O Rio Grande do sul tem grande importância no cultivo da soja, sendo o terceiro maior produtor do país e que, segundo estimativas da EMATER a área total na safra 2018/2019 é de 5.890.619 hectares. Para essa safra muitos produtores estavam confiantes em relação a produtividade, porém problemas na semeadura prejudicaram o estabelecimento de um bom stand de plantas. Segundo informações da EMATER o problema ocorreu em decorrência de vários fatores, dentre eles podemos citar o baixo vigor das sementes, o alto índice pluviométrico pós semeadura em algumas épocas, o baixo índice pluviométrico no início em outras épocas, além também de contaminações fúngicas em sementes e plântulas.
O vigor da semente está relacionado intimamente com as questões fisiológicas da mesma, a qual permite uma boa germinação e emergência. Os problemas com vigor ocorrem devido a problemas pré e pós colheita, como ataque de pragas e doenças, problemas climáticos, e até o armazenamento inadequado. O baixo vigor é principalmente observável em sementes não certificadas, ou em sementes salvas, as quais são produzidas e armazenadas pelo próprio produtor, o qual nem sempre tem as informações necessárias para a produção de grãos de qualidade. Para garantir um alto vigor de sementes, se faz necessário o uso de sementes certificadas, ou em caso de sementes salvas, realizar em laboratório o teste de vigor para comprovar a qualidade de sua semente.
As grandes quantidades de chuva têm influência direta na germinação, esse alto índice pluviométrico na lavoura causa erosão laminar, cria uma crosta na superfície do solo onde há acúmulo de água, impedindo a emergência, além também de causar podridão da semente e tombamento de plantas (damping off). Em áreas de “barraginhas”, curva de nível, várzeas e cabeceira o encharcamento é ainda maior, devido a suas baixas permeabilidades, assim aumentando os riscos de má germinação. Porém com práticas de manejo adequadas pode-se evitar problemas com excessos de chuvas, entre elas, rotação de culturas e uso de plantas de cobertura, proporcionando um bom aporte de palha, impedindo o encrostamento e erosão.
Devido a uma ampla janela de semeadura para a soja no estado, a implantação da cultura está suscetível a várias adversidades climáticas, como períodos de veranicos, que deixam o solo seco, com uma baixa umidade que impede a germinação. Para diminuir esse problema ressaltamos de novo o uso de práticas conservacionistas, as quais garantem uma melhor qualidade estrutural do solo.
A temperatura adequada para a germinação da soja é entre 20 e 30ºC, sendo que temperaturas abaixo de 18ºC reduzem a velocidade de emergência e germinação. Nos meses de outubro e novembro o estado registrou baixas temperaturas, sendo essas, condições inadequadas para a emergência de plântulas e estabelecimento da cultura, a qual juntamente com excesso de umidade facilita o ataque de fungos causadores de tombamento de plantas (damping off). Em solos compactados esses riscos são ainda maiores, devido sua baixa permeabilidade, a qual a drenagem é muito lenta pela redução da macroporosidade. Produtores que manejam suas lavouras no cedo, com o objetivo de obter duas safras de verão aumentam ainda mais os ricos por contaminações fúngicas.
Sendo assim, se faz necessário o monitoramento e um melhor planejamento da semeadura, já que é possível planejar épocas mais adequadas para sua implantação, levando sempre em consideração o zoneamento agrícola da cultura (Link de acesso ao zoneamento agrícola da soja nas referências). Para aumentar a taxa de infiltração de água no solo muitos produtores vêm usando a escarificação, ela aumenta a macroporosidade e dá uma resposta mais rápida em relação a outras ferramentas descompactadoras. A rotação de culturas também é muita utilizada, o uso de culturas ou mix de culturas com plantas com raízes agressivas e/ou pivotantes e com biomassa são ótimas alternativas. Elas descompactam as camadas mais superficiais solo e a alta biomassa deixa grande quantidade de material orgânico no solo, aumentando a sua capacidade de isolamento térmico, evitando que o solo chegue a temperaturas baixas e grandes variações de temperatura.
Não é nada fácil atingir altas produtividades na cultura da soja, porém com o uso de boas práticas de manejo, monitoramento, planejamento, e execução, se reduz grande parte dos riscos da lavoura. Práticas simples como rotação de culturas, momento adequado de semeadura e uso de sementes de qualidade, aumentam as chances de obter essas altas produtividades.
Autores: Luís Felipe Rossetto Gerlach e Marcos André Bonini Pires, acadêmicos do curso de Agronomia, UFSM-FW. Integrantes do Grupo Pet Ciências Agrárias.
REFERÊNCIAS:
EMATER. Informativo conjuntural. Disponível em: http://www.emater.tche.br/site/info agro/informativo_conjuntural.php#.XHVZzYhKhPY, acessado em: 19 de Fevereiro de 2019
EMATER. Acompanhamento de safras. Disponível em: http://www.emater.tche.br/site/infoagro/acompanhamento_safra.php#.XHVZ0IhKY, acessado em: 19 de Fevereiro de 2019
ZONEAMENTO AGRÍCOLA DA SOJA: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/riscos-seguro/risco-agropecuario/portarias/safra-vigente/rio-grande-do-sul