Enquanto algumas plantas daninhas têm suas sementes facilmente dispersas pelo vento, água e outros agentes, a dispersão das sementes de caruru (Amaranthus spp), ocorre principalmente por máquinas e equipamentos agrícolas, com destaque para as colhedoras de grãos. Isso ocorre em função do formato e peso das sementes, que normalmente apresentam forma esférica e coloração preta.
Figura 1. Sementes de Amaranthus hybridus.
Dependendo da espécie de caruru, a produção de sementes por planta pode ultrapassar 250.000, havendo relatos de casos onde a produção sementes por planta ultrapassou 1 milhão se tratando do caruru-gigante (Amaranthus palmeri) (Gazziero & Silva, 2017). Além disso, por apresentar diversos fluxos de emergência ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja, é comum observar plantas remanescentes de caruru no momento da colheita da soja.
Tendo em vista que essas plantas serão colhidas juntamente com a soja, a colhedora torna-se um dos principais veículos de dispersão das sementes de caruru em áreas agrícolas. Logo, medidas necessitam ser adotadas a fim de reduzir a dispersão das sementes de caruru e/ou a entrada da planta daninha outras áreas agrícolas em função da mudando de talhão da colhedora.
Uma das principais estratégias consiste na limpeza da colhedora para transporte e/ou troca de talhão, especialmente quando vinda de áreas infestadas com caruru. Existem diferentes métodos de limpeza, mas os mais comuns a nível de campo consistem no uso de ar comprimido ou soprador, na retirada de materiais secos como folhas, resíduos culturais, sementes e palhada. Após a limpeza externa da colhedora, deve-se realizar a limpeza interna, sendo importante destampar a limpar áreas críticas que possam abrigar sementes, tais como o retorno sem-fim e o retorno de grãos limpos (Roundup ready plus).
Deve-se realizar a limpeza do fluxo de ar da colhedora, fazendo com que a turbina ou ventilador opere na máxima capacidade. Para limpeza do sistema de trilha e componentes internos é aconselhado de se insira materiais secos em ambas as extremidades do cabeçote (sistema de alimentação) para que flua material seco no interior da máquina fazendo a limpeza do sistema de trilha. Para isso pode-se utilizar feno ou palha (Roundup ready plus).
Vale destacar que a limpeza da colhedora não só reduz a disseminação de sementes em áreas agrícolas, como também reduz o risco de incêndios nas colhedoras, que frequentemente são iniciados em pontos de acúmulo de material seco (palhada, resíduos culturais…).
Levando em consideração o elevado potencial de espécies de plantas daninhas como o caruru em produzir sementes, pode-se dizer que a limpeza da colhedora é uma estratégia de manejo, reduzindo a entrada de sementes em áreas de cultivo. Em situações onde as máquinas vindas de áreas infestadas com caruru não são limpas, é comum observar maior concentração dessas plantas daninhas após a emergência nas áreas de entrada das máquinas na lavoura, corroborando a dispersão das sementes pela colhedora.
Confira abaixo as orientações do Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas – HRAC-BR.
Referências:
COMITÊ DE AÇÃO A RESISTÊNCIA AOS HERBICIDAS. LIMPEZA DE COLHEDORA: COMO PROTEGER MINHA LAVOURA DAS PLANTAS DANINHAS RESISTENTES. HRAC-BR. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/ >, acesso em: 08/03/2023.
GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 08/03/2023.
SISTEMA ROUNDUP READY PLUS: SOLUÇÕES DE MANEJO. GUIA PRÁTICO DE LIMPEZA DE COLHEDORA. Disponível em: < http://www.roundupreadyplus.com.br/artigos/manejo/limpeza-de-colheitadeiras/ >, acesso em: 08/03/2023.
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