As lagartas do complexo Spodoptera integram o time das principais pragas da soja, sendo as espécies mais comuns na cultura a Spodoptera frugiperda; a Spodoptera eridania e a Spodoptera cosmioides. Ambas as espécies pertencem ao gênero Spodoptera, cujos danos vão desde ao ataque de plântulas de soja causando seu corte ao nível do solo, até o consumo de folhas, flores e vagens de soja, causando redução da área foliar e produtividade da cultura (Sosa-Gómez et al., 2014).
Embora essas lagartas pertençam ao mesmo gênero, algumas particularidades podem ser utilizadas para a diferenciação dessas espécies, conforme descrito na figura 1.
Figura 1. Critérios para identificação das principais lagartas do complexo Spodoptera.
Tendo em vista que um dos principais danos ocasionados pelas lagartas desse complexo está relacionado a redução da área foliar e que essa, segundo Zanon et al. (2018) apresenta intima relação com a produtividade da soja, sendo que para produtividades médias de 6 toneladas.ha-1 é necessário um índice de área foliar máximo de aproximadamente 6,3 (Figura 2), o controle dessas lagartas visando minimizar a redução da área foliar é fundamental para boas produtividades de soja.
Figura 2. Relação entre produtividade de grãos (Mg.ha-1) e o índice de área foliar máximo em soja para cultivos irrigados (círculos azuis) e sequeiro (círculos amarelos). Linha vermelha solida indica o valor de IAFMAX que maximiza a produtividade de grãos (Zanon et al., 2018).

Em vídeo o pesquisador da CCGL Dr. Glauber Stürmer chama atenção para os danos ocasionados pelas lagartas do complexo Spodoptera e alerta para a possível ocorrência da praga na safra 2020/2021 em soja.
Segundo o Dr. Glauber, as lagartas desse complexo apresentam elevada capacidade destrutiva, podendo a S. eridania consumir 243 cm² de área foliar, enquanto a S. cosmioides consome aproximadamente 185 cm² e a S. frugiperda 118 cm², consumo esse, por indivíduo.
Figura 3. Potencial de desfolha (consumo de área foliar por individuo), das principais lagartas da cultura da soja.

Embora Grigolli & Grigolli (2018) apontem que o nível de ação recomendado para as lagartas do complexo Spodoptera seja de 10 lagartas por metro ou 10% de vagens danificadas¸ tendo em vista o potencial destrutivo dessas lagartas, danos significativos podem ser ocasionados na cultura, podendo reduzir sua produtividade mesmo que a presença da praga se dê no período vegetativo da cultura. Além da redução da área foliar, é destacado no vídeo que a praga pode se alimentar de estruturas florais de soja, danificando as flores, podendo comprometer sua viabilidade.
Tendo em vista a importância das pragas no sistema de cultivo da soja, Dr. Glauber chama atenção para a possível ocorrência dessas lagartas na safra 2020/2021. Segundo o pesquisador, com base em resultados obtidos em trabalhos de monitoramento da praga desenvolvidos pela CCGL, pode-se observar um repentino aumento do número de indivíduos adultos (mariposas) do complexo Spodoptera, destacado um possível aumento da população dessas pragas.
Figura 4. Flutuação do número de mariposas de Spodoptera spp. coletadas nas armadilhas de feromônio sexual da CCGL. Safra 2020/2021 – Cruz Alta, RS.

Figura 5. A – Armadilha de feromônio sexual e B – Piso colante da armadilha com mariposas de Spodoptera spp.

As fêmeas adultas do complexo Spodoptera são responsáveis por ovipositar proporcionando a perpetuação da espécie. Segundo Panizzi; Bueno; Silva (2012) durante seu ciclo de vida, uma fêmea de S. eridania pode ovipositar cerca de 800 ovos, enquanto uma fêmea de S. cosmioides pode ovipositar cerca de 500 ovos por dia e uma fêmea de S. frugiperda cerca de 100 ovos por postura. Cabe destacar que tecnologias contendo proteínas Bt como a INTACTA RR2 PRO® não são eficientes para o controle de lagartas do complexo Spodoptera (INTACTA RR2 PRO®)
Sendo assim, fica evidente a importância do monitoramento dessas pragas na cultura da soja. Segundo Dr. Glauber, deve-se atentar para a presença dessas lagartas na cultura da soja, visando atuar de forma eficiente ainda nos instar iniciais do desenvolvimento da praga, onde o controle é mais efetivo, sendo o monitoramento uma peça-chave no manejo das lagartas do complexo Spodoptera.
Confira o vídeo abaixo com as dicas e contribuições do Pesquisador Glauber Stürmer.
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Referências:
GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. PRAGAS DA SOJA E SEU CONTROLE. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2017/2018, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/302/302/5bf01ceb5604523cfade5dc9c1b5d3f79c522dd4360d2_05-pragas-da-soja-e-controle-somente-leitura.pdf >, acesso em: 07/12/2020.
INTACTA RR2 PRO®: QUEM É PRO PLANTA IPRO®. Disponível em: < https://www.intactarr2pro.com.br/intacta-rr2-pro/ >, acesso em: 18/01/2021.
PANIZZI, A. R., BUENO, A. F.; SILVA, F. A. C. INSETOS QUE ATACAM VAGENS E GRÃOS. Embrapa, Soja: Manejo integrado de insetos e outros Artrópodes-praga. Cap. 5, 2012. Disponível em: < http://www.cnpso.embrapa.br/artropodes/Capitulo5.pdf >, acesso em: 18/01/2021.
SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 269, 2014. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/991685/manual-de-identificacao-de-insetos-e-outros-invertebrados-da-cultura-da-soja >, acesso em: 18/01/2021.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Ed. 1, Santa Maria, 2018.