tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul, causando grandes destruições e impactos negativos em todo o estado, travaram as negociações de arroz em casca de forma geral. Colaboradores do Cepea relatam que não há possibilidade de tráfego entre muitas regiões. Produtores seguem avaliando as consequências climáticas sobre as lavouras a serem colhidas, assim como sobre unidades armazenadoras.
A Emater/RS indicou que a colheita foi frequentemente interrompida pelas fortes chuvas, que causaram o acamamento das lavouras e a inundação de uma grande parte delas. O prejuízo foi agravado principalmente em áreas em que o cereal já estava maduro há algumas semanas, afetando a qualidade dos grãos devido aos ciclos repetidos de umedecimento e secagem.
Com isso, a liquidez no mercado de arroz em casca foi praticamente nula entre o final de abril e o início de maio. Ainda assim, os preços do cereal avançaram no acumulado de abril. O Indicador CEPEA/IRGA-RS do arroz em casca, 58% grãos inteiros (média ponderada para o estado do Rio Grande do Sul), encerrou o mês com alta de 8,06%.
Vale mencionar, também, que uma parcela dos orizicultores consultados pelo Cepea entregou seus produtos recém-colhidos como pagamento de créditos negociados por meio da CPR (Cédula de Produto Rural). Trata-se de um título que representa uma promessa de entrega futura, diante de uma antecipação de crédito rural, o que viabiliza a produção e a comercialização.
PREÇOS REGIONAIS
Considerando-se as microrregiões que compõem o Indicador, houve fortes avanços de 11,82% na Fronteira Oeste, 9,92% na Planície Costeira Interna e 9,26% na Planície Costeira Externa em abril, com respectivas médias de R$ 101,43/sc de 50 kg, R$ 104,17/sc e R$ 103,27. Na Zona Sul, Campanha e Depressão Central, os aumentos foram de aproximadamente 5%, a R$ 103,35/sc, R$ 98,25/sc e R$ 99,38.
Em relação aos demais rendimentos, a média estadual sul-riograndense para o produto de 63% a 65% de grãos inteiros subiu 5,51% em abril, a R$ 103,62/sc de 50 kg. Para os grãos com 59% a 62% de grãos inteiros, a valorização foi de 4,89%, a R$ 100,63/sc. Quanto ao produto de 50% a 57% de grãos inteiros, o aumento foi de 6,17% de março para abril, para R$ 99,00/sc. De um lado, as reações de preços desafiaram engenhos quanto a repasses nos mercados atacadistas e varejistas para o arroz beneficiado e demais subprodutos.
De outro, atraíram vendedores para novas negociações, especialmente porque havia dívidas de custeio e pós-colheita com vencimentos a partir do final de abr/24, conforme indicaram agentes consultados pelo Cepea.
VAREJO
Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15, considerado uma prévia da inflação), divulgados pelo IBGE no dia 26 de abril, mostram variação positiva de 0,21% nos preços de um conjunto de produtos e serviços vendidos no varejo e consumidos pelas famílias brasileiras em abril de 2024. Especificamente em relação ao arroz, houve recuo de 1,89% no mês, mas avanço de 27,49% nos últimos 12 meses, na média nacional.
CAMPO
Segundo a Conab, quanto ao avanço da colheita nos maiores estados produtores do País, o destaque é para Santa Catarina, com 91% colhidos até o dia 28 de abril; em seguida, estão Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, com 85%, 81,1%, 70% e 24% já colhidos, respectivamente. Especificamente no Rio Grande do Sul, a colheita atingiu 83% da área.
EXPORTAÇÃO
A demanda de tradings no porto de Rio Grande (RS), por sua vez, se aqueceu, favorecida pela valorização do dólar e dos preços internacionais, que aumentam as paridades dos produtos transacionáveis internacionalmente. Entre 29 de março e 30 de abril, a moeda norte-americana subiu 3,59%, a R$ 5,19 no dia 30 – vale ressaltar que, no dia 16 de abril, atingiu o patamar de R$ 5,26, que não era visto desde mar/23.
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Fonte: CEPEA – ESALQ/USP