Considerada uma planta daninha comum de muitas lavouras de soja, a Buva (Conyza spp.) é conhecida pela dificuldade de manejo, controle e pelos elevados danos ocasionados na cultura da soja. A matocompetição imposta por uma planta e buva por metro quadrado resulta em perdas produtivas de até 14% na cultura da soja (Supra Pesquisa), podendo essa perda ser ainda maior a medida em que a densidade populacional da planta daninha aumenta.
Conforme resultados de pesquisa, Gazziero et al. (2010) avaliando a interferência da buva em áreas cultivadas com soja, observaram perdas de produtividade de até 48% sob densidades populacionais de 18 plantas de buva por metro quadrado, representando em média, perdas de até 1469 kg.ha-1 em comparação a áreas livres de infestação.
Figura 1. Interferência de diferentes densidades populacionais de Buva sobre a produtividade de soja.

Além do elevado potencial em causar danos, o rápido crescimento e desenvolvimento são características, que em conjunto com a elevada produção de sementes fazem da buva uma planta daninha persistente em áreas de cultivos agrícolas, especialmente pelo elevado banco de sementes no solo. Entretanto, uma das características que contribui para o manejo da buva é sua necessidade de luz para germinar, sendo assim considerada uma planta fotoblásticas positiva. Dessa forma, a cobertura do solo é uma das principais ferramentas para a redução do fluxo de emergência da buva, contribuindo para o manejo da daninha.
Em algumas situações, o controle químico da buva utilizando herbicidas é indispensável para reduzir as perdas produtivas em soja, sendo assim, é essencial realizar um adequado posicionamento de herbicidas, utilizando produtos com eficácia comprovada e de forma correta. Deve-se atentar para áreas com histórico de ocorrência de casos de resistência da buva a herbicidas, visando utilizar herbicidas alternativos aos de resistência conhecida para melhor controle da buva.
Com o objetivo de mapear a buva (Conyza spp.) com resistência a herbicidas, Albrecht & Albrecht (2021) realizaram um estudo durante as safras 2017/18; 2018/19 e 2019/20, que contemplou 461 populações, coletadas em estados brasileiros (MS, SP, PR e RS), com foco no oeste do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul.
Com base nos resultados do estudo, os autores observaram que 93,6% das amostras apresentando resistência ao glifosato, 56,7% apresentando resistência ao clorimurom, 22,3% apresentando resistência a paraquate e 19,2 % apresentando resistência a 2,4-D (Albrecht & Albrecht, 2021).
Figura 2. Percentagem de biótipos de plantas de buva que apresentam resistência a pelo menos um mecanismo de ação. Safras 2017/18, 2018/19 e 2019/20.

O primeiro caso de resistência da buva a herbicidas no Brasil é datado de 2005, nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, onde houve relato da Conyza bonariensis resistente ao glifosato (Inibidores da EPSPs) nas culturas do milho, pomar, soja e trigo.
Os casos mais recentes de resistência são datados de 2017 onde a Conyza sumatrensis foi relatada com resistência ao glifosato (inibidores da EPSPs), ao saflufenacil (inibidores da PROTOX), clorimurom (inibidores da ALS), paraquate (inibidores do fotossistema I), ao 2,4-D (mimetizadores de auxinas) e diurom (inibidores do fotossistema II), ambos os casos de resistência observados na cultura da soja, no Estado do Paraná, estado esse que concentra a maior parte dos casos de resistência da buva a herbicidas, tornando necessária maior cautela para manejo dessa daninha no Paraná.
Tabela 1. Casos de resistência de buva encontrados no Brasil, segundo Heap, 2021.

Somando-se todos os casos, dentre as espécies de buva é possível observar resistência a seis distintos mecanismos de ação de herbicida, o que torna evidente a complexidade do manejo e controle dessa daninha. Não necessariamente todas as espécies de buva apresentadas na tabela 1 demonstrem resistência a esses herbicidas em sua lavoura, sendo necessária a presença de populações que apresentem essa resistência.
Entretanto, fica o alerta para os técnicos e produtores que possuem essas daninhas em suas lavouras, sendo essencial utilizar de boas práticas de manejo e controle, para evitar o desenvolvimento de populações resistentes, uma vez que já há relatos de casos de resistência da buva a diversos mecanismos de ação em diferentes estados.
Referências:
ALBRECHT, A. J. P.; ALBRECHT, L. P. MAPEAMENTO DA BUVA (Conyza spp.) COM RESISTÊNCIA A HERBICIDAS. Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas – HRAC-BR, Informe Técnico, v. 2, n. 6, 2021. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/informativo-tecnico >, acesso em: 19/07/2021.
GAZZIERO, D. L. P. et al. INTERFERÊNCIA DA BUVA EM ÁREAS CULTIVADAS COM SOJA. XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, 2010. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/859013/1/Interferenciabuva.pdf >, acesso em: 19/07/2021.
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Só para lembrar que cada uma das espécies de buva tem alta nível de controle! Dentre canadenses, sumatrensis e bonariensis. O principal artifício e conhecer a espécie presente na área como a bonariensis que é a unica que tem pilosidade do caule. Cada espécie tem uma combinação de produtos que tem 100% de controle na área.