Estatísticas indicam que, até o ano de 2050, a população mundial poderá atingir cerca de 10 bilhões de pessoas. Para atender à crescente demanda por alimentos, será necessário aumentar a produção agrícola entre 50 e 70%. Nesse cenário, torna-se essencial identificar o potencial de produtividade (PP) das culturas agrícolas, a fim de estimar o quanto é possível intensificar a produção global de alimentos, priorizando o aumento da produtividade (aumento vertical), sem recorrer à expansão de áreas para regiões de maior risco e menor aptidão agrícola (FAO & DWFI, 2015).

Por definição, o PP refere-se à produtividade máxima que uma cultivar pode alcançar em condições ideais, ou seja, sem limitações de água ou nutrientes e livre de estresses bióticos, como doenças, pragas e plantas daninhas. Nessas condições, a taxa de crescimento da planta é determinada principalmente pela radiação solar, temperatura, concentração de CO₂ atmosférico e pelas características genéticas da cultivar (Evans, 1993; Van Ittersum & Rabbinge, 1997).



Já o potencial de produtividade limitado por água (PPA) representa a máxima produção possível considerando a quantidade e distribuição de água disponível, bem como as características do solo, como sua capacidade de armazenamento hídrico (Van Ittersum et al., 2013; FAO & DWFI, 2015) (Figura 1).

Figura 1. Fatores que definem o potencial de produtividade (azul), que limitam a produtividade alcançável (amarelo) e que reduzem a produtividade atual (vermelho) em relação ao nível e situação de produção.
Fonte: Equipe Field Crops

Conhecer o PP e o PPA para as diferentes regiões climáticas e tipos de solo permite um planejamento agrícola mais eficiente. Com essas informações, os produtores podem ajustar seus investimentos para atingir produtividades próximas a 80% do PP (em áreas irrigadas) ou do PPA (em áreas de sequeiro), otimizando o uso de recursos, aumentando a rentabilidade e promovendo a sustentabilidade dos sistemas de produção (Van Ittersum & Rabbinge, 1997).

Figura 2. Relação entre os diferentes níveis de produtividade: potencial (azul), explorável (verde), média (vermelho)
Fonte: Equipe Field Crops

O principal esforço internacional para estimar o potencial de produtividade das culturas agrícolas é o Global Yield Gap Atlas (GYGA) (www.yieldgap.org). Utilizando esse protocolo, foi possível identificar que, entre as safras de 2014/15 a 2016/17, apenas 11% das 200 áreas avaliadas no Desafio de Máxima Produtividade promovido pelo Comitê Estratégico Soja Brasil atingiram produtividades superiores a 80% do PPA (Battisti et al., 2018).



Referências Bibliográficas

BATTISTI, R. et al. Sensitivity and requirement of improvements of four soybean crop simulation models for climate change studies in Southern Brazil. International jornal of biometeorology, v. 62, n. 5 p. 823-832, 2018. Disponível: < https://link.springer.com/article/10.1007/s00484-017-1483-1 >, acesso: 25/05/2025

FAO and DWFI. Yield gap analysis of field crops: Methods and case studies, by Sadras. FAO Water Reports, n 41, Roma – Italia, 2015. Disponível: < https://digitalcommons.unl.edu/wffdocs/87/ >, acesso: 23/05/2025

GLOBAL YIELD GAP ATLAS (GYGA). www.yieldgap.org

VAN ITTERSUM, M. K. et al. Yield gap analysis with local to global relevance—A review. Field Crops Research, v. 143, p. 4 – 17, 2013. Disponível: < https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S037842901200295X >, acesso: 23/05/2025

VAN ITTERSUM, M. K; RABBINGE, R. Concepts in production ecology for analysis and quantification of agricultural input-output combinations. Field Crops Research, v. 52, p. 197 – 208, 1997. Disponível:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378429097000373 >, acesso: 23/03/2025

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