A buva (Conyza spp.) é uma planta daninha anual com potencial de causar danos significativos nas lavouras, uma vez que compete por recursos essenciais e dificulta a colheita. A presença de 2,7 plantas m2 de C. bonariensis pode causar uma redução de 50% na produtividade da soja. Além disso, apenas 1 planta m2 de buva pode resultar em reduções que variam de 12 a 14,6% na produtividade da soja (HRAC – BR, 2021).

Sua reprodução ocorre exclusivamente por meio de sementes, e uma única planta pode produzir uma quantidade elevada, ultrapassando 200 mil sementes, a buva também apresenta grande facilidade de dispersão, características que a tornam uma planta daninha muito agressiva (Rizzardi). Além disso, a buva possui uma notável capacidade de tolerar condições de déficit hídrico (HRAC – BR, 2022).

Em invernos com temperaturas amenas, abaixo de 10° C, e precipitações abaixo da média, a tendencia é que ocorram menores populações de buva e as plantas tendem a ter um porte menor no momento da dessecação. No entanto, em invernos chuvoso e com temperaturas próximas de 17° C, a tendencia é que ocorreram plantas em maior número e com maior porte no momento da dessecação (Vargas & Gazziero, 2009).

Conforme destacam Albrecht & Albrecht (2021), as sementes de buva são fotoblásticas positivas, ou seja, germinam apenas na presença de luz. Podendo, tal característica, ser vantajosa em função do sistema de produção empregado na lavoura. A germinação dessas sementes ocorre principalmente no período do outono ao início da primavera, quando as condições de temperatura, luz e umidade são adequadas. Além de suas características de elevada adaptabilidade, agressividade, ampla distribuição nas regiões de cultivo agrícola e diversidade genética, ainda existem casos de resistência das espécies de buva a diferente mecanismos de ação, bem como casos de resistência múltipla a herbicidas.

Figura 1. Casos de resistência de buva encontrados no Brasil.

Fonte: Albrecht & Albrecht (2021).

De acordo com Bianchi (2011), em áreas com boa cobertura de solo e com controle de buva durante a estação fria, a dessecação para o cultivo da soja se torna mais fácil. Mesmo havendo a presença de plantas na lavoura, sua população tende a ser reduzida com plantas de menor porte, viabilizando a aplicação desseque-plante.

No entanto, o autor destaca que o desafio no controle da buva consiste no controle das plantas cortadas por ocasião da colheita do trigo e aquelas que ficam escondidas sob a palha. Para o controle dessas plantas, recomenda-se o uso de herbicidas com ação foliar e absorção pelo sistema radicular, como Chlorimuron e Diclosulam, em combinação com glifosato ou com herbicidas de contato como o Glufosinato, durante a dessecação.

Figura 2. Estimativa da emergência e do tamanho das plantas de buva em sistema de produção trigo e soja, com semeadura da soja no início do mês de novembro.

Fonte: Bianchi (2011).

Para reduzir os prejuízos ocasionados pela buva, é fundamental a implementação de diferentes abordagens de controle para o manejo dessa planta daninha, dados os casos de resistência à herbicidas, sua elevada disseminação e capacidade de ocasionar prejuízos nas culturas agrícolas. O estádio ideal para o controle da buva é quando ela apresenta de 6 a 8 folhas (Albrecht & Albrecht, 2020).



Os pesquisadores Albrecht & Albrecht (2020) ressaltam sobre a importância das medidas culturais, como a rotação de culturas e a geração de palha, aliadas ao emprego de herbicidas por meio da associação e rotação de diferentes mecanismos de ação. A adoção dessas práticas é essencial tanto para o manejo como para prevenir a seleção de populações resistentes aos herbicidas. Além disso, o manejo durante a entressafra é uma estratégia muito importante, e a introdução de cultivos como o trigo, pode proporcionar a redução dos fluxos de emergência da buva.

As estratégias de manejo e a seleção de herbicidas utilizados na cultura de inverno é essencial para determinar a eficácia no controle da Buva durante a safra de verão, qualquer descuido ou falha de controle no inverno, torna-se difícil de ser corrigida antes da semeadura da cultura da soja (Rizzardi). Além das estratégias de manejo alguns aspectos também devem ser levados em consideração no planejamento de controle de plantas daninhas na lavoura. Veja o vídeo em que o pesquisador da CCGL Bianchi (2023) fala sobre a importância da altura de corte da palha de trigo no controle de Buva na Transição Trigo-Soja.


Veja mais: Manejo de plantas daninhas no milho


Referências:

ALBRECHT, A. J. P.; ALBRECHT, L. P. MANEJO DE BUVA (Conyza spp.). Comitê de Ação a Resistencia aos Herbicidas, 2020. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/152RgIqQ95R-3QweVrh_lJVMjmjIdElxc/view >, acesso em: 10/11/2023.

ALBRECHT, A. J. P.; ALBRECHT, L. P. MAPEAMENTO DA BUVA (Conyza spp.) COM RESISTÊNCIA A HERBICIDAS. Comitê de Ação a Resistencia aos Herbicidas, informe técnico, v. 2, n. 6, 2021. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1z8bw67vkeWifv-QhU1aIUqSu-sQe0O7T/view >, acesso em: 10/11/2023.

BIANCHI, M. A. MANEJO DE BUVA (Conyza bonariensis) RESISTENTE A HERBICIDAS. Revista Plantio Direto, Plantas Daninhas, 2011. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/125/5.pdf >, acesso em: 10/11/2023.

HRAC – BR. Conyza spp. (BUVA): CONHEÇA AS CARACTERÍSTICAS DA PLANTA DANINHA. Comitê de Ação a Resistencia aos Herbicidas, 2021. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/post/conyza-spp-buva-conhe%C3%A7a-as-caracter%C3%ADsticas-da-planta-daninha >, acesso em:

HRAC – BR. SAIBA MAIS SOBRE A BUVA. Comitê de Ação a Resistencia aos Herbicidas, 2022. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/post/saiba-mais-sobre-a-buva >, acesso em: 10/11/2023.

RIZZARDI, M. BUVA: PLANTAS DANINHAS. Up Herb, Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: < https://upherb.com.br/int/buva >, acesso em:10/11/2023.

RIZZARDI, M. BUVA: UM INIMIGO A ESPREITA. Up Herb, Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: <  https://www.upherb.com.br/int/buva-um-inimigo-na-espreita  >, acesso em: 10/11/2023.

VARGAS, L.; GAZZIERO, D. L. P. MANEJO DE BUVA RESISTENTE AO GLIFOSATO. Embrapa, documentos, 91. Passo Fundo – RS, 2009. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/31188/1/doc.91.trigo.pdf >, acesso em: 10/11/2023.

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