A quantidade máxima de água que uma planta pode absorver, depende de duas capacidades, primeiramente da capacidade do solo de ofertar água às plantas e consequentemente a capacidade das plantas para acessar nessa água.
Capacidade do solo em ofertar água às plantas (CAD)
A Capacidade de Água Disponível (CAD) está diretamente relacionada às propriedades do solo, especialmente à textura e ao teor de matéria orgânica (MO). Embora o aumento da MO possa contribuir para elevar a CAD, a principal determinante do volume de água que o solo pode reter e disponibilizar, ou seja, a “caixa d’água” do solo, é a textura, definida pela proporção de areia, silte e argila. É importante destacar que a CAD não é sensível ao manejo de solo no curto prazo, pois trata-se de uma característica física relativamente estável.
Figura 1. Conteúdo de água disponível (CAD) em função das classes texturais do solo. Os números nas colunas representam o número de dados que se tem para cada textura.

Capacidade das plantas em acessar a água no solo
A capacidade das plantas de acessar a água está associado as camadas de solo foram ocupadas por raízes ao longo do ciclo da cultura, além disso, como estão distribuídas essas raízes ao longo do perfil de solo. Porém, uma lavoura que desenvolvem raízes profundas e bem distribuídas consegue acessar um volume maior de água, o que impacta expressivamente na produtividade.
Battisti & Sentelhas (2015), com dado de 101 diferentes cultivares em 17 localidades do Sudeste Brasileiro, mostraram que plantas de soja com mais de 50% do sistema radicular alocado em profundidades maiores de 30cm são capazes de atingir uma produtividade superior a 7.000 kg/ha (> 116 sc/ha), por enquanto, plantas que concentram 70% das raízes até os primeiros 30cm não produzem mais de 4.000kg/ha (< 66 sc/ha)
Figura 2. Distribuição das raízes de soja em lavouras com produtividade > 7.000 kg/ha (esquerda) e < 4.000 kg/ha (direita) e profundidades das camadas em cm.

Já Dalla Nora et al., (2024), com dados de 95 lavouras (desde Santa Vitória do Palmar/RS até Boa Vista/RR) participantes do projeto Soybean Money Maker 4ª edição, liderado pela Equipe FieldCrops, descobriram que na média das lavouras avaliadas no projeto o 66% das raízes está concentrada nos primeiros 30cm do solo, mostrando as melhorias a serem realizadas visando altas produtividades.
Figura 3. Média da distribuição das raízes (C) de soja nas lavouras participantes da 4ª Edição do Soybean Money Maker.

Referências Bibliográficas.
Batisti, R.; Sentelhas, P. C. DROUHGT TOLERANCE OF BRAZILIAN SOYBEAN CULTIVARS SIMULATED BY A SIMPLE AGROMETEOROLOGICAL YIELD MODEL. Experimental Agriculture, [s. l.], v. 51, n. 2, p. 285 – 298, 2015, Disponível em: < https://www.cambridge.org/core/journals/experimental-agriculture/article/abs/drought-tolerance-of-brazilian-soybean-cultivars-simulated-by-a-simple-agrometeorological-yield-model/5C67C840218D9D752F5036E508811CCB >, acesso: 10/04/2025
Dalla Nora et al. SOYBEAN MONEY MAKER: A REVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA LAVOURA DE SOJA, 4 ed., Santa Maria: [s. n.], 2024, Disponível em: < https://www.equipefieldcrops.com/e-books >, acesso 09/04/2025
Ottoni, M. V. Sistema de classificação dos solos baseado na estrutura do espaço poroso. 2017. Tese de Doutorado.
Tagliapietra et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES, 2 ed., Santa Maria: [s.n.], 2022