O capim-amargoso (Digitaria insularis) é uma das principais e mais preocupantes plantas daninhas que infestam culturas de verão como soja e milho. Dependendo da densidade populacional do capim-amargoso, perdas de produtividade superiores a 21% podem ser observadas em soja, em casos de controle ineficiente dessa planta daninha (Supra Pesquisa).
Além de elevada habilidade competitiva, o capim-amargoso apresenta casos de resistência conhecida a herbicidas, fato que aliado a grande capacidade de rebrote dessa planta daninhas, dificulta ainda mais o controle eficiente em pós emergência do capim-amargoso. A planta é conhecida por formar touceiras e em algumas regiões de cultivo, apresentar resistência ao glifosato.
Característica como essa dificultam o controle do capim amargoso em pós-emergência, tornando necessário integrar medidas de manejo que contribuam para a redução populacional dessa planta daninha. Uma das medidas mais utilizadas, especialmente no manejo outonal, após a colheita da soja, é a aplicação de herbicidas em fase de rebrote do capim-amargoso.
Conforme observado por Peternela et al. (2014), a aplicação de herbicidas pode suprimir por até 21 dias após a aplicação os rebrotes de capim-amargoso. A maior eficiência de controle do capim-amargoso quando realizada a aplicação de herbicidas em rebrote também foi observada por Gaspar et al. (2019), os autores destacam que até os 21 dias após a aplicação, o controle em rebrote é superior ao controle realizado em plantas perenizadas.
Analisando a influência da altura de roçada no controle do capim-amargoso perenizado, Raimond et al. (2019) observaram que a aplicação de clethodim + glyphosate (192 + 1080 g ha-1) imediatamente após a roçada aumenta os níveis de controle final em até 4,8%, e que quanto menor a altura de roçada, maior é o controle de capim-amargoso, quando associada com o controle químico, destacando assim, a importância do manejo da roçada para o controle eficiente do capim-amargoso. Além da roçada, a colheita da cultura possibilita corte e efeito similar nas plantas, permitindo um controle em pós colheita eficiente.
Destacando a importância do manejo da roçada para o controle eficiente do capim-amargoso, Grigolli (2017) apresenta resultados de pesquisa da Fundação MS que demonstram melhor controle do capim-amargoso quando realizada a aplicação dos herbicidas após manejo da roçada das plantas entouceiradas, mais especificamente, no início das brotações. Conforme resultados obtidos, com esse sistema de manejo alguns herbicidas podem apresentar eficiência de controle de até 100% da planta daninha.
Figura 1. Eficiência de controle de capim-amargoso com roçada mecânica aos 28 dias após a aplicação dos tratamentos. Maracaju, MS, 2017.
Avaliando alternativas de manejo do capim-amargoso, Guimarães et al. (2019) observaram maior fitotoxidade causada por herbicidas no capim-amargoso roçado em comparação ao não roçado, corroborando a importância da prática da roçada, como alternativa de manejo para o controle do capim-amargoso, utilizando a aplicação de herbicidas em sucessão.
Contudo, conforme resultados obtidos pelos autores, embora a aplicação dos herbicidas glyphosate, clethodim e haloxifop-p-methyl na rebrota do capim-amargoso, 40 dias após a roçada, tenha proporcionado até 82, 59 e 64% de fitointoxicação, respectivamente, não foi suficiente para promover a morte das plantas, logo, além da prática da roçada e posterior aplicação de herbicidas, o posicionamento de herbicidas é de suma importância para controle eficiente do capim-amargoso.
Tabela 1. Comparações múltiplas entre médias de fitointoxicação de digitaria insularis não roçado e roçado em cinco épocas de avaliação após a aplicação de três herbicidas pós-emergentes.
Com base nos aspectos observados, fica nítida a importância do manejo da roçada, sucedido pela aplicação e herbicidas para o controle de plantas adultas de capim-amargoso, especialmente se tratando de plantas entouceiradas. Além disso, tendo em vista que a plataforma de corte das colhedoras de grãos realiza o corte das plantas daninhas presentes nas áreas de produção de soja no momento da colheita da cultura, essa pode ser uma oportunidade para o manejo e controle do capim-amargoso no rebrote, reduzindo a densidade populacional da planta daninha e propiciando um melhor ambiente de cultivo para a cultura em sucessão.
Veja mais: Estudo aponta o melhor intervalo para a reaplicação de herbicidas no controle de capim-amargoso
Referências:
GASPAR, S. L. L. et al. CONTROLE DO CAPIM AMARGOSOEMDIFERENTES MANEJOS E ASSOCIAÇÕES DE AGROQUÍMICOS. Revista Cultivando o Saber, 2019. Disponível em: < https://cultivandosaber.fag.edu.br/index.php/cultivando/article/view/943/865 >, acesso em: 21/03/2022.
GRIGOLLI, J. F. J. MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2016/2017, 2017. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/269/269/5ae0947f6d6c239c33990fa9c4cbf2b40e9a4fa66a99d_capitulo-04-plantas-daninhas-somente-leitura-.pdf >, acesso em: 21/03/2022.
GUIMARÃES, J. L. J. et al. ALTERNATIVAS DE MANEJO DE CAPIM AMARGOSO. Multi-Science Journal, 2019. Disponível em: < https://periodicos.ifgoiano.edu.br/index.php/multiscience/article/view/925/774 >, acesso em: 21/03/2022.
PETERNELA, A. et al. EFICIÊNCIA DE HERBICIDAS NA SUPRESSÃO DE REBROTE DE TOUCEIRAS DE CAPIM-AMARGOSO. Revista Brasileira de Herbicidas, 2014. Disponível em: < http://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/view/241/pdf_21 >, acesso em: 21/03/2022.
RAIMONDI, R. T. et al. ALTURA DE ROÇADA AFETA O CONTROLE DE CAPIM-AMARGOSO PERENIZADO. Cultura Agronômica, 2019. Disponível em: < https://ojs.unesp.br/index.php/rculturaagronomica/article/view/2446-8355.2019v28n3p254-267 >, acesso em: 21/03/2022.
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