Considerada uma das principais pragas da soja, o tripes, possui a capacidade de causar perdas de produtividade de até 25% na cultura. As principais espécies de expressão econômica são a espécie Frankliniella occidentalis, a Frankliniella schultzei e a Caliothrips sp. (Zanattan; Nunes; Madaloz, 2023).

A praga apresenta curto ciclo de vida, podendo acometer a soja ainda nos estádios iniciais do desenvolvimento das plantas. Condições de estiagem favorecem o desenvolvimento dos tripes, tornando necessário realizar o controle químico da praga para reduzir as perdas de produtividade.

O curto ciclo de vida é em média de 15 dias, fato que contribui para a elevada proliferação da praga. No caso de F. schultzei, os adultos se reproduzem por partenogênese e cada fêmea coloca em média 75 ovos (Sosa-Gómez et al., 2014).

As folhas atacadas pelos tripes apresentam pontuações prateadas, um sintoma típico da alimentação dessa praga. Além dos danos diretos causados pela raspagem do tecido foliar, os tripes podem provocar prejuízos ainda maiores ao atuarem como vetores de doenças, especialmente do vírus associado à “queima-do-broto”, que pode comprometer seriamente o desenvolvimento da soja e reduzir o potencial produtivo da lavoura  (Sosa-Gómez et al., 2014).

Figura 1. Danos característicos de tripes em soja.

Além dos danos ao dossel da cultura, um estudo conduzido por Neves e colaboradores (2022) demonstrou que os tripes também são capazes de reduzir estruturas fisiológicas da planta importantes para a formação dos grãos, mais especificamente, as flores. Analisando os níveis de dano econômico para tripes em soja, com aplicações de inseticidas por aeronaves e tratores, os autores observaram haver uma relação entre a densidade de tripes e a redução do número de flores de soja. A unidade de amostra utilizada no estudo consistia em uma bandeja de 40x25x3cm, totalizando 0,1 m². As amostragens foram realizadas no dossel da cultura (figura 2).

Figura 2. A) Estádios fenológicos das plantas de soja, (B) amostragem da densidade de tripes usando uma bandeja plástica, (C) avaliação das perdas devido ao abortamento de flores.
Fonte: Neves et al. (2022)

Os resultados obtidos por Neves et al. (2022) demonstram que, para cada 2,44 tripes por amostra, perde-se 1% de flores de soja por abortamento. Os danos observados durante o período reprodutivo da soja indicam que esse é o período fenológico em que os danos realmente ocorrem. Assim, Frankliniella schultzei e Caliothrips phaseoli, mesmo em densidades observadas de até oito indivíduos por amostra, causaram perdas por meio da queda de flores.

Além disso, observou-se que, em plantas atacadas por tripes, os grãos de pólen tendem a se aglutinar, o que também contribui para o aborto floral (Neves et al., 2022). A redução do número de flores impacta diretamente a formação do número de legumes por planta, reduzindo consequentemente a produtividade da cultura.

Figura 3. Regressão linear das perdas de rendimento (%) em função da densidade de tripes em plantas de soja na fase reprodutiva. Cada círculo representa os dados de uma das 80 repetições.
Adaptado: Neves et al. (2022)

Com relação ao nível de dano econômico (NDE) para Frankliniella schultzei e Caliothrips phaseoli, embora esse valor possa variar de acordo com os custos de controle, para as condições do presente estudo, Neves et al. (2022) concluem que, o  NDE para o controle via aplicação trataorizada é de 3,43 tripes por amostra, enquanto que o NDE para o controle via aplicação aérea é de 4,53 tripes por amostra.

De acordo com as recomendações de manejo para a cultura da soja, orienta-se o que o controle químico dos tripes seja realizado quando atingir o nível de infestação de aproximadamente 20 tripes por folíolo.

Confira o trabalho completo de Neves e colaboradores (2022) clicando aqui!


Veja mais: Controle químico de tripes em soja


Referências:

NEVES, D. V. C. et al. ECONOMIC INJURY LEVELS FOR CONTROL DECISION-MAKING OF THRIPS IN SOYBEAN CROPS (Glycine max (L.) Merrill). Research, Society and Development, 2022. Disponível em: < https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/32114 >, acesso em: 23/05/2025.

SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 269, 2014. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/991685/1/Doc269OL.pdf >, acesso em: 23/05/2025.

ZANATTA, F.; NUNES, M.; MADALOZ, J. OCORRENCIA DE TRIPES NAS CULTURAS DE SOJA E MILHO. PIONNER AGRONOMIA, CROP FOCUS, 2023. Disponível em: < https://www.pioneer.com/content/dam/dpagco/pioneer/la/br/pt/files/Crop_focus_ocorrncia_de_tripes_em_soja_e_milho.pdf >, acesso em: 23/05/2025.

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