Cada sistema de manejo do solo altera de forma diferenciada as suas propriedades. O preparo reduzido com escarificação desagrega o solo no sentido ascendente, mantendo parte da cobertura vegetal sobre ele e, por meio das fendas originadas pela ação do escarificador, pode promover a incorporação dos fertilizantes aplicados na superfície em maiores profundidades, quando comparado ao plantio direto.
Quando falamos em adubação antecipada e a lanço, temos sempre que ter em mente o operacional x o técnico. Quem planta safrinha sabe que quanto mais cedo for o plantio, maior será seu potencial produtivo. Por isso, às vezes, ignoram-se os fatores técnicos para atender os fatores operacionais, comprometendo a produtividade.
Outro fator que acelerou o processo de adubação a lanço foram as desvantagens da utilização de adubo na linha, principalmente com fertilizantes potássicos, sendo estes os principais responsáveis pela redução de produtividade causada pelo efeito salino e provocando danos ao sistema radicular das plantas. Podemos ver em casos extremos o fertilizante “matando” algumas plântulas quando as sementes são colocadas próximas ao adubo sob uma condição de seca. Este fator colabora para que alguns produtores retirem o adubo da linha e o apliquem a lanço.
Algumas pesquisas, realizadas principalmente no Sul do Brasil, têm demonstrado vantagens na aplicação do N em pré-semeadura do milho. O principal argumento é de que o N pode ser imobilizado momentaneamente pela matéria orgânica, em especial pelos resíduos com alta relação C/N, e se tornar disponível para a cultura do milho posteriormente nos estádios de maior demanda, pois os fatores que favorecem a mineralização do N retido na fração orgânica – alta temperatura e umidade – são os mesmos que promovem o crescimento do milho (Cantarella & Duarte, 2004).
A alternativa de se aplicar o N em pré-semeadura do milho tem despertado grande interesse porque, apresenta algumas vantagens operacionais, como maior flexibilidade no período de execução da adubação, pelo maior rendimento operacional de máquinas, pela maior facilidade de distribuição a lanço, economia de tempo e de mão-de-obra, menor custo operacional de máquinas e redução no gasto de combustível, lubrificante e reparos (Ceretta, 1998; Coelho et al., 2002). Entretanto, além do sistema de manejo do solo e da relação C/N dos resíduos vegetais, outras variáveis condicionam a dinâmica do N, sobretudo a classe de solo e a precipitação pluvial, que pode diferir em função do ano e do local.
Em trabalho apresentado e publicado nos anais do XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, sessão de Engenharia de Água e Solo (EAS), realizado em Maceió – AL, Brasil, no ano de 2017, os autores Rafael Casagrande, Élcio Hiroyoshi Yano, Andre Luiz Ferracine Shinkai, Vanessa Dias Rezende Trindade e Giovana Guerra Mariano avaliaram a porcentagem de cobertura do solo e população inicial do milho em diferentes modos de distribuição do fertilizante de semeadura na cultura do milho em Selvíria-MS, sobre plantio direto.
Para o experimento, os autores utilizaram dois mecanismos sulcadores, que foram a haste e o disco, e quatro modos de distribuição do fertilizante, sendo eles:
- A lanço uma semana antes da semeadura;
- A lanço no dia da semeadura;
- Incorporado uma semana antes da semeadura;
- Incorporado no dia da semeadura.
Foi concluído neste trabalho que os modos de distribuição não exerceram influência na estabilização inicial de plantas do milho e independentemente dos mecanismos sulcadores, a adubação antecipada aos 7 dias antes da semeadura reduziu a porcentagem de cobertura do solo.
Os resultados encontrados podem ser observados nas tabelas abaixo:
TABELA 1. Valores médios de porcentagem de cobertura do solo após a semeadura e população inicial de plântulas do milho, semeado por dois mecanismos sulcadores e quatro modos de distribuição do fertilizante.
TABELA 2. Valores médios de porcentagem de cobertura do solo após a semeadura do milho no desdobramento entre mecanismos sulcadores e modos de distribuição do fertilizante.
O trabalho pode ser acessado nos Anais do XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – Maceió – AL, 2017.
Também em trabalho realizado por Bertolini et al. (2008) a antecipação da adubação de semeadura em 22 dias não diferiu da adubação realizada no momento da semeadura, em relação ao desempenho da cultura do milho. Os autores destacaram que cada cultivar de milho responde de maneira diferenciada à antecipação da adubação no sistema plantio direto.
O trabalho completo pode ser acessado clicando aqui.
Elaboração: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.